Velório de Pelé na Vila Belmiro é aberto ao público; personalidades acompanham cerimônia

Ex-jogadores, personalidades, amigos e familiares se reúnem para dar adeus ao Rei do Futebol

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Foto do author Marcos Antomil
Por Ricardo Magatti, Lucas Couto, especial para o Estadão e Marcos Antomil
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Começou na manhã desta segunda-feira o velório do maior jogador de todos os tempos. Os portões da Vila Belmiro foram abertos às 10h05 (horário de Brasília) para a entrada dos fãs. A maioria dos súditos do Rei do Futebol estão com camisas do Santos, da seleção brasileira ou carregando bandeiras e cartazes com dizeres, como forma de homenagear Pelé. A quem vem à cerimônia, filtro solar e garrafas de água são fundamentais. Boné também ajuda a aliviar o forte calor em Santos, com sensação térmica de mais de 30ºC.

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Os torcedores percorrem um corredor que leva do portão ao centro do gramado do estádio santista onde está o corpo de Pelé. Os fãs param por cerca de 30 segundos no local mais próximo ao caixão, a uma distância de cinco metros. Muitos usam as câmeras dos celulares para registrar o momento. Monitores espalhados pelo gramado do estádio instruem as pessoas a prosseguirem com a fila rapidamente. “Não pode parar”, bradam.

Antes de os portões serem abertos, a fila já era grande, e aumentou consideravelmente no início da tarde, fazendo com que o público demore até 2h para chegar no local onde está o corpo do Rei do Futebol para a última homenagem. Há fãs de todos os lugares do País e alguns do exterior. O caixão foi posicionado ao centro do gramado, embaixo da tenda principal por volta das 9h20. A viúva de Pelé, Marcia Aoki, e o filho, Edinho, foram os primeiros familiares a receber os convidados. Os outros filhos chegaram posteriormente.

À frente do caixão estavam Edinho e o ex-jogador Zé Roberto (que entre outros times defendeu o Santos), que foram dois dos responsáveis por carregar o corpo de Pelé ao centro do gramado. O caixão de Pelé está aberto ao público e assim ficará até o fim da solenidade. O fato de o corpo ter sido embalsamado e ficado em área refrigerada no hospital permite que fique aberto durante a cerimônia. Músicas cantadas pelo próprio Pelé, além do hino do Santos, tocam ininterruptamente no sistema de som do estádio.

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A fila tem fluído rapidamente e sempre exibe os fãs registrando o momento com a câmera de seus celulares. Eles caminham no tablado posicionado à direita da tenda. Existe um outro tablado do outro lado, quase sempre vazio. Esse espaço serviria para o percurso das autoridades até o caixão, mas elas, com a anuência da família, têm entrado por um terceiro caminho, na área central. A estimativa é de que 2,5 mil pessoas passam por hora pelo velório.

Súditos do Rei do Futebol aguardam no entorno da Vila Belmiro para darem adeus a Pelé. Foto: Alex Silva/Estadão

O corpo de Pelé, morto na última quinta-feira, 29, chegou a Vila Belmiro, em Santos, às 3h55 em carro fechado da funerária. O trajeto, de 80 km, entre o hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, e o estádio, foi percorrido via rodovia Anchieta com escolta especial feita pela tropa de choque da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal.

A chegada do corpo do Rei ao palco em que tanto brilhou foi acompanhada de perto por um grupo de fãs - alguns deles dormiram na fila - e torcedores organizados do Santos, que renderam homenagens com fogos de artifícios, bandeiras e aplausos, além de jornalistas brasileiros e estrangeiros. São 1.156 jornalistas credenciados, de 31 países trabalhando no evento.

Autoridades e personalidades

Autoridades, como os presidentes da Fifa, Gianni Infantino, e da Conmebol, Alejandro Domínguez, além do Ministro do STF Gilmar Mendes, entraram pelo portão 15 e foram acomodados sob a tenda em que está o caixão, ao lado de familiares e ídolos santistas. No local, há algumas dezenas de cadeiras e muitas coroas de flores. Após cerca de duas horas no local, os presidentes da CBF, FPF, Fifa e Conmebol deixaram a Vila Belmiro.

