Num passo para se reaproximar do torcedor, a seleção brasileira decidiu abrir um de seus treinamentos em Brasília, recebeu o calor da torcida e deve enfrentar o Peru nesta terça-feira, às 21h45, com o Mané Garrincha cheio. Ter 70 mil vozes - ou perto disso - de apoio pode ser fundamental para o aliviado, mas ainda pressionado time de Dorival Júnior conquistar a segunda vitória seguida nas Eliminatórias e dar paz ao treinador.
Chile e Peru são os rivais ideais, em teoria, para fazer o Brasil embalar no torneio classificatório. Os chilenos eram os penúltimos colocados e agora são os últimos. Houve uma troca com os peruanos, antes na lanterna e agora no penúltimo posto. A seleção brasileira saltou para o quarto lugar, com 13 pontos.
Houve respiro e alívio, mas a equipe ainda é protagonista de sua pior campanha na histórias das Eliminatórias e, com 11 gols em nove partidas, registra o seu segundo pior aproveitamento ofensivo na competição - média de 1,22 gol por jogo. “A nossa posição não é confortável, não é tranquila”, admitiu o técnico Dorival Júnior. “É um processo difícil, o momento é complicado, mas temos que ter consciência de que precisamos de algo mais. É isso que estamos tentando”.
O triunfo sobre os chilenos em Santiago por 2 a 1 foi de virada e com um futebol comum, sem criatividade e agressividade. Resta saber como será a apresentação diante dos peruanos em Brasília. Uma nova atuação ruim pode fazer a torcida se virar contra o time, que ainda precisa reconquistar as arquibancadas depois de longo período de distanciamento. “O estádio vai estar cheio. A torcida aqui enche o estádio, mas cobra bastante”, lembrou o meio-campista Gerson, que será titular na vaga do suspenso Lucas Paquetá.
“O impacto tem que ser imediato, a gente tem que trazer o torcedor para jogar junto desde o aquecimento, quando o juiz apitar a gente mostrar que quer ganhar o jogo”, acrescentou o jogador do Flamengo.
Toda a preparação em Brasília teve apoio e carinho da torcida, a despeito dos resultados ruins recentes da seleção. No sábado, Dia das Crianças, centenas delas assistiram à primeira atividade no Bezerrão e pediram autógrafos e fotos aos jogadores - Raphinha, Endrick e Bruno Guimarães foram os mais tietados.
“Ficamos felizes com a ajuda deles. Precisamos muito deles também. Vamos continuar assim, que tem mais pra gente pela frente”, disse o atacante Luiz Henrique, autor do gol da vitória do Brasil sobre o Chile na última quinta-feira.
A CBF aplicou redução no valor de parte dos ingressos ao reservar em torno de 12 mil entradas solidárias, cerca de 18% da capacidade do estádio. Nesta categoria, os bilhetes são vendidos a R$ 120, o valor mais baixo da carga que foi colocada à venda, e mediante a doação de 2 quilos de alimento não perecível, por pessoa, no momento da entrada no estádio. Os ingressos mais caros custam R$ 600.
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A previsão da CBF é arrecadar cerca de 24 mil quilos de alimentos, a serem enviados para instituições de caridade selecionadas pelo Governo do Distrito Federal e pelo Governo Federal.
“Tudo que esteja ao nosso alcance para aproximar o público estamos fazendo. Estamos procurando fazer com que exista uma integração muito maior (entre público e torcida). Eles (jogadores) estão dando uma resposta muito positiva e o torcedor está percebendo”, entende Dorival.
“A maneira como estamos sendo recebidos tem sido um fator muito positivo. Espero que continuemos, que melhoremos ainda mais, para nos unirmos mais em torno da seleção. A seleção precisa do seu público e o público quer ver a seleção com confiança”.
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