A Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu, em julgamento realizado nesta terça-feira, dia 12, o Sport por causa dos ataques sofridos pela delegação do Fortaleza horas após o duelo entre eles pela Copa do Nordeste, no dia 21 de fevereiro. O clube pernambucano terá de jogar oito partidas com os portões fechados, não poderá ter torcida visitante no mesmo período e terá de arcar com multa de R$ 80 mil.
O Sport foi denunciado no Artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) e poderia pegar até dez jogos com portões fechados. A pena de oito partidas foi sugerida pelo relator Diogo Maia e acompanhada pelos demais auditores. Ou seja, a decisão foi unânime. No entanto, ainda cabe recurso no Pleno do STJD. O Sport foi absolvido no artigo 205, que previa multa de R$ 100 a R$ 100 mil e perda dos pontos em disputa a favor do adversário.
Além do relator e dos auditores, estiveram presentes no julgamento o vice-presidente jurídico do Sport, Rodrigo Guedes, e o diretor jurídico Silvio Baptista, além do presidente da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), Evandro Carvalho. A sessão contou ainda com membros da diretoria do Fortaleza e da Federação Cearense de Futebol (FCF).
A defesa utilizada pelo clube pernambucano foi baseada na Lei Geral do Esporte, que diz que o Estado é o responsável pela segurança pública em dias de jogos após um raio de 5km do estádio. A partir daí, a responsabilidade é do time mandante. O ônibus da delegação do Fortaleza, inclusive, estava sendo escoltado quando sofreu o atentado. O Sport considerou a atitude como um “ataque planejado por uma organização criminosa”.
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Sport promete recorrer
Após tomar ciência da punição, o Sport prometeu recorrer da pena e apontou que a decisão tomada pelo STJD é “descabida e injusta”.
“Não se pode novamente tratar de um tema tão complexo, que hoje é uma chaga nacional, de maneira tão rasa. Não é possível ir pelo caminho de decisões comprovadamente ineficazes só para criar uma falsa sensação de justiça que nada reflete na realidade e que em nada resulta na redução da violência. É só mais uma cortina de fumaça”, acusou os pernambucanos.
Na visão do clube rubro-negro, impedir que a torcida acompanhe os jogos do clube ao invés de tentar encontrar e punir os envolvidos, “atinge milhões de torcedores inocentes e instituições com centenas de trabalhadores, profissionais e prestadores de serviço, deixando justamente o caminho livre para os verdadeiros criminosos cometerem atos de covardia e violência.”
“Punir uma instituição que não tem nenhuma relação com a torcida organizada, que cumpriu com todas as orientações de segurança e que não tem nenhum poder de Estado para coibir bandidos pela cidade não é fazer justiça”, reclamou o Sport. “É querer mostrar serviço sem atentar para o verdadeiro problema. A punição, além de não resolver, acoberta e tira o foco e a pressão de se investigar os culpados e as organizações criminosas por trás dos atos.”
Na visão dos dirigentes rubro-negros, não punir os responsáveis e sim um determinado clube, “é um caminho desleixado para um problema tão sério.” Na voz do presidente Yuri Romão, o Sport afirmou que se trata de um problema social e não desportivo. O dirigente reclamou da segurança pública e foi enfático ao dizer que nenhum clube resolverá tais problemas sozinho. “Só com comprometimento total do poder público, responsabilidade, rigidez e cooperação dos serviços de inteligência é que vamos avançar.”
Relembre o caso
O ônibus que carregava a delegação do Fortaleza foi alvo de pedras e bombas na madrugada do dia 22 de fevereiro, quando deixava a Arena Pernambuco, na região metropolitana do Recife. Seis jogadores foram feridos no ataque e precisaram ser hospitalizados. O caso mais grave é do lateral Escobar, que chegou a ser atingido por um pedaço de estilhaço na cabeça.
No último domingo, o Fortaleza entrou em campo pelo Campeonato Cearense, diante do Maracanã, na Arena Castelão, com uma camisa estampada com marcas de sangue como forma de cobrar por justiça, já que os envolvidos no ataque ainda não foram punidos. Até esta terça-feira, ninguém foi preso. Dos seis jogadores que precisaram de cuidados médicos, o zagueiro Titi e o lateral Escobar ainda não voltaram a jogar. O defensor precisou passar por uma cirurgia para a retirada de fragmentos de vidro de sua panturrilha, enquanto Escobar ainda se cura de sequelas de ferimentos pós-trauma.
Outras punições após violência
A determinação de jogos com portões fechados é a principal punição atribuída pelo STJD aos clubes cujos torcedores protagonizam cenas de violência. O Santos, por exemplo, é um time que teve de enfrentar tal sanção mais de uma vez em pouco tempo. Após torcedores protagonizarem grande confusão na Vila Belmiro, na esteira do rebaixamento à Série B, no fim do ano passado, o clube foi punido com seis jogos com portões fechados.
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