Torcedores do Peñarol protagonizaram uma confusão generalizada nesta quarta-feira, 23, no Rio, horas antes do duelo com o Botafogo, pelo jogo de ida das semifinais da Copa Libertadores. Reunidos na Praia do Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste da capital fluminense, uruguaios saquearam quiosques e entraram em confronto com a Batalhão de Choque da Polícia Militar. Motocicletas e um ônibus foram incendiados na confusão.
“Nesta tarde, torcedores do Peñarol iniciaram uma confusão com um grupo de pessoas, além de cometerem uma série de atos de vandalismo, saques e depredação de estabelecimentos comerciais e veículos. Diante da gravidade, policiais do #BPChq foram acionados para conter o tumulto”, informou a Polícia Militar.
O governador Cláudio Castro também se manifestou nas redes sociais. “O Rio não é lugar de baderna. Determinei que as polícias prendam, levem para a delegacia e escoltem para fora do Rio de Janeiro os torcedores do Peñarol, que causam uma confusão generalizada na Zona Oeste. Já estamos levando para a Cidade da Polícia mais de 200 detidos”, escreveu.
Imagens do caos foram divulgadas pela Record TV nas redes sociais. O prefeito Eduardo Paes (PSD) se manifestou em sua conta no X (antigo Twitter) afirmando que relatou às autoridades a possibilidade de um episódio violento. “Alertamos algumas vezes a Polícia Militar que o local e o modelo trariam esses problemas!”
O lateral-direito Guillermo Varela, do Flamengo, foi flagrado torcedores durante o tumulto no Recreio. O jogador, que também defende a seleção celeste, foi revelado nas categorias de base do Peñarol. O rubro-negro carioca informou que o atleta recebeu a ligação de dois amigos e foi retirá-los da confusão. “O lateral está a caminho de uma confraternização com elenco e comissão técnica. O assunto está entregue ao VP de Futebol, Marcos Braz”, escreveu o clube.
Varela sofreu represália de por parte de flamenguistas que estavam no local. O rubro-negro carioca foi eliminado da Libertadores justamente pelo Peñarol, o que deixou os torcedores ainda mais irritados. Nas redes sociais, o lateral afirmou se tratar de um mal entendido.
“Nação Rubro-Negra, como registrado nas redes sociais, estive na Praia do Recreio para resgatar dois amigos que estavam assustados com a confusão. Não participei de nenhum ato de violência. Perdemos contato assim que cheguei ao local. Esperei por 15 minutos e fui abordado por policiais militares que faziam o seu trabalho. Após tudo ser resolvido, me encaminhei para um almoço com os meus companheiros e comissão técnica. Já conversei com o vice-presidente de futebol, Marcos Braz. Peço desculpas pelo mal entendido e reafirmo o meu compromisso de levar o Flamengo aos títulos”, escreveu o atleta.
Mais cedo, policiais do Batalhão Especializado de Policiamento em Eventos (Bepe) realizavam policiamento preventivo junto a um grupo de torcedores do Peñarol no Recreio quando receberam alerta de furto de celular em comércio. Após revista, o aparelho foi encontrado com um dos integrantes do grupo. O caso foi levado à 16ª DP.
Essa não é a primeira vez em que torcedores do Peñarol se envolvem em confusão no Rio. Em setembro, quando o time uruguaio enfrentou o Flamengo, um grupo de 20 uruguaios entrou em confronto com flamenguistas na Praia da Macumba, na zona oeste, com trocas de agressões. A PM foi acionada para intervir a briga.
Em 2020, Roberto Vieira de Almeida, torcedor de 54 anos do Flamengo, morreu após ficar dez meses internado em estado grave. Ele foi agredido por uruguaio em abril de 2019 quando tentou separar uma briga entre uruguaios e flamenguistas na praia de Copacabana, horas antes de uma partida entre as equipes pela Libertadores.
Botafogo e Peñarol se enfrentam no Nilton Santos, na zona norte, às 21h30. Na madrugada desta quarta-feira, torcedores alvinegros realizaram um intenso foguetório em frente ao hotel onde o Peñarol está hospedado, na Barra da Tijuca. A partida de volta acontece na próxima quarta-feira, 30 de outubro, em Montevidéu.
Polícia Civil divulga nota sobre o caso
A Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou e individualizou as condutas dos envolvidos nos delitos cometidos no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. Os uruguaios foram conduzidos à Cidade da Polícia e à 16ª DP (Barra da Tijuca), onde as ocorrências foram apreciadas pelas autoridades policiais.
No total, 22 homens foram presos em flagrante. Eles foram autuados por crimes diversos, de acordo com a atuação individual. Entre os delitos estão porte ilegal de arma de fogo, furto, lesão corporal, roubo com concurso de agentes, dano qualificado, incêndio, associação criminosa, resistência, desobediência, desacato, rixa, injúria racial, corrupção de menores e o artigo 201 do Estatuto do Torcedor, por crimes contra a paz no esporte. Os presos foram encaminhados para a Polinter e, posteriormente, serão apresentados para audiência de custódia.
Um adolescente infrator foi apreendido por fatos análogos aos crimes de associação criminosa, incêndio e pelo artigo 201 do Estatuto do Torcedor. Ele foi encaminhado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), de onde seguirá para a Vara da Infância e da Juventude.
Outros 330 uruguaios também vão responder pelo artigo 201 do Estatuto do Torcedor. Os procedimentos serão enviados para o Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos.
Durante a apuração dos fatos, os agentes analisaram as imagens veiculadas na imprensa e em redes sociais, e realizaram oitivas, a fim de corroborar na identificação e na responsabilização dos autores.
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