Inquestionável dizer que Lionel Messi não é apenas o grande nome da Argentina nesta Copa do Mundo, mas também de todo o torneio, e favorito a ganhar o troféu Bola de Ouro no domingo, data da grande final. Por outro lado, parte deste sucesso da seleção argentina tem a ver com alguns nomes, casos de Enzo Fernández, de 21 anos, do Benfica, de Portugal, e o atacante Julian Álvarez, de 22, que também transferiu-se há pouco tempo para o Manchester City, da Inglaterra.
Em comum, ele foram revelados nas divisões de base do River Plate, da Argentina, no período em que Gustavo Grossi, atual diretor desportivo das categorias de base do Internacional, estava na mesma função do clube argentino.
Grossi esteve no River Plate entre 2015 e 2020 com cartão branca para reformular o trabalho de formação. Tamanho destaque o faz despertar o interesse de diversas agremiações brasileiras, mas foi o Internacional que conseguiu contratá-lo em março de 2021.
“Até pouco tempo atrás eles ainda estavam no futebol argentino e isso deve ser enaltecido pela Argentina. Hoje vemos jovens saindo cada vez mais cedo. O principal significado disso é que o River está na primeira prateleira do futebol mundial por tudo aquilo que oferece”, afirmou Grossi.
Uma das teorias defendidas por Grossi é que um projeto de tamanho sucesso precisa ter começo, meio e fim, e para isso, necessita de tempo. É isso que ele defende no Internacional, clube que ele está há um ano e nove meses.
Quando ele chegou a Porto Alegre, defendeu paciência e cautela em relação a base. O primeiro e principal projeto tinha a ver com a estruturação dos sistemas de captação do clube. No cronograma, o planejamento deveria ser 100% implementado em três anos, para ser equilibrado tanto na parte administrativa quanto no campo. A previsão era de seis anos para transformar o Inter em uma referência no futebol brasileiro.
“O projeto do River levou pouco mais de oito anos para ser construído, e os frutos estão sendo colhidos. No Internacional estamos falando de um longo processo de construção, e isso leva um tempo maior. Para vingar, estamos criando base e legado”, afirmou.
Engana-se quem pensa, porém, que do atual elenco da Argentina, apenas Enzo Fernández e Julian Álvarez vieram da base do River Plate. Outros cinco nomes estão presentes no plantel da seleção, casos dos laterais Montiel e Molina, do zagueiro Pezzella e dos volantes Guido Rodríguez e Palacios. “Não tenho dúvida que foi o melhor período da história do River para o projeto voltado aos jovens”, disse Grossi.
Um dos conceitos trazidos por ele do River para o Internacional é o modelo de recrutamento de atletas envolvendo jovens a partir dos 13 anos, de periferias e seleções pelos bairros de Porto Alegre - algo que ele fazia em Buenos Aires.
O diretor do time gaúcho também fez questão de elogiar o trabalho do técnico Marcello Gallardo, com que esteve durante todo o período na Argentina. “Dentro de tudo o que vi, ele é o melhor treinador profissional do mundo para formar jogadores. Todos os jogadores evoluem com ele, e não digo apenas dos jovens. Tem um talento incrível na arte de fazer a transição do juvenil para o profissional.”
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