São Paulo 2025: clube mira recuperação do protagonismo continental em ano de ‘torneira fechada’

Limpa no elenco já é reflexo de corte de gastos para atingir superávit, projetado em R$ 45 milhões e necessário para o fundo que planeja reestruturar dívida são-paulina

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

Foto do author Leonardo Catto

O São Paulo terá um 2025 de austeridade. Enquanto os valores do futebol brasileiro vivem uma inflação, o clube lida com um teto de despesas, uma das exigências do Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) que amortiza sua dívida financeira. No futebol, contudo, o time tem a chance de voltar a ser protagonista no cenário internacional, com a disputa da Libertadores.

PUBLICIDADE

O problema de um 2024 de resultados esportivos abaixo do esperado é que a temporada não pode apenas ser deixada no passado. O time, que vinha do título inédito da Copa do Brasil, gastou mais R$ 120 milhões em contratações. Foram os gastos, aos moldes de gestões passadas, que elevaram a dívida do São Paulo.

O débito de cerca de R$ 900 milhões é recorde na história do clube. Do total, R$ 666,7 milhões são devidos a bancos e instituições financeiras. É sobre esses 33% que o FIDC irá agir, captando o que for preciso para quitar parte da quantia, e cobrando do São Paulo com juros menores. Em contrapartida, o clube precisa cumprir metas financeiras, como o superávit em 2025.

Presidente Julio Casares terá de administrar contas, enquanto Lucas Moura será referência em campo. Foto: Rubens Chiri/São Paulo

Estabeleceu-se, então, um teto para salários, direitos de imagem, encargos e novas contratações: R$ 350 milhões ou metade da receita bruta de 2024 – o que for menor.

Publicidade

No orçamento aprovado pelo Conselho Deliberativo, o São Paulo projeta um superávit de quase R$ 45 milhões, com receitas de R$ 859,9 milhões e despesas em R$ 815,1 milhões. A votação teve 42 manifestações contrárias (19,91% do total). Essa parcela de conselheiros não vê como viável as medidas previstas pela atual direção para o superávit.

Cerca de 20% da receita do novo orçamento depende de venda de jogadores, além de novos empréstimos ou antecipação de recebíveis do fundo. Isso tudo, com custos financeiros semelhantes aos anos anteriores. A gestão de Julio Casares, junto da maioria dos conselheiros, crê ser possível atender a projeção.

Limpa no elenco já é realidade, mas renovações estão à vista

Uma ideia já posta em prática é a redução de R$ 1,5 milhão na folha salarial mensal, visando uma economia de R$ 20 milhões no ano. Assim, saíram do clube: Rafinha, Nikão, Welington, Jamal Lewis, Raí Ramos, Matheus Belém, Caio Mateus, Galoppo e Wellington Rato.

Esse último foi para o Vitória por R$ 5 milhões. Os possíveis negócios de Rodrigo Nestor e Michel Araújo, com o Bahia, também são vistos como chance de lucro. O camisa 11 seria emprestado por R$ 9,4 milhões e poderia ter a compra definitiva por mais R$ 30 milhões. Já a saída do uruguaio representaria R$ 2,5 milhões, além de o clube baiano assumir a dívida do São Paulo com o atleta.

Publicidade

Rafinha não teve seu contrato renovado e integra lista de saídas do São Paulo para este ano. Foto: Rubens Chiri/São Paulo

Orejuela e Jhegson Méndez também devem deixar o MorumBis. Até o momento, a limpa já garante a redução necessária na folha.

Entretanto, há uma lista de atletas com contrato por acabar em dezembro. Assim, o São Paulo terá de trabalhar em renovações com valorização salarial. O goleiro Rafael, o lateral-direito Igor Vinicius e o zagueiro Alan Franco são exemplos de atletas que poderiam assinar um pré-contrato no meio do ano e sair de graça para outra equipe.

Parceira banca Oscar, e Zubeldía terá trabalho ‘desde o início’ dentro de campo

Há, porém, boas notícias. O anúncio de Oscar eleva a qualidade da equipe. O jogador, que estava há sete anos no futebol chinês, chega com parte dos salários bancados pela Superbet, patrocinadora máster do clube, desonerando a folha.

Ele se junta a uma base já estruturada por Luis Zubeldía em 2024 e deve ser, junto de Lucas Moura, a principal referência técnica do time. A renovação de Luiz Gustavo e o retorno em alta de Alisson, ainda no final da última temporada, também qualificam o meio de campo são-paulino.

Publicidade

Oscar é o grande reforço do São Paulo para 2025. Foto: Rubens Chiri/São Paulo

O principal trunfo, porém, está na casamata. Diferente de 2024, quando sofreu com a saída de Dorival Júnior para a seleção brasileira e a frustração com Thiago Carpini, o São Paulo já conta com Zubeldía desde o princípio.

O argentino começa a trabalhar no próximo dia 8, quando a delegação viaja para os Estados Unidos, onde comanda o time em amistosos pela FC Series. Parte do grupo já retorna antes e começa a atuar no Paulistão, na segunda rodada, contra o Botafogo-SP, dia 20.

Esse será o começo de um São Paulo que tem tudo para ser melhor que o de 2024. Mas que precisa fechar a torneira de gastos e administrar as contas sem deixar que dívidas e possíveis ruídos dos bastidores afetem o campo.