Análise | Brasil joga futebol pobre, dá vexame e é eliminado da Copa América pelo Uruguai nos pênaltis

Incapaz de criar, seleção brasileira faz apresentação medíocre e medrosa, vê Militão e Douglas Luiz errarem suas cobranças e cai nas quartas de final

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Foto do author Ricardo Magatti
Atualização:

Acabou cedo, nas quartas de final, a participação da seleção brasileira na Copa América. Burocrático, inócuo, ineficiente e incapaz de ser criativo, o time de Dorival Júnior foi eliminado pelo Uruguai com derrota nos pênaltis após empate sem gols em Las Vegas na noite deste sábado. Militão e Douglas Luiz erraram suas cobranças. Alisson defendeu a batida de Giménez, mas não adiantou.

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O rival do Uruguai nas semifinais será a embalada Colômbia, dona do melhor futebol desta Copa América e que avançou de fase ao massacrar o Panamá por 5 a 0. O duelo está marcado para quarta-feira, às 21h (de Brasília), em Charlotte. O outro finalista sairá do confronto entre Argentina e Canadá.

Em sua primeira competição oficial, Dorival Júnior, que não era a primeira opção da CBF, comandou uma equipe que compete, mas não tem brilho. Um time que até tem organização, mas joga uma bola murcha. Cauteloso em excesso em vários momentos - para não dizer acovardado -, o técnico continua invicto no comando da seleção, mas isso de nada vale. Sabe que será longo e duro o caminho até a Copa do Mundo de 2026, com a necessária renovação em curso que ainda não rendeu frutos.

Trata-se de uma seleção enfadonha, que aborrece quem a assiste. O jogo não flui, o capitão é um lateral-direito decadente que não joga nessa posição há anos na Europa, há muitos volantes e ninguém que pense o jogo e os astros Rodrygo e Vinicius Júnior, de quem muito se espera, se despediram da competição com melancolia. Vini Jr sequer jogou porque estava suspenso. Endrick ganhou a chance de ser titular e não correspondeu.

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Brasil passou vexame, jogou futebol pobre e foi eliminado pelo Uruguai Foto: Julio Cortez/AP

O opulento Allegiant Stadium, segundo estádio mais caro do mundo, erguido na pandemia com investimento de R$ 11 bilhões, foi palco de um típico Uruguai x Brasil. Faltas em profusão, cartões, discussões, provocações, divididas e uma peitada de Ronald Araújo em Endrick como forma de intimidar o atacante de 17 anos. Foram, porém, poucos os momentos de bom futebol em Las Vegas, já que foi baixa a produção ofensiva das suas seleções.

Tivesse Suárez em campo, provavelmente o Uruguai teria ido às redes no primeiro tempo porque Darwin Núñez perdeu de cabeça, quase na pequena área, chance que o ex-atacante do Grêmio, hoje parceiro de Messi no Inter Miami, raramente perde.

Alisson viu a bola passar por cima do gol. O goleiro brasileiro não trabalhou na etapa inicial. Já Rochet, o arqueiro uruguaio que defende o Inter, fez uma importante intervenção na melhor oportunidade da equipe comandada por Dorival Júnior. Ele defendeu chute de Raphinha, que ganhou na velocidade do zagueiro e foi protagonista do lampejo de maior brilho dos primeiros 45 minutos. O azar do canhoto foi que a bola caiu em seu pé direito.

Endrick, caído, reclama de falta em Uruguai x Brasil Foto: Julio Cortez/AP

O segundo tempo foi uma repetição do primeiro. O cenário não se alterou nem nos minutos finais, quando o jogo parecia que ficaria mais aberto e os treinadores lançaram mão de todas suas alternativas no banco de reservas, como o flamenguista Arrascaeta e o talentoso Savinho. Não houve criação, mas, sim, destruição. O jogo não fluía dos dois lados e a bola mal chegava aos atacantes. Os meio-campistas, entregues à marcação, quase nada produziram. Quando conseguiam algo diferente, eram parados por algum marcador.

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O jogo mais faltoso da Copa América teve mais de 40 infrações e pobre futebol. Uma das faltas rendeu vermelho a Nandéz. O defensor uruguaio havia recebido o amarelo mas o árbitro argentino Dario Herrera mudou a cor do cartão depois que viu no monitor do VAR que o lateral havia acertado o tornozelo de Rodrygo com a sola de sua chuteira.

Nos minutos finais, o desespero imperou, o zagueiro Militão virou atacante, mas o 0 a 0 prevaleceu. Um jogo tão brigado e de tão pouca inspiração não poderia ter, mesmo, gols. Restou a uruguaios e brasileiros decidir a vaga nos pênaltis. Da marca da cal, os uruguaios foram mais eficientes. Apenas Giménez perdeu. O Brasil errou com Militão e Douglas Luiz e volta pra casa mais cedo.

URUGUAI 0 (4) X 0 (2) BRASIL

  • URUGUAI: Rochet; Nandéz, Ronald Araújo (José Giménez), Olivera e Viña (Sebastián Cáceres); Ugarte, Valverde e De La Cruz (Bentancur); Pellistri (Varela), Darwin Núñez (Arrascaeta) e Maxi Araújo. Técnico: Marcelo Bielsa.
  • BRASIL: Alisson; Danilo, Militão, Marquinhos e Arana; João Gomes (Andreas Pereira), Bruno Guimarães (Evanilson) e Paquetá (Douglas Luiz); Raphinha (Savinho), Endrick e Rodrygo (Gabriel Martinelli). Técnico: Dorival Júnior.
  • ÁRBITRO: Dario Herrera (Argentina).
  • CARTÕES AMARELOS: Lucas Paquetá, Ugarte, De La Cruz, João Gomes
  • CARTÃO VERMELHO: Nandéz.
  • PÚBLICO: 55.770 torcedores.
  • RENDA: Não divulgada.
  • LOCAL: Allegiant Stadium, em Las Vegas, Estados Unidos.
Análise por Ricardo Magatti

Repórter da editoria de Esportes desde 2018. Formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), com pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Multimídias pela Universidade Anhembi Morumbi. Cobriu a Copa do Mundo do Catar, em 2022, e a Olimpíada de Paris, em 2024.

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