O Sindicato dos Atletas de São Paulo pediu abertura de inquérito para apurar a ação de torcedores no desembarque dos jogadores do Corinthians, domingo, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. A entidade também cobrou o clube e informou que foi procurada por alguns atletas, mas não houve pedido por rescisão de contrato.
"Eles disseram estar com medo pelo que aconteceu, alguns disseram temer novas ações. Houve cobrança pedindo para colocar fim a esse tipo de violência. Mas ninguém falou em rescindir o contrato. Ainda é cedo para tomar qualquer atitude", informou o presidente do sindicato, Rinaldo Martorelli, que também é advogado trabalhista.
A cobrança feita pelos torcedores no aeroporto, mesmo sem ter havido agressão física, pode ser justificativa para o pedido do encerramento do contrato. O jogador teria de entrar na Justiça do Trabalho, que julgaria a situação.
"É responsabilidade do empregador garantir a segurança dos empregados. O Corinthians foi notificado para que se manifeste sobre o que aconteceu. Porque é responsabilidade do clube reforçar a segurança, contratar segurança privada..."
Por meio de nota, o Corinthians lamentou o ocorrido e afirmou que "sempre zelará pela integridade física de atletas e funcionários". Ainda, acrescentou: "Não acreditamos em intimidação e ameaças como forma de obter resultados esportivos."
A ameaça feita por torcedores a jogadores é recorrente no futebol. Neste ano torcedores do Cruzeiro e do Figueirense também tiveram de enfrentar esse problema. Após a tentativa de agressão aos jogadores do time catarinense, a Federação Nacional dos Atletas (Fenapaf) mobilizou os jogadores para uma ação na nona rodada do Campeonato Brasileiro. Logo depois do pontapé inicial nas partidas, todos cruzaram os braços por 30 segundos em solidariedade aos colegas.
O presidente da Fenapaf, Felipe Augusto Leite, não retornou as ligações feitas nesta segunda-feira para informar quais medidas seriam adotadas após a ameaça de torcedores aos jogadores do Corinthians.
Martorelli lembrou de ações tomadas pelo Sindicato dos Atletas de São Paulo em anos anteriores, como da invasão do CT do Corinthians em 2014 e no CT do São Paulo em 2016. "No caso do Corinthians houve ação na Justiça e o clube se comprometeu a não autorizar o acesso de quem não for funcionário do clube. Na ação do São Paulo, 12 torcedores tiveram seus bens e contas bloqueadas para indenizar prejuízos causados", informou Martorelli.
Para evitar que novas ameaças aconteçam, o presidente do sindicato cobrou uma atitude da CBF. "A ação teria que vir de cima. A CBF deveria criar um departamento para cuidar da segurança dos atletas. Elaborar protocolos que garantissem a integridade dos atletas. Monitorar de maneira efetiva as torcidas e essas possíveis ações. Acompanhar junto com os órgãos públicos, oferecer apoio aos clubes", opinou. Procurada, a CBF não quis se manifestar.
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