A noite de júbilo com a nova casa virou um pesadelo para o Palmeiras. Ao ser derrotado por 2 a 0 pelo Sport nesta quarta-feira o time aumentou sua agonia na corrida desesperada contra o rebaixamento. Enterrou corações no novo estádio e desiludiu ainda mais a sua gente.
A torcida não merecia esse castigo. Desde as primeiras horas da noite ela fez da abertura da nova casa uma celebração.Tamanha euforia, porém, não contagiou o time no primeiro tempo. Cânticos de paixão e juras de amor eterno ao Palmeiras se espalharam pelas cadeiras verdes sem mexer na alma dos jogadores lá embaixo no campo. Não por culpa deles, sim pela baixa qualidade técnica do grupo. Havia ali um punhado de esforçados, obedientes em nome da causa. Mas como era difícil retribuir tamanha dedicação dos torcedores. Nenhuma jogada tinha começo, meio e fim.
Nem havia uma desculpa cabível se fosse para se ater apenas ao adversário. O Sport aguerrido de outras jornadas não estava em campo. Apenas a camisa rubro-negra lembrava o time que tanto trabalho já deu ao velho Palestra. A estratégia da equipe pernambucana era se fechar em copas e esperar por um erro dos donos da nova casa. Com essa postura um tanto covarde, pouco incomodaram Fernando Prass.
Se o Sport era desprovido de ideias, o Palmeiras era pior ainda. Quando tinha a bola não sabia dar encaminhamento ao jogo. Com exceção de Wesley ninguém aparecia para assumir a condição de protagonista. O problema é que a torcida não suporta Wesley. Toda hora que pegava na bola uma enorme desconfiança se espalhava pelo estádio novinho em folha.
Ele dava início ao processo e seus companheiros não levavam ao fim. Não por acaso, o goleiro Magrão não teve trabalho no primeiro tempo. Três finalizações para fora do gol. O Palmeiras ficou nisso. Quase um deserto para um time que precisa da vitória como as veias necessitam de sangue.
Apesar da falta de ideias e de um futebol ao menos para honrar a camisa, a torcida não desistiu em nenhum momento. Fez da casa um estandarte a empurrar os esforçados rapazes de Dorival até o árbitro encerrar o primeiro capítulo. No intervalo do jogo, os torcedores não se calaram. Cantaram à beça. "Vamos ganhar Porcooô". Uma, duas, três, até o limite da garganta - se é que havia limite ontem à noite.
Quando começou o segundo tempo, a ansiedade e adrenalina da multidão eram ainda maiores. O Sport avançou suas linhas e pregou alguns sustos. O Palmeiras estava preso na sua própria casa, sem a chave da porta da sala. Era preciso ser criativo e jogar na atmosfera da torcida ensandecida.
Dorival trocou o inútil Felipe Menezes pelo argentino baixinho Allione. Mas nada mudou. O Sport cresceu e passou a rondar a área de Prass. Era hora dos nervos esgarçados, a mente vazia e o coração frio. O time virou um amontoado a minar a paciência da frenética torcida. A exemplo do primeiro tempo, o Palmeiras não tinha forças para dar um mísero chute a gol. Dorival então trocou Juninho por Mouche.
Nada feito. Pior, o Sport achou o gol com Ananias, e o público passou da euforia à revolta em segundos. E o pote se encheu de mágoa com o gol de Patrick. “Vergonha”, gritaram os últimos abnegados. O Palmeiras agora tem um estádio, uma torcida. Mas e o time?
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS 0 X 2 SPORT
PALMEIRAS - Fernando Prass; João Pedro, Nathan, Tobio e Juninho (Mouche); Marcelo Oliveira, Victor Luis, Wesley (Mazinho) e Felipe Menezes (Allione); Diogo e Henrique. Técnico: Dorival Júnior.
SPORT - Magrão; Patric, Ewerton Páscoa, Durval e Renê; Rithely, Rodrigo Mancha, Danilo (Wendel) e Diego Souza; Mike (Felipe Azevedo) e Joelinton (Ananias). Técnico: Eduardo Baptista.
GOLS - Ananias, aos 32, e Patric, aos 44 minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO - Dewson Fernando Freitas da Silva (PA)
CARTÃO AMARELO - Joelinton, Henrique e Marcelo Oliveira.
RENDA E PÚBLICO - Não disponíveis.
LOCAL - Arena do Palmeiras, em São Paulo (SP).
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.