Palmeiras e Santos decidem neste domingo quem vai erguer a taça do Paulistão e ensaiam reacender a rivalidade de quase uma década. Em 2015, principalmente, os rivais paulistas foram protagonistas de clássicos quentes, com provocações e uma vitória para cada lado. A bola rola às 18h no Allianz Parque. Na Vila Belmiro, a equipe alvinegra venceu por 1 a 0. Por isso, joga pelo empate.
Entre 2015 e 2017, todo clássico entre Palmeiras e Santos era acirrado e envolvia provocações, desentendimentos e confusões. Naquele período, foram dois títulos para cada lado. O time alvinegro ganhou o Paulistão em 2015 e 2016 e a equipe alviverde conquistou a Copa do Brasil de 2015 e o Brasileirão de 2016.
Hoje aposentados, Fernando Prass e Ricardo Oliveira foram os dois personagens centrais daqueles clássicos. Era comum os dois ex-jogadores, protagonistas em campo e nas confusões, se estranharem.
“Como o D’Alessandro, o Fred, o Felipe Melo, o Ricardo Oliveira gostava de apitar o jogo. Ele tentava se impor muito perante a arbitragem e perante o time adversário também”, relembra o ex-goleiro, hoje comentarista dos canais ESPN, em entrevista ao Estadão. “Eu, como um dos mais experientes, tinha que ser o contraponto dele. Não podia deixar com que ‘dominasse’ o ambiente do jogo”.
Prass foi decisivo para um dos títulos mais comemorados pelos palmeirenses nos últimos anos: a Copa do Brasil de 2015, a primeira taça que o Palmeiras conquistou desde que o clube passou pelo processo de reestruturação fundamental para se tornar um dos times mais vitoriosos da atualidade.
A decisão da Copa do Brasil de nove anos atrás é lembrada até hoje pelas máscaras que os jogadores do Palmeiras usaram para ironizar Ricardo Oliveira, que havia se acostumado a comemorar seus gols com uma careta. Popularizadas entre os santistas, a expressão facial foi usada também quando ele marcou contra Corinthians e São Paulo.
“As provocações fazem parte do futebol. Eu virei o alvo daquela final, era o cara mais temido e isso me motivava. Futebol precisa disso”, afirma o ex-atacante, aposentado do futebol desde o ano passado.
Foi do ex-jogador, em 2017, o gol da única vitória do Santos sobre o Palmeiras no Allianz Parque até hoje. Ricardo Oliveira marcou na decisão do Paulistão de 2015 e foi importante na semifinal do mesmo torneio em 2016, com vitórias sobre rival alviverde nos pênaltis nas duas ocasiões.
“Eu gostava demais de jogar contra o Palmeiras. Era um jogo muito diferente e o torcedor santista já esperava meu gol, então era sempre uma motivação a mais”, diz o ex-atacante, hoje com 44 anos.
Segundo Prass e Ricardo Oliveira, “tudo ficou no campo”. Depois da sequência de clássicos quentes, eles se reencontraram em jogo do Brasileirão de 2020. O ex-goleiro defendia o Ceará e o ex-atacante, o Coritiba. “O que aconteceu antes ficou dentro de campo. São armas e estratégias que a gente usa porque o futebol vai muito além das quatro linhas”, justifica Prass.
Em reconstrução, Santos desafia o Palmeiras, que vive período de glórias
No período de 2017 até 2020, a rivalidade deu uma esfriada. Até que chegou ao seu ápice em janeiro de 2021, quando as equipes se enfrentaram na final da Libertadores. O Palmeiras venceu aquele jogo com gol do contestado atacante Breno Lopes nos acréscimos e ergueu o troféu.
Foi a primeira taça da galeria de Abel Ferreira, que depois daquela conquista, comemorou mais oito títulos. Se levantar seu décimo troféu pelo Palmeiras, o português vai se igualar a Oswaldo Brandão como o técnico mais vitorioso da história do clube.
Já o Santos, em processo de reestruturação financeira e esportiva, pode ganhar seu primeiro título em oito anos. Nem o mais otimista torcedor do Santos imaginaria que o time, em frangalhos depois de cair para a Série B no fim do ano passado, chegaria à final do Estadual.
A diretoria apostou em atletas experientes, como Gil e Giuliano, manteve figuras importantes do elenco com um salário menor, caso do goleiro João Paulo, e chamou Fábio Carille, o grande responsável por transformar o Santos em um time competitivo.
Hoje, é consenso que o Palmeiras é um time superior, mas se vai ser campeão é outra questão. O Santos não é pior que o Palmeiras só pela desvantagem técnica”, opina Fernando Prass.
O Santos está mais perto do título porque ganhou o duelo de ida, na Vila Belmiro, por 1 a 0. O triunfo em casa lhe dá o direito de jogar pelo empate no Allianz Parque, palco da decisão porque o Palmeiras fez a melhor campanha do Paulistão.
Para ser campeão no domingo, o time de Abel Ferreira precisa ganhar por ao menos dois gols de diferença. Se o fizer, vai levantar a taça do Estadual pela terceira vez seguida, feito que não acontece desde 1934. Caso vença por um, o título será definido nos pênaltis.
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