Santos faz de tudo para se livrar de Cueva, mas não está nada fácil

Desde a Copa América, quando foi vice-campeão, ele jogou apenas uma vez, no segundo tempo da partida contra o Flamengo

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Quando o Santos anunciou a contratação do meia peruano Christian Cueva, em fevereiro, não faltaram narizes torcidos entre os alvinegros. Motivo: em sua passagem pelo São Paulo, entre 2016 e 2018, o jogador mostrou na mesma proporção intimidade com a bola e falta de apreço à disciplina. Oito meses depois, as previsões mais pessimistas se concretizaram e a diretoria santista deseja ardentemente se livrar do meia. Mas não está nada fácil.

Há uma semana, Cueva meteu-se em sua mais recente encrenca: em uma casa noturna de Santos, o peruano bateu boca com um torcedor e só não houve agressão física porque o meia foi contido. Alguém que estava por perto filmou a confusão e, como é comum nos dias de hoje, as imagens espalharam-se rapidamente pelas redes sociais.

Christian Cueva, do Santos Foto: Ivan Storti/ Santos FC

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Quando percebeu que era impossível ignorar o incidente, o Santos decidiu suspender o meia por dois dias, período que antecedeu sua apresentação à seleção do Peru, que vai disputar dois jogos contra o Uruguai, nos dias 10 e 14. Esses amistosos caíram do céu para a diretoria santista, que ganhou tempo para decidir o que fazer. Oficialmente, o caso está nas mãos do departamento jurídico.

"Já falei de direitos e deveres. Não se pode analisar as coisas de maneira isolada. É preciso ter cuidado. Ele vai estar na seleção peruana e vamos definir as coisas com o departamento jurídico nesse período. Temos de ter muito cuidado porque o jogador é um patrimônio do clube", disse o superintendente de futebol Paulo Autuori.

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O Estado procurou o departamento jurídico do Santos para saber qual será a atitude tomada pelo clube no "caso Cueva", mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.

Enquanto isso, em Lima, Cueva alegou que estava na casa noturna para jantar com um amigo e que apenas se defendeu de um torcedor que, segundo ele, tentou agredi-lo com uma garrafa. Ainda assim, o meia se disse arrependido por ter se metido em mais esse problema.

"Eu me equivoquei de maneira infantil, porque maldade não há. Mas fui infantil", disse o jogador ao canal de tevê Movistar, de seu país. "E sou pai, tenho idade, tenho de ter melhores decisões. É a primeira vez que isso ocorre no Santos. Sinto que algo negativo sempre acontece."

OBSTÁCULO RUSSO

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Para o Santos, por estranho que pareça, o episódio da casa noturna foi uma boa notícia. Isso porque Cueva é um problema para o clube desde muito antes do incidente. Contratado para ser a grande força criativa do time dirigido por Jorge Sampaoli, ele nunca rendeu bem e perdeu a confiança do técnico argentino. Desde a Copa América, da qual foi vice-campeão, jogou apenas uma vez, no segundo tempo da partida contra o Flamengo. No total, foram só16 partidas pelo Peixe, sem nenhum gol ou assistência.

A missão dos advogados do Santos agora é encontrar uma brecha no contrato de Cueva que permita o rompimento do vínculo por indisciplina. Há no documento cláusulas que preveem punições por mau comportamento fora do campo, mas a diretoria alvinegra enfrenta um grande obstáculo chamado Krasnodar.

Oficialmente, Cueva está emprestado pelo clube da Rússia, mas o Santos assumiu o compromisso de comprar seus direitos econômicos no começo do ano que vem por cerca de R$ 26 milhões. E agora tenta se ver livre dessa obrigação. Segundo o presidente José Carlos Peres, dois clubes (um do México e um da Arábia Saudita) interessaram-se recentemente pelo meia e o Peixe tentou simplesmente transferir o acordo com o Krasnodar para uma dessas agremiações, mas os russos disseram não.

Em má situação financeira, o Santos está desesperado para evitar o pagamento dos tais R$ 26 milhões. O clube tem até o dia 15, quando Cueva estará de volta, para encontrar uma solução, mas é difícil que apareça uma fórmula mágica que faça os alvinegros escaparem do prejuízo causado por uma contratação que claramente não deu certo. Quanto ao peruano, é pouco provável que ele volte a ser notícia pelo que faz dentro dos gramados, ao menos enquanto ainda estiver na Vila Belmiro.

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