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Shakhtar Donetsk ‘esquece’ futebol e ajuda soldados feridos e crianças órfãs da guerra na Ucrânia

Por meio de sua fundação, clube ucraniano, conhecido por contratar atletas brasileiros, financia iniciativas que se tornaram essenciais desde a invasão russa no país

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Por Redação
Atualização:

Antes da invasão russa, o Shakhtar Donetsk estava preocupado principalmente em ganhar troféus, mas hoje se dedica a financiar o atendimento de soldados feridos e encontrar lares para órfãos. O clube, que inscreveu seu nome na elite do futebol europeu ao vencer a Liga Europa em 2009, tem uma fundação chamada Shakhtar Social, que se tornou essencial desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.

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A título de exemplo, cobriu as despesas para que cinco soldados gravemente feridos fossem tratados em Israel, Estados Unidos e Espanha, a um custo de 100 mil euros por soldado. “Você não pode imaginar a gravidade de seus ferimentos”, afirma o presidente do clube, Sergey Palkin. “Dois estão paralisados e os outros sofreram ferimentos catastróficos após a explosão de um míssil.”

Ganhar jogos e vencer campeonatos, além de formar elencos fortes, não são mais prioridades para o Shakhtar. “É muito difícil controlar as emoções quando os vemos e queremos oferecer-lhes a oportunidade de levar uma vida normal graças aos cuidados sofisticados oferecidos por esses hospitais”, diz Palkin. “Suas famílias não podem arcar com as despesas e o governo não tem capacidade para fornecer a ajuda necessária, então nós cuidamos deles”.

As crianças também sofreram muito com os estragos da guerra. Além dos mortos, há órfãos e aqueles que foram levados à força para a Rússia. “Cuidamos de 31 crianças que perderam os pais devido ao conflito e as colocamos em 17 lares”, diz. “Financiamos o custo de sua subsistência, tratamentos médicos, damos-lhes iPads e tentamos normalizar a situação psicologicamente porque essas crianças ficaram traumatizadas com a perda de seus pais”.

O zagueiro do Shakhtar, Ivan Petryak, sabe o que significa perder um familiar. Seu sogro foi morto em combates na região de Donbass em maio do ano passado, lutando contra as tropas russas de Vladimir Putin. “Os meninos que estavam com ele o viram morrer”, conta. “Para nossa família é a pior situação porque não conseguimos encontrar seu corpo e não podemos enterrá-lo para nos despedir dele.”

Invasão russa à Ucrânia reverbera no futebol ucraniano Foto: NATALIA KOLESNIKOVA / AFP

Mortes de atletas

O Shakhtar, que não joga em Donetsk desde a guerra do Donbass e agora joga em casa em Lviv depois de deixar Kiev no ano anterior, também está cuidando de “mais de 2.000 refugiados do leste da Ucrânia”, disse seu presidente. “Damos-lhes comida, cuidados, inclusive psicológicos, e ajudamos todos eles a refletir sobre o que poderão fazer no futuro”, acrescentou. “Muitos deles perderam casas, apartamentos, passaportes e documentos pessoais.”

Petryak não concebe um cenário em que possa jogar contra um clube russo no futuro. “Eles são como zumbis”, diz ele sobre os jogadores russos e seu apoio ao presidente Putin. Ele também é afetado pela atitude do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COB), Thomas Bach, que abriu as portas para uma possível participação de atletas russos e belarussos nos próximos Jogos Olímpicos de Paris-2024. “Bach está completamente errado. Todos os dias eles matam nossas crianças, nossos cidadãos, nossos atletas. Mais de 200 atletas foram mortos e você quer que Rússia e Belarus possam participar dos Jogos? Mas como isso é possível? É impensável. Para mim é meio que um circo.”

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Petryak entende porque muitos jogadores estrangeiros foram emprestados a outros clubes após o início da guerra. Mas ele está orgulhoso de que, apesar da perda de vários jovens talentos brasileiros, o Shakthar tenha conseguido terminar em terceiro no seu grupo na Liga dos Campeões e disputar as oitavas de final da Liga Europa. “Não critico quem escolheu lutar, mas acreditamos que quanto melhor jogarmos, mais dinheiro podemos enviar para o exército e outros atletas. Somos como uma grande família”, diz. / AFP

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