Sob embargo, oligarcas ligados a Putin são os verdadeiros donos da Copa
Nos últimos anos, presidente russo passou a sofrer pressão internacional sem precedentes e teve ajuda de aliados para o Mundial ocorrer
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Por Jamil Chade e Moscou
Quinta-feira, 14 de junho. Na entrada VIP do estádio Luzhniki, em Moscou, um Rolls-Royce branco estava entre os carros de luxo que estacionam para deixar alguns dos homens mais poderosos da Rússia. Engravatados e acompanhados por mulheres vestidas com roupas de marcas e saltos proibitivos, eles se apresentavam como os grandes vencedores de um torneio que está mostrando os limites das sanções internacionais.
São desses oligarcas aliados do presidente Vladimir Putin alguns dos principais estádios e obras da Copa. Sem eles, o Mundial dificilmente teria ocorrido. Nos últimos anos, Putin passou a sofrer uma pressão internacional sem precedentes desde o final da Guerra Fria, num esforço do Ocidente em transformar o país em pária.
Suspeita.O estádio de Nijni Novgorod, sob investigação Foto: Johannes Eisele/AFP
Dezenas de executivos e membros do governo estão hoje com contas bloqueadas nos Estados Unidos, não podem viajar para o Ocidente e, na prática, estão afastados do mercado financeiro de Europa e EUA.
A ofensiva começou em 2014, depois da anexação da Crimeia pela Rússia. A crise se aprofundou com as suspeitas de envolvimento dos russos nas eleições americanas, o envenenamento de ex-espiões na Inglaterra e a expulsão de dezenas de diplomatas do Reino Unido.
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Mas se o Tesouro americano se esforçou para rastrear a fortuna dessas pessoas, elas conseguiram usar o poder do futebol e driblar todas as sanções para se apresentar como as verdadeiras donas da Copa do Mundo.
No total, 13 pessoas e empresas sob sanção do Tesouro americano ou na lista de indivíduos bloqueados de entrar nos EUA mantêm relações privilegiadas com a Copa do Mundo. Apenas seis oligarcas russos controlam contratos no valor de US$ 7 bilhões (R$ 26 bilhões) em obras do Mundial, mais da metade de tudo o que Moscou gastou.
Bilionários como Gennadi Timchenko e Oleg Deripaska ganharam de Putin contratos milionários para construir os estádios que, hoje, estão embalados por cartazes de Visa, McDonald’s, Budweiser ou Coca-Cola. Entre eles, ainda estão Viktor Vekselberg e o parceiro de judô de Putin, Arkady Rotenberg.
Timchenko, por exemplo, foi quem ficou com o contrato para as obras de dois estádios. Um deles, o de Nijni Novgorod, foi aplaudido pela Coca-Cola. Executivos do alto escalão da empresa americana ainda revelaram ao Estado que o tour da taça não sofreu qualquer tipo de problemas e que a marca símbolo dos EUA conta até mesmo com uma proteção policial oferecida pelo Estado russo para garantir a segurança do troféu mais cobiçado do mundo.
Em Moscou, o estádio do Spartak foi erguido pela IFD Kapital, empresa que passou a ser sancionada pelos EUA por seu papel na Crimeia.
Especialistas ouvidos pelo Estado insistem que não existem quaisquer violações legais cometidas nem pela Fifa e nem pelas empresas patrocinadoras da Copa. Mas as iniciativas chamaram a atenção das autoridades americanas.
A Visa, por exemplo, fechou um acordo para o uso de seus cartões durante a Copa com Sberbank, uma instituição financeira alvo das sanções.
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No caso de Deripaska, o Estado apurou que foi sua empresa, a Transstroy, que ganhou o contrato para o estádio de São Petersburgo. Para que pudessem se deslocar pela Rússia, as 32 equipes usaram justamente as bases aéreas de Deripaska. Um deles é justamente o de Sochi, base da seleção brasileira. Outro aeroporto é o de Moscou, de propriedade de Arkady Rotenberg, aliado de Putin.
Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia
1 / 39Veja as melhores imagens da Copa do Mundo na Rússia
Pós-Copa
Desembarque da seleção francesa no aeroporto, antes da carreata pela ruas de Paris Foto: Thomas Samson / AFP
Pós-Copa
Até a estátua deBan Jelacic, herói nacional croata, foi coberta com pano pela festa Foto: Antonio Bronic / Reuters
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Jan Vertonghen comemora vitória da Bélgica sobre a Inglaterra, na disputa pelo 3º lugar, com sua filha. Foto: Tolga Bozoglu/EFE
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Jovens russos jogam futebol na frente do Museu Hermitage, em São Petersburgo. O jeito é jogar por eles mesmos durante a espera pela final entre França... Foto: Sérgio Perez / ReutersMais
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Depois de se levantar, o fotógrafo recebeu abraços e beijos dos jogadores Mandzukic e Rakitic, entre outros Foto: Carl Recine / Reuters
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O zagueiro Vida comemora com o filho David a classificação histórica da Croácia à final da Copa do Mundo Foto: Carl Recine/Reuters
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Jogadores da Inglaterra choram depois da derrota na semifinal da Copa do Mundo para a Croácia Foto: Grigory Dukor/Reuters
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Mandzukic comemora o gol que colocou a Croácia em uma final de Copa do Mundo pela primeira vez na história Foto: Lavandeira Jr./EFE
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Thibaut Courtois consola sua filha Adriana depois da eliminação da Bélgica, do pai goleiro, diante da França na semifinal da Copa do Mundo Foto: Gabriel Bouys/AFP
24º dia
Harry Kane é tietado pelos torcedores da Inglaterra depois da classificação para a semifinal da Copa do Mundo Foto: Peter Powell/EFE
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Sósia do técnico da Gareth Southgate acompanha o jogo da Inglaterra diante da Suécia em Samara, pelas quartas de final da Copa Foto: Facundo Arrizabalaga/EFE
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Crianças posam ao lado de estátua do mascote da Copa, o lobo Zavivaka, perto do estádio Fisht, em Sochi Foto: Henry Romero / Reuters
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Homem assiste reprise da partida entre Rússia e Espanha enquanto se alista para o serviço militar obrigatório em Nizhny Novgorod. Será que ele está fe... Foto: Johannes Eisele / AFPMais
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Harry Kane 'pega' o goleiro Pickford pelo pescoço na comemoração da vitória da Inglaterra diante da Colômbia nos pênaltis Foto: Yuri Kochetkov/EFE
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Danny Rose, Uribe e Ospina observam finalização do inglês que passou muito perto da trave na prorrogação entre Inglaterra e Colômbia Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters
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Oitavo dia
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Oitavo dia
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Sexto dia
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Quarto dia
Torcedor alemão com chapéu de "mariachi" decepcionado com a derrota para o México por 1 a 0. Foto: Carl Recine/Reuters
Primeiro dia
Torcedora com o rosto pintado no estádio Lujniki, antes da partida de abertura da Copa Foto: Christian Hartmann / Reuters
Pré-Copa (de 2026)
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Pré-Copa
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Pré-Copa
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A lista é ainda completada por Mikhail Fridman, um bilionário russo dono do Alfa Bank, um dos principais parceiros da Fifa na Copa, inclusive para a venda de ingressos. Fridman, porém, também era proprietário de empresas do setor de defesa que passaram a ser alvo de monitoramento americano.
Num documento do Tesouro americano, obtido pelo Estado, esses empresários que são peças centrais da Copa são classificados como “membros do círculo interno” de Putin.
“Esses indivíduos foram designados (para as sanções) por controlarem, agir ou fornecer apoio material ou outro a dirigentes de alto escalão do governo russo”, indicou o Tesouro.
“As atividade de Timchenko no setor de energia tem ligações diretas com Putin”, diz o governo americano, que aponta investimentos pessoais do presidente russo nas empresas do oligarca.
No que se refere a Arkady Rotenberg e seu irmão, eles são apontados pelo Tesouro como tendo “recebido e executado contratos por valores elevados” nos estádios e infraestrutura de Sochi. “Ele lucraram bilhões em contratos”, indicou. “Ambos irmãos acumularam uma enorme riqueza durante o governo de Putin na Rússia”, afirmou o Tesouro americano.
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De acordo com o levantamento americano, só Rotenberg garantiu contratos de US$ 7 bilhões (R$ 26 bilhões), permitindo elevar sua fortuna pessoal em US$ 2,5 bilhões (R$ 9,4 bilhões) em apenas dois anos.