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Silvio Luiz foi candidato na FPF e desceu a Brigadeiro de charrete; veja fotos

Contra os políticos José Maria Marin e Nabi Abi Chedid, narrador teve Flávio Prado como vice, ousou com ‘anticandidatura’ e vestiu fraque e cartola

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Foto do author Marcos Antomil
Atualização:

Silvio Luiz marcou história na narração esportiva. Ao lado de Galvão Bueno e Luciano do Valle foi um dos principais locutores da televisão brasileira. Seus bordões são amplamente conhecidos, mas suas histórias são igualmente irreverentes. Por duas vezes, foi candidato à presidência da Federação Paulista de Futebol (FPF), em 1982 e 1985. Em ambas adotou o mesmo tom de suas transmissões e tornou o momento solene uma oportunidade de tratar com ironia a política do futebol.

Tendo o também jornalista Flávio Prado, companheiro de transmissões da Record, como vice na sua chapa, Silvio Luiz promoveu o que o Estadão definiu, à época, como uma “anticandidatura”. “O jornalista, que há meses vinha anunciando sua pretensão de disputar a presidência da entidade como uma forma de protesto contra os desmandos e interesses políticos, resolveu descarregar seu inconformismo de maneira bastante descontraída e mordaz”, diz trecho da reportagem publicada no dia 3 de janeiro de 1982.

Silvio Luiz e Flávio Prado lideraram uma candidatura de protesto em 1982 - 02/01/1982. Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

Silvio Luiz, na companhia de Flávio Prado, se vestiu com fraque, cartola e cravo vermelho, subiu em uma charrete e desceu a Avenida Brigadeiro Luís Antônio rumo à antiga sede da FPF, inaugurada em 1950 e localizada na mesmo avenida. Atualmente, a entidade está localizada na Barra Funda, em prédio construído em 1999.

Os concorrentes de Silvio Luiz à presidência da FPF eram os verdadeiros favoritos ao pleito e tinham um histórico político. Almejavam o cargo máximo da entidade o então vice-governador do Estado de São Paulo, José Maria Marin, e o presidente da FPF, Nabi Abi Chedid, que também era deputado estadual e estava intimamente vinculado ao Bragantino.

Silvio Luiz foi candidato a presidente da FPF, e Flávio Prado, a vice - 02/01/1982. Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

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“Como se vê, minha candidatura repercutiu bem até entre simpatizantes do Nabi e do Marin. Mas creio que terei zero voto, pois os dirigentes ainda não estão suficientemente conscientizados para escolher alguém ligado ao futebol. Por isso, preferem os políticos”, disse Silvio naquele dia.

As eleições na Federação Paulista foram tumultuadas. Ao meio-dia, o pleito foi suspenso pelo juiz da 2ª Vara Federal, Vladimir Passos de Freitas. Márcio Papa, dirigente do Palmeiras e vice-presidente da FPF, presidia a eleição e teria violado as determinações que lhe concederam esse poder. A votação deveria ter acontecido de forma secreta e com cédula única. No entanto, cada candidato tinha uma cédula de uma cor: Marin, cor-de-rosa, Nabi, branca, e Silvio Luiz, amarela.

Correligionários de Marin e Chedid saudaram a chegada irreverente de Silvio Luiz e Flávio Prado à FPF - 02/01/1982. Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

Com a eleição suspensa, Papa foi levado para prestar depoimento. Nabi foi acusado pelo chefe do policiamento, coronel Izer Brizola, de agressão. O imbróglio continuou por meses até a realização de nova votação. Apenas no dia 25 de março de 1982, a FPF elegeu seu novo presidente. Venceu Marin, com 187 votos. Nabi teve 131, enquanto Silvio Luiz somou dois votos.

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Silvio Luiz desembarca de carroça e é saudado pelo público. - 02/01/1982. Foto: Arnaldo Fiaschi/Estadão

Silvio Luiz nas eleições da FPF de 1985

Três anos depois, em 1985, Silvio Luiz voltou a se postular ao cargo. Dessa vez, José Maria Marin se uniu a Nabi Abi Chedid e formou chapa para a eleição, com o ex-governador como presidente e o deputado de vice. Felipe Cheidde, deputado federal por São Paulo, foi o principal opositor. Ulisses Gouveia também participou da eleição.

A tensão tomou conta dos dias anteriores ao pleito, mas a eleição transcorreu normalmente no dia 4 de janeiro. Marin venceu com 153 votos. Cheidde ficou em segundo, com 125. Ulisses Gouveia somou cinco, e Silvio Luiz, quatro votos.

O narrador teve votos de uma equipe da primeira divisão e de outra da segunda. Cada voto tinha peso dois. “Até hoje não sei quem me deu os dois votos da eleição de 1982. Agora, dobrei para quatro e é outro mistério. Já posso esperar oito na próxima”, afirmou Silvio, em matéria publicada pelo Estadão no dia seguinte à eleição.

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