O dono do Morumbi é o São Paulo e isso ninguém contesta. Com as arquibancadas lotadas (recorde de público na temporada) e em ótima fase sob o comando de Dorival Júnior, o time tricolor recebeu o Santos neste domingo pela 15ª rodada do Brasileirão e, superior do início ao fim, despachou o rival praiano por 4 a 1. Foi a 5ª vitória seguida nos últimos seis compromissos, somando todas as competições que disputa.
Com o resultado, o São Paulo chega aos 25 pontos e ocupa, provisoriamente, a 4ª colocação da tabela. O Santos, que voltou a vencer após 12 tropeços seguidos, agora estaciona na parte de baixo com 16 pontos na 14ª posição, apenas cinco acima do Z-4.
Um Morumbi lotado ditou o clima com que os dois times foram a campo. O São Paulo, com a presença massiva de sua torcida, acelerou o ritmo no começo, muito em razão também da boa fase que o time vive sob o comando de Dorival Júnior. Mas, logo se conteve. Já o Santos, sem Paulo Turra, expulso contra o Goiás, ficou bem mais acuado e sem organização. O auxiliar Felipe Endres foi quem esteve no banco de reservas.
Cauteloso e oportunista, o São Paulo cuidou da posse de bola, sem afobação e com passes curtos, chegando pouco a pouco mais perto do gol de João Paulo. Característica que Dorival Júnior, ovacionado antes da partida, trouxe ao Morumbi: um time que é paciente e que sabe quando atacar os rivais mais fracos. Reflexo disto, os números foram prova de que a equipe foi verdadeiramente dona do jogo. Em determinado momento na primeira etapa, o time tricolor chegou a trocar 109 passes contra apenas 22 dos rivais santistas.
O São Paulo demorou a inflamar, mas foi premiado pela insistência e paciência. Aos 19, Calleri tentou driblar Joaquim dentro da área e foi derrubado pelo defensor santista. O próprio camisa 9 bateu e converteu. Foi seu primeiro gol após seis jogos. A última vez que tinha marcado foi no dia 8 de junho, contra o Tolima, pela Copa Sul-Americana. Na comemoração, homenageou Nathan, jogador do São Paulo que perdeu a mãe durante a semana.
A temperatura esquentou e um princípio de confusão se formou após roubada de bola de Rafinha, que acabou caído no chão. Na tentativa de reaver a posse, Mendoza foi efusivo demais e acabou punido pelo juiz Braulio da Silva Machado com um cartão amarelo.
Como não poderia deixar de ser diferente, o São Paulo ficou ainda mais à vontade depois de abrir o placar. Aos 26, Michel Araújo quase protagonizou uma verdadeira pintura. O meia-atacante uruguaio viu João Paulo adiantado e, do meio de campo, tentou o arremate. A bola viajou e, muito perto de encobrir o goleiro do Santos, bateu no travessão e foi para a linha de fundo.
O Santos seguiu refém no Morumbi. Sandry tomou amarelo após entrada forte em Alisson, reflexo da falta de organização dos visitantes, que não conseguiram criar chances. Goleiro tricolor, Rafael só trabalhou com as mãos, de fato, aos 39 minutos, quando Mendoza bateu da ponta da área, obrigando o arqueiro a espalmar para fora.
E foi aos 45 que, mais uma vez Calleri, agora de cabeça, colocou 2 a 0 no placar após cruzamento de Alisson. O VAR conferiu o lance milimétrico e validou a vantagem. Este foi o 5º jogo seguido que o Santos tomou gol de bola aérea. O árbitro deu seis minutos de acréscimos, mas apitou o fim após um lance envolvendo choque de cabeça entre Arboleda e Joaquim.
Na volta dos vestiários, o roteiro seguiu o mesmo. Por mais que Felipe Endres tenha promovido Camacho no lugar de Sandry, visando uma melhor troca de passe do Santos, foi o São Paulo quem continuou criando oportunidades e arremates, com Luciano e Alisson. A equipe visitante tentou criar mais e pressionar a saída de bola, mas foi o São Paulo quem mais ficou perto de marcar.
Aos 25, Dorival Júnior promoveu três mudanças no São Paulo visto que a história do jogo praticamente permaneceu a mesma. Tirou Alisson, Calleri e Welington para as entradas de Rodrigo Nestor, David e Caio Paulista, respectivamente, visando manter o domínio do duelo. Camacho teve de deixar a partida de maca após colisão com Luciano. O camisa 10 tricolor também foi substituído e teve seu nome gritado pelos torcedores nas arquibancadas.
O domínio do São Paulo foi tanto que saiu jogador, entrou jogador, a história permaneceu a mesma. Após boa troca de passes entre Nestor e Juan, o camisa 11 achou David na pequena área e o atacante só precisou empurrar a bola para dentro aos 33 minutos. Em seguida, Erison ainda carimbou a trave santista. Pedido pela torcida, Alexandre Pato entrou em campo em meio à festa no Morumbi, que até gritos de ‘olé’ projetou nos minutos finais.
Para completar a festa, faltava Pato deixar o dele. O atacante começou a jogada que culminou em seu primeiro gol em sua 3ª passagem pelo São Paulo. O camisa 12 tabelou com David e, na diagonal, bateu cruzado e liquidou a história no Morumbi. Marcos Leonardo até fez de pênalti para o Santos, mas a vitória são-paulina já estava sacramentada.
HISTÓRICO
Com seus dois gols sobre o Santos neste domingo, Calleri chegou ao posto de segundo maior artilheiro estrangeiro da história do São Paulo. Passando Sastre, o atacante argentino soma 57 bolas no fundo das redes adversárias. Na temporada, são 9 gols em 29 jogos. No Brasileirão, são 6 gols em 12 jogos, além de duas assistências.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 4x1 SANTOS
SÃO PAULO - Rafael; Rafinha, Arboleda, Diego Costa e Wellington (Caio Paulista); Méndez, Michel Araújo e Alisson (Rodrigo Nestor); Luciano (Erison), Juan (Alexandre Pato) e Calleri (David). Técnico: Dorival Júnior.
SANTOS - João Paulo; João Lucas, Joaquim, Messias (Vinícius Balieiro) e Dodô; Sandry (Camacho)(Kevyson), Dodi e Lucas Lima (Deivid Washington); Lucas Braga (Weslley Patati), Marcos Leonardo e Mendoza. Técnico: Felipe Endres.
GOLS - Calleri, aos 21 e 45 minutos do primeiro tempo, David aos 33 e Alexandre Pato aos 42, Marcos Leonardo aos 48 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS - Messias, Mendoza, Sandry, Alisson, Joaquim, Kevyson, Michel Araújo.
ÁRBITRO - Braulio da Silva Machado (Fifa/SC).
PÚBLICO - 58.127 torcedores.
RENDA - R$ 3.304.056,00.
LOCAL - Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi), em São Paulo.
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