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Scarpa para Willian Bigode após golpe com criptomoedas: ‘Você foi a minha maior decepção da vida’

Em troca de mensagens por aplicativo, meia do Nottingham Forest mostra decepção com atacante do Athletico-PR após calote sofrido em aplicação

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Foto do author Marcos Antomil
Atualização:

Após obter o bloqueio de R$ 1.720.897,99 de Willian Bigode e sócias em ação movida por Mayke, o advogado do lateral e de Gustavo Scarpa juntou aos autos do processo demandado pelo atleta do Nottingham Forest prints de conversas entre seu cliente e o atacante do Athletico-PR, entre 2021 e 2022. As conversas mostram como surgiu o interesse do meia em fazer aplicações em criptomoedas junto à XLand e a decepção do atleta com o amigo após as frustradas tentativas de recuperar os valores investidos.

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Os diálogos compõem o conjunto probatório que a defesa de Scarpa está juntando aos autos para demonstrar envolvimento da empresa de Willian, a WLJC, com a fraude no investimento que levou a um calote de R$ 6,3 milhões.

Em 10 de fevereiro de 2022, há um diálogo entre Scarpa e Willian pelo WhtasApp, em que o jogador do Nottingham Forest demonstra interesse em encontrar com um dos sócios da XLand. Willian responde que “O Gabriel da XLand está em Dubai, estão abrindo um escritório para operação aí (emojis de palmas e check verde).” Scarpa, então, afirma “Glórias, amém. Aí, sim emmmm. Não é pirâmide mesmo (emojis de risos). Resenha.” O atacante do Athletico-PR tenta justificar. “Hahahah pra chegar em Dubai tem que ser, no Brasil é legal (emojis de joinha e risos)”.

Os jogadores Willian e Gustavo Scarpa durante treinamento, no CT do Brasiliense, em 2021. Foto: Cesar Greco/ SE Palmeiras

No mesmo dia, após Willian enviar um gráfico que seria do “histórico operacional da XLand”, Scarpa se mostra encantando com os percentuais. “Aiiii, papaiiii, quase 50% no ano, assim a XP vai me perder.” Willian responde o colega e diz que o jogador do Nottingam Forest deve diversificar seus investimentos. “Naooooooooo. Salomão já dizia, diversifica, nunca deixa tudo num lugar só (emoji piscando) hehhe.”

No diálogo, Scarpa também sinaliza que gostaria de construir uma pista de skate pública de R$ 2,5 milhões, em um projeto social, com o retorno dos investimentos e sugere colocar a marca da XLand no local. “Exato. O dinheiro é para construção da pista mas será pública, tem um projeto social envolvido. Sim, a gente consegue pôr a marca da XLand na pista.”

No dia 7 de dezembro de 2022, Scarpa também se queixa da não ter recebido pedido de desculpas de Willian. “O que mais me deixa triste nisso tudo é que até agora não teve nenhum pedido de perdão nem seu, nem da Camila (sócia de Willian na WLJC). Vocês se preocuparam agora que o de vocês está na reta também, mas zero preocupação comigo. Decepcionante. De Gabriel e Jean (sócios da XLand) nem me importo, porque são bandidos. Você principalmente bibi (apelido usado por Scarpa para se referir a Willian), da Camila eu nem sou amigo, só profissional. Eu achava que iria me defender com tudo que fosse possível, de todas as formas. Vocês não fizeram nada por mim nesse assunto, em ajudar. Falo de coração, tô muito triste”.

Willian diz que também está triste com a situação. “Scarpa, a minha tristeza também é muito grande. Se você pensou isso, e estar agindo assim, eu não posso te controlar. Eu sei quem eu sou.”

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Scarpa se mostrou irritado com a resposta do ex-companheiro de clube. “É sério isso?? De verdade? O fato de você saber quem você é te isenta de um pedido de perdão?? Te isenta de se preocupar com a minha situação como amigo e cliente? Beleza mano. Compreendido.”

No dia 15 de dezembro de 2022, Scarpa envia nova mensagem a Willian. “Você foi a minha maior decepção da vida. Fazer tudo isso que você está fazendo e fez, jamais passou pela minha cabeça. Você seria última ou uma das últimas pessoas que imaginei que um dia fosse ter coragem de fazer isso. Você falhou comigo como homem, mas principalmente como amigo. Bem que meu pai me avisou.”

NOVOS PASSOS

A defesa de Willian, liderada pelo advogado Bruno Santana, fez um pedido ao juiz para organizar a ação de Gustavo Scarpa que já conta com mais de 900 páginas. O pedido de chamamento do feito à ordem visa impedir que ocorram erros no julgamento e se incorra ou gere nulidades.

“É necessário realizar um árduo esforço cognitivo na tentativa de decifrar a lógica jurídica, o nexo, e a pretensão do autor na aludida manifestação que por ignorância jurídica ou desconhecimento das regras processuais confunde qualquer leitor que proceda à leitura da respectiva petição”, diz trecho da petição.

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“Percebe-se que o advogado do autor tem agido com vasta desatenção, mostrando possível desconhecimento do feito, caso contrário a única interpretação que nos resta é de que tem tentado tumultuar os autos deste processo,poluindo-o demasiadamente, uma vez que tal comportamento além de poluir o feito com manifestação desconexa processualmente e decisões de outras demandas inúteis materialmente, sequer se dignou a atender o comando judicial e por consequência do quanto ventilado acaba causando um embaraço no bojo dos autos que só desarranja a ordem processual”, conclui o advogado de Willian.

ENTENDA O CASO

O processo movido por Scarpa e Mayke aponta que partiu de Willian e de sua sócia Camila Moreira de Biasi a sugestão de investimentos na XLand, que ofereceria uma rentabilidade de 2% a 5% sobre o valor investido. Scarpa aplicou R$ 6,3 milhões, enquanto Mayke e sua mulher, Rayanne de Almeida, investiram R$ 4.583.789,31.

Os problemas com a XLand começaram em meados de 2022, quando os jogadores do Palmeiras tentaram resgatar a rentabilidade, mas não tiveram sucesso após seguidas negativas e adiamentos da XLand. Mais tarde, eles tentaram romper o contrato, mas também não receberam o valor devido.

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Após seguidos contatos com os sócios da XLand, Jean do Carmo Ribeiro e Gabriel de Souza Nascimento, com Willian e Camila e um coach de gestão financeira, Marçal Siqueira, que tinha parceira com a empresa acriana, Scarpa e Mayke procuraram seus advogados e registraram um boletim de ocorrência. Desde então, o processo corre na Justiça paulista, ainda sem decisões proferidas sobre culpabilidade dos réus.

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