Análise | Seleção brasileira pode fazer sua pior campanha nas Eliminatórias que ainda assim irá à Copa

Nem mesmo a visão míope dos atletas sobre o desempenho do Brasil em campo será capaz de impedir que o time transforme o sonho do hexa em pesadelo

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Foto do author Marcos Antomil

O péssimo futebol apresentado pela seleção brasileira ao longo destas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 sugere o questionamento: é possível que o Brasil fique fora de seu primeiro Mundial na história? Os números mostram que, apesar de todos os problemas, o caminho se apresenta com poucos obstáculos para o time nacional carimbar seu passaporte rumo aos Estados Unidos, México e Canadá.

Dorival Júnior é encoberto pela bola durante treinamento da seleção brasileira no Estádio Bezerrão, na capital federal. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Desde que o formato atual das Eliminatórias Sul-Americanas - com jogos de ida e volta entre todos os filiados da Conmebol - foi estabelecido, para a Copa de 1998, o Brasil jamais somou menos do que 30 pontos. Neste momento, após nove rodadas - portanto, a metade da competição -, a seleção tem apenas 13. É a pior campanha de todos os tempos do escrete canarinho. Confira os números abaixo:

Ao todo, 48 seleções vão participar do próximo Mundial. Com isso, o número de vagas garantidas para a América do Sul saltou de quatro para seis, além da possibilidade de acréscimo de outro país pela repescagem intercontinental.

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Tomando por base os pontos somados pelos sétimos colocados nas outras cinco edições de Eliminatórias com dez participantes, o número máximo que uma seleção alcançou foi 24, enquanto a média de pontos é 21. Isso significa que, baseado nas últimas disputas, a seleção brasileira precisa somar entre nove e 12 pontos para garantir a classificação direta para a Copa de 2026. Se mantido o percentual de aproveitamento atual das equipes, o sexto colocado desta edição deve chegar aos mesmos 24 pontos. Para não depender dos demais critérios de desempates, seria importante para o Brasil buscar, no mínimo, os 25 pontos.

Em um cenário mais pessimista, em que a seleção tenha de passar pela repescagem, deve-se observar a pontuação das seleções que terminaram na oitava colocação nas últimas Eliminatórias, uma vez que a equipe que ficar em sétimo lugar ganha a chance extra de ir ao Mundial, medindo forças com representantes da África, Ásia, Oceania e América do Norte, Central e Caribe.

O máximo de pontos somados por um oitavo colocado foi 22, já a média é de 18, aproximadamente. Portanto, para alcançar no mínimo o sétimo lugar, pelo histórico, é necessário para a seleção fazer entre 19 e 23 pontos. Ou seja, o Brasil precisaria de mais seis a 10 pontos.

É difícil acreditar que o Brasil seja incapaz de conquistar entre três e quatro vitórias nas nove rodadas restantes de Eliminatórias. Restam cinco jogos como mandante e quatro como visitante. Se fizer a lição de casa, a tendência é que a vaga esteja mais do que garantida, apesar de as esperanças de um hexacampeonato estarem cada vez mais à míngua.

Até por esse motivo que os próprios jogadores da seleção brasileira adotaram o discurso de que não interessa a qualidade do jogo, mas o resultado final. “Temos de manter a mesma linha (do jogo com o Chile) para sair com o resultado positivo (diante do Peru)”, afirmou Igor Jesus. Frases semelhantes foram ditas por outros atletas, em Brasília, onde a equipe medirá forças com os peruanos, nesta terça-feira, às 21h45.

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Preocupa o olhar míope dos atletas para o desempenho da seleção. O mesmo Igor Jesus disse, neste domingo, que a seleção atuou de maneira “vertical, sempre em busca do gol” no jogo com o Chile. Um time que consegue apenas quatro arremates na direção do gol pode ser considerado “vertical”? A seleção joga hoje um futebol “horizontal” e disperso, com excesso de toques e pouca criatividade e ímpeto ofensivo.

A leitura de jogo deturpada feita pela maioria dos jogadores da seleção que se apresentaram à frente dos microfones nos últimos dias certamente não será capaz de tirar o Brasil da próxima Copa do Mundo, mas é forte o suficiente para fazer com que a seleção tenha seu pior resultado em Mundiais em 60 anos.

Veja a lista dos jogos que restam para a seleção brasileira nas Eliminatórias:

  • 15/10/24 - Brasil x Peru
  • 14/11/24 - Venezuela x Brasil
  • 19/11/24 - Brasil x Uruguai
  • 20/03/25 - Brasil x Colômbia
  • 25/03/25 - Argentina x Brasil
  • 05/06/25 - Equador x Brasil
  • 10/06/25 - Brasil x Paraguai
  • 04/09/25 - Brasil x Chile
  • 09/09/25 - Bolívia x Brasil
Análise por Marcos Antomil

Editor assistente de Esportes. Formado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduado em Jornalismo e Transmissões Esportivas pela Universidad Nebrija (Espanha).

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