Vini Jr amplifica voz antirracista, assume a 10 e vira referência da seleção brasileira

Brasil enfrenta Guiné em amistoso neste sábado sob a liderança do atacante do Real Madrid, protagonista dentro e fora de campo

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Foto do author Ricardo Magatti

Pouco se fala sobre Neymar na seleção brasileira. Muito se fala sobre Vinicius Junior. Sem o astro do Paris Saint-Germain, ainda em recuperação de lesão, a referência técnica do Brasil passou a ser o craque do Real Madrid, cujo protagonismo na equipe cresce na mesma proporção em que ele amplia sua voz contra o racismo de que é vítima sistematicamente na Espanha.

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Com Vini Jr protagonista em campo e fora dele, o Brasil enfrenta Guiné neste sábado, às 16h30 (de Brasília) em Barcelona. O jogo terá transmissão da Globo e do SporTV, além do Globoplay no streaming. Trata-se do segundo amistoso da seleção depois da fracassada campanha na Copa do Mundo do Catar, na qual caiu nas quartas de final com revés nos pênaltis para a Croácia.

“Eu quero seguir isso por todos aqueles jovens, por todas aquelas pessoas que sofrem, que não tem a voz que eu tenho”, disse o jovem atacante de 22 anos, personalidade mais buscada da história do Google Brasil um dia depois de ter sido chamado de “macaco” por boa parte da torcida do Valencia, no mês passado.

Na seleção, Vini Jr. foi acolhido, encontrou respaldo da CBF que não vinha tendo no Real Madrid e passou a ser o rosto e a voz contra o racismo da Fifa em força-tarefa a ser criada pela entidade, segundo anunciou nesta semana o presidente Gianni Infantino. O brasileiro trabalha de forma bem-sucedida para construir imagem de atleta vencedor e mantê-la sem arranhões, com valores bem definidos.

Vinicius Junior em treinamento da seleção brasileira em Barcelona Foto: PAU BARRENA / AFP

Os frequentes insultos racistas direcionados ao jogador em diferentes estádios da Espanha motivaram ações coordenadas pela CBF. Foi marcado um amistoso contra a Espanha no Santiago Bernabéu, em 2024, com temática antirracista e o atacante como principal personagem dessa cruzada contra a discriminação. O duelo deste sábado diante da Guiné também faz parte desse pacote de medidas que a entidade diz adotar.

Uma delas é o uniforme todo preto com o qual a seleção vai jogar pela primeira vez em 109 anos de história. Todos os atletas usarão preto durante o primeiro tempo. No segundo, voltarão do vestiário com a tradicional camisa amarela, que também terá uma alusão à luta contra o racismo.

“É uma manifestação muito importante, não só pelo caso do Vinicius, mas por todos os casos. A gente sabe que muita gente passa por isso e as vezes não tem voz”, comentou Rodrygo, companheiro de Vini Jr. No Real Madrid.

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“Quando a gente fala de jogadores experientes que são referências, o Vinicius é uma referência do que é ser brasileiro. Grandíssimo jogador, tenho a honra de ser o treinador dele neste momento”, definiu o técnico interino Ramon Menezes.

Vini Jr. é estrela em campo e fora dele, encampando luta antirracista Foto: Albert Gea/Reuters

Escalação com 9 remanescentes da Copa

Ramon continua no comando de forma interina até Ednaldo Rodrigues encontrar um substituto para Tite. O presidente cogita esperar até 2024 por sua prioridade, o italiano Carlo Ancelotti. Técnico da seleção sub-20, Ramon prefere não comentar as negociações da CBF por um novo comandante.

“Vamos esperar o que vai acontecer. Estou concentrado para fazer estes dois jogos. Para fazer com que o Brasil volte a vencer”, limitou-se a dizer na véspera do jogo o comandante provisório da seleção, que considera Ancelotti um “grandíssimo treinador”. “Vamos fazer um ótimo jogo e todos os 23 podem entrar e jogar. São todos de altíssimo nível técnico. Olho e vejo o prazer por estarem aqui e vestindo a camisa da seleção”.

Ramon manteve Casemiro com a braçadeira e capitão e não confirmou os titulares que enfrentarão o rival africano. A tendência é de que as principais novidades em relação ao último jogo, a derrota por 1 a 0 para Marrocos em amistoso em março, sejam Ayrton Lucas, do Flamengo, na lateral esquerda e Joelinton, do Newcastle, no meio de campo.

Os dois devem ser os únicos não titulares que não disputaram a Copa do Catar. Weverton será titular no gol caso Alisson não possa jogar. O goleiro do Liverpool deixou o último treino mais cedo com um problema no dedo.

BRASIL X GUINÉ

BRASIL: Alisson (Weverton); Danilo, Éder Militão, Marquinhos e Ayrton Lucas; Casemiro, Joelinton e Lucas Paquetá; Rodrygo, Vini Jr. e Richarlison. Técnico: Ramon Menezes.

GUINÉ: Kone; Conte, Sow, Camara e Sylla; Diawara, Moriba, Guilavogui, Kamano e Naby Keita; Guirassy. Técnico: Kaba Diawara.

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Juiz: Albert Avalos (Espanha).

Horário: 16h30 (de Brasília).

Local: Estádio Cornellà-El Prat, em Barcelona.

TV: Globo e SporTV.

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