PUBLICIDADE

Seleção vai jogar em estádio de R$ 4,9 bilhões e com ‘gramado removível’

Santiago Bernabéu tem obras há quase cinco anos para transformação em arena multiuso, com shows e eventos de outros esportes, como da NFL

PUBLICIDADE

Foto do author Leonardo Catto
Atualização:

Apesar de duas grandes seleções em campo, o amistoso entre Brasil e Espanha, na terça-feira, dia 26, conta com uma atração a mais: o Estádio Santiago Bernabéu. A casa do Real Madrid passa por cinco anos de reformas para tornar-se um dos mais modernos estádios do mundo. A inovação soma-se à história de 76 anos do local, que já sediou finais de Copa do Mundo, Champions League e até Copa Libertadores da América.

PUBLICIDADE

A sétima remodelação do estádio foi lançada pelo Real Madrid ainda em 2017. Dois anos depois, começaram as obras. Inicialmente, o plano era que o clube mantivesse os jogos no local. Entretanto, após o primeiro ano de serviços, a pandemia de covid-19 paralisou o futebol. As obras continuaram, mas em ritmo menor. Quando os jogos voltaram, a equipe utilizou o Estádio Alfredo Di Stéfano, no CT do Real Madrid.

O retorno ao Bernabéu foi em agosto de 2021, mas todas as reformas acabam oficialmente apenas em junho deste ano. O orçamento inicial foi previsto em 575 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões). Entretanto, o custo já passou de 900 milhões de euros (R$ 4,9 bilhões). Os valores são financiados em 30 anos e começaram a ser pagos no ano passado. A entrega era prevista para 2022, quando o estádio completou 75 anos, mas as obras atrasaram. Além dos serviços reduzidos na pandemia, a Guerra da Ucrânia causou falta de materiais e problemas inflacionários, o que afetou o prazo de entrega.

Os principais pontos desta remodelação envolvem aumento da capacidade, mudança no gramado e instalação de um teto retrátil. A ideia é transformar o Santiago Bernabéu em uma arena multiuso que promove eventos de outros esportes, como futebol americano, vôlei e tênis, além de shows. A NFL, liga de futebol americano dos Estados Unidos, já anunciou uma partida da temporada regular no estádio madrilenho, assim como vai ocorrer na Neo Química Arena, do Corinthians.

A nova capacidade é de 84.744 torcedores, graças à expansão do setor leste e assentos adicionais nos camarotes e para a organizada Grada Fans. Antes. O limite até então era de 80 mil pessoas. A principal inovação é o gramado dividido em seis placas, de um gol até o outro. Elas têm base a 35 metros de profundidade e podem ser rebaixadas e alavancadas por meio de guindastes. O “gramado retrátil” possibilita a realização de shows sem prejuízo para o campo. Somente esta instalação custou 225 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão). O terreno vazio deixado pela grama poderá dar lugar a quaisquer outros tipos de solos, como os pisos de madeira e até mesmo materiais mais simples para aguentar multidões.

O presidente da Recoma, Sergio Schildt, define como positivo o esforço do Real Madrid para a qualidade do gramado, mas lamenta ser uma ideia distante para o futebol brasileiro. “É muito positivo ver esse tipo de tecnologia, pois o gramado é o grande palco do jogo. A qualidade com preservação, tratamento, adubação, fotossíntese e temperatura controlada deixa a grama em condições ideais para as partidas, dando a importância que ela realmente merece. E, infelizmente, este tipo de reforma está muito além do que conseguimos alcançar no mercado brasileiro. São realmente investimentos para quem tem uma grande capacidade de financiar o esporte”, afirma o representante da empresa especializada em infraestrutura esportiva.

Ainda que o Brasil não tenha uma estrutura semelhante, a tendência é que estádios “móveis” aumentem globalmente. “A infraestrutura temporária em grandes eventos é a grande tendência deste século, por ser extremamente sustentável, com a reutilização de praticamente todo material, redução de custo na construção e, principalmente, na manutenção após a realização do evento”, explica Tatiana Fasolari, vice-presidente da Fast Engenharia.

Publicidade

Bernabéu sediou finais dos principais torneios do mundo

A construção do então chamado Nueo Chamartín começou em outubro de 1944, durante a gestão do presidente Santiago Bernabéu, nome homenageado pelo estádio a partir de 1955. Um ano antes de ser rebatizado, o estádio teve a primeira reforma, com ampliação de público para 125 mil pessoas. Torcedores do Real Madrid quase lotaram a nova capacidade na temporada 1956/57, quando o local sediou a final da Champions League (na época chamada de Taça dos Clubes Campeões Europeus). O resultado foi 2 a 0 contra a Fiorentina e o segundo título da competição para a equipe de Di Stéfano. Ao longo de sua história, o Bernabéu recebeu quatro finais da Liga dos Campeões e decisões de Copa do Mundo, do Europeu de 1964 e da Copa Libertadores de 2018.

Em 1982, a capacidade do estádio foi reduzida para 91 mil. O Santiago Bernabéu foi o principal palco da Copa daquele ano e sediou a final do torneio, com a vitória de Paolo Rossi por 3 a 1 contra a Alemanha. Nos anos 1990, a lotação foi novamente aumentada, para 106 mil, desta vez, mas teve nova redução, para 74 mil, por exigências de segurança da Fifa.

A Libertadores de 2018 foi a última realizada com final em dois jogos. Na ida, Boca Juniors e River Plate empataram por 2 a 2, na Bombonera. A volta seria no Monumental de Nuñez, mas um ataque ao ônibus da equipe xeneize fez a Conmebol transferir o jogo para Madri, no Santiago Bernabéu. O River venceu por 3 a 1 e conquistou seu quarto título da competição.

Brasil e Espanha entram em campo em jogo amistoso nesta terça-feira, dia 26, às 17h30 (horário de Brasília). As federações dos dois países esperam usar a partida como um símbolo da luta antirracista, protagonizada por Vinicius Júnior, jogador da seleção brasileira e do Real Madrid. O jogo também marca a primeira vez que Endrick, do Palmeiras, jogará no estádio do clube para o qual vai em junho deste ano.