CBF manifesta apoio a Vini Jr. em ataque racista na Espanha e jogador diz: ‘Que venham mais bailes’

Atacante da seleção e do Real Madrid foi ofendido por um agente de futebol em canal de TV, que disse que o brasileiro fazia ‘