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O Presidente do Cômite Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, foi à Vila Belmiro prestar tributo ao Rei do Futebol e aproveitou o momento para ressaltar a importância de Pelé como ministro do Esporte no governo Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998. “Mas uma coisa que tenho observado, que tem se comentado, mas não com tanta ênfase, sobre a época que ele foi Ministro do Esporte, de 1995 a 1998. Quando foi criada a Lei Pelé, que abriu as portas para o esporte estar como está hoje, em questão das verbas oriundas da aposta, da Loteria Federal. Isso realmente é um divisor de águas para o esporte brasileiro, para o esporte olímpico brasileiro, além de ser fã e torcedor”, disse Paulo Wanderley.

Foram instaladas duas tendas no gramado do estádio. Uma menor, a principal, comporta aproximadamente 100 pessoas, e é destinada a familiares e ídolos eternos do Santos, como Pepe e Mengálvio.

O caixão com o corpo de Pelé está disposto embaixo da tenda menor, no centro do gramado, entre as cadeiras. Foram postos tablados dos dois lados de fora da tenda para a passagem de fãs, com distância de cinco metros para o caixão. A outra tenda, maior, vai receber autoridades e convidados, que poderão entrar na tenda principal caso a família libere.

O caixão de Pelé foi carregado por seu filho, Edinho, e o ex-jogador Zé Roberto, além de outras pessoas. Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo.

Após uma hora de velório, a família e amigos do Rei do Futebol se posicionaram ao redor do caixão e iniciaram uma corrente de orações, liderada por Edinho, filho de Pelé. Manoel Maria, ex-jogador e melhor amigo do ídolo, foi às lagrimas após a oração e foi confortado por Edinho na sequência.

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Gilmar Mendes, a primeira autoridade a chegar

Primeira personalidade a chegar no local, o ministro do STF, Gilmar Mendes, conversou com a imprensa e falou um pouco sobre sua relação com Pelé e com o Santos, seu time do coração. Gilmar Mendes chegou a dizer que “não é santista e sim Pelezista”, em demonstração de respeito e admiração ao Rei do Futebol.

Na sequência, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, chegou ao local acompanhado do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e o mandatário da Conmebol, Alejandro Domingues. Infantino atendeu a imprensa e comentou a respeito da importância de Pelé para o futebol. “O legado de Pelé é único para o futebol. Ele tinha o dom de Deus, algo que pouquíssimas pessoas na Terra têm. Era um dom que tocava os corações e nossas emoções”, disse Infantino.

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, reafirmou que irá prestar todas as homenagens possíveis para “o maior atleta de todos os tempos”. E definiu como uma “missão” manter o legado do Rei do Futebol em seu mandato.

“Hoje é um momento de dor para todos os fãs do futebol. Estou aqui para reverenciar a memória desse ídolo de todos nós. Quero reafirmar aqui que a CBF fará todas as homenagens possíveis ao maior atleta de todos os tempos. Pelé é eterno. Uma das minhas missões na CBF a partir de agora será a de preservar a sua história e perpetuar o seu legado. O dia que vi o Pelé em ação na minha frente durante um jogo em Ilhéus foi inesquecível. Eu era um adolescente de 13 anos e foi o maior presente que ganhei dos meus pais”, disse o presidente da CBF.

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“Lembro ainda hoje da emoção de ter visto o Pelé. Ele fez um dos gols na vitória do Santos contra a seleção local. Dois anos depois, viajei até Salvador para assistir o milésimo gol dele, que acabou não saindo. O Nildo tirou o gol quase na linha. Eu e a Fonte Nova praticamente inteira vaiamos o zagueiro do Bahia. Três dias depois, o Rei marcou o milésimo no Rio diante do Vasco”, lembrou Ednaldo Rodrigues.

Políticos marcam presença no velório

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou presença no velório, com previsão de chegar à Vila Belmiro às 9h de terça-feira, a uma hora do fim da cerimônia. Segundo apurou o Broadcast Político, ele esperava apenas tratativas finais junto à família do jogador. O chefe do Executivo e sua mulher, Janja, enviaram uma coroa de flores à família.

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas cumpriu sua primeira agenda pública em Santos para se despedir do Rei Pelé. O chefe do Executivo paulista chegou por volta de 11h (horário de Brasília) ao estádio e se dirigiu para a tenda em que está o corpo do Rei do Futebol.

Na saída da solenidade, o governador paulista falou com mais calma com a imprensa. “Foi o maior embaixador brasileiro no exterior, quem mais fez pelo esporte no Brasil”, disse ele sobre o Rei. “É o maior de todos e vai ser sempre o maior de todos. Qualquer homenagem a ele será pouco por tudo que fez”, acrescentou. Ele afirmou que quer “despertar novos talentos” em São Paulo por meio da inspiração de Pelé.

