Julia Lyandrush tem 12 anos e nasceu em Kazan, na Rússia. Ela nunca esteve no Brasil, não tem parentes brasileiros e não fala português - só escreve em outras línguas porque hoje existe o Google tradutor. Mas as redes sociais e a internet fizeram da jovem estudante uma torcedora fanática do Palmeiras.
Os 12.499 quilômetros de distância que separam São Paulo da sua cidade natal não impedem a garota de acompanhar o dia a dia do clube e os principais jogos do time de Abel Ferreira. Claro, o fuso horário de seis horas entre os países e a vida de estudante dificultam um pouco as coisas. Mas suas postagens nas redes mostram que isso é só um detalhe.
De tanto marcar o Palmeiras nas redes, torcedores brasileiros passaram a seguir Julia no Instagram. "É incrível que me descobriram. Nunca fui ao Brasil, mas sonho um dia estar aí", contou ao Estadão.
A paixão pelo futebol veio por influência do irmão, Albert, de 17 anos, que é torcedor da Juventus, da Itália, e do Besiktas, da Turquia. Por um bom tempo ela apenas assistia aos jogos com o irmão mais velho, mas sem torcer por uma equipe. Gostava da festa esportiva.
Até que, no Instagram, ela conheceu uma amiga americana chamada Drew Anderson, de 10 anos. A garota, de Ocean Springs, também não fala português, mas se tornou palmeirense fanática graças ao pai. Em uma das viagens ao Brasil a trabalho, ele ganhou de um amigo a camisa do Palmeiras. Drew, que joga futebol, passou a usar o presente e postar nas redes sociais.
Julia viu a camisa e se encantou, achou as cores parecidas com a do seu time de hóquei, o Salavat Yulaev Ufa. "Eu sempre gostei da cor verde. Essa é a primeira razão. Também gostei do símbolo, muito estiloso. Pesquisei a história do clube, muito rica. O Palmeiras é o time brasileiro com mais conquistas", destacou a torcedora russa.
Nos posts, ela costuma destacar o Allianz Parque, "um belíssimo estádio", como costuma escrever. Também troca mensagens com torcedores brasileiros. "Eles são muito legais. Tenho de agradecer ao Instagram por ter tido a oportunidade de conhecer a família do Verdão."
Como é uma paixão recente essa pelo Palmeiras, ela ainda busca uma maneira para conseguir assistir aos jogos, porque na Rússia nenhuma emissora transmite as competições brasileiras. "Raramente mostram algo da Copa Libertadores. Quando consigo assistir é pelo Facebook ou Instagram."
Outro problema é a diferença de seis horas entre as cidades. Nos jogos de meio de semana, que costumam acontecer às 21h30 de Brasília, em Kazan são 3h30 da manhã. "Aí não tem como ver, porque tenho escola no dia seguinte."
No início, os pais ficaram chocados ao ver a filha se tornar torcedora fanática por um time de futebol que eles nem conheciam. Julia passou a postar com frequência vídeos e fotos com a camisa do Palmeiras e também fazendo embaixadinha. Já são mais de três mil seguidores em sua página que é gerenciada pelo irmão.
Os pais também não entenderam muito bem o motivo de a filha ter escolhido um time do Brasil e não uma equipe russa ou mesmo da Europa. Mas apoiaram e ajudaram a menina a comprar pela internet as camisas do seu Palmeiras. Julia ainda não tem previsão de quando virá ao Brasil. Nem sabe se virá um dia. Mas ela já tem seus jogadores favoritos para pedir autógrafo. "Provavelmente do Rony e do Weverton."
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