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Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, também está na cerimônia e revelou a ampliação do Bolsa Atleta Pelé para 5 mil crianças da capital paulista.

“Hoje a gente tem um Bolsa Atleta, que começamos agora, e vamos expandir para o Bolsa Atleta Pelé. A gente tem um auxílio de aproximadamente R$750 reais, evidentemente com alguns critérios, com as crianças precisando estar na escola. Vou fazer uma ampliação grande, para pelo menos cinco mil crianças poderem usar o Bolsa Atleta Pelé. A gente vai usar a inspiração do Pelé para essa garotada. Quando você põe um sonho, vindo da periferia, você pode correr atrás do seu sonho, e aqueles que têm habilidade possam desenvolver essa habilidade no esporte”, disse ao Estadão.

Claudio Cosme Pereira de Souza, prefeito de Três Corações, cidade onde nasceu o Rei Pelé, afirmou que o município mineiro vai homenagear o Rei com mais um monumento. Ele não quis dar detalhes, mas avisou que a obra foi projetada pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer. Na cidade, ja existem o Museu Pelé, a Casa Pelé e uma estátua.

“Pelé está aqui dentro, mas o coração está em Três Corações. É um momento difícil, mas o Pelé é eterno. Estamos em contato com o Instituto Niemeyer. A família dele nos procurou e quer fazer um monumento em Três Corações. Falta começar o projeto mais importante de Três Corações. O legado Pelé. Pelé não é de Três Corações, é do mundo”, ressaltou o prefeito.

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Claudio Cosme Pereira de Souza, prefeito de três corações, cidade onde nasceu o Rei Pelé, afirmou que o município mineiro vai homenagear o Rei mais um monumento Foto: Ricardo Magatti/Estadão

Ex-companheiros dão Adeus a Pelé

Entre os presentes para o adeus ao Rei do Futebol, figuram nomes que escreveram suas histórias no Santos e no futebol ao lado de Pelé. O goleiro Agnaldo, que defendeu a meta santista no icônico jogo do milésimo gol de Pelé, conversou com o Estadão sobre a morte do amigo.

“Com o Pelé, a gente sempre entrava em campo ganhando. O futebol mudou depois que surgiu Pelé. O pessoal faz comparações, mas nao precisa. Pelé é Pelé. Não tem nem vai ter outro. Dei a volta com ele no ombro no Maracanã. Isso ficou marcado. Nunca vou esquecer”, disse Agnaldo.

Manoel Maria, amigo do Rei do Futebol e ex-companheiro de Santos, revelou o sentimento de tristeza de “ter perdido um irmão”, com a morte de Pelé. “Sentimento de tristeza, né? De ter perdido um irmão. Uma convivência de 54 anos. Eu sinto bastante. Esses dias todinhos, quando o vejo dar entrevista, me emociono. Tenho de assimilar isso. Sei que vai passar. Ele sempre será eterno dentro do meu peito, o Edson. Pelé será eterno para o Mundo”, disse.

Confira quem prestou homenagens ao Rei do Futebol

Quem ainda não compareceu ou sinalizou presença no velório tratou de homenagear o Rei do Futebol com o envio de coroas de flores à Vila Belmiro. Segundo apurado pelo Estadão, além do próprio Santos Futebol Clube e seu presidente Andres Rueda, CBF, Federação Paulista de Futebol (e seus respectivos presidentes), o Comitê Olímpico do Brasil, São Paulo e Real Madrid foram algumas entidades que prestaram homenagens. O gesto foi repetido por nomes como o do apresentador Silvio Santos, o narrador Galvão Bueno, o senador Romário, o presidente da república da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol.

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Além destas personalidades, Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, o cartunista e desenhista Maurício de Sousa prestaram tributos ao Rei do Futebol. A ALESP, Assembleia legislativa do estado de São Paulo, foi outra entidade a enviar coroa de flores ao velório.

Neymar, astro do Paris Saint-Germain revelado pelo Santos, não pôde comparecer à Vila Belmiro, mas tratou de mandar uma coroa de flores para homenagear o ídolo. O pai do atleta, Neymar da Silva Santos, afirmou que o filho não irá ao velório, já que o Paris Saint-Germain não liberou o atacante para dar o último adeus na cerimônia em Santos. “Não, não, não consegue”, disse Neymar pai ao ser perguntado se o filho estaria na cerimônia.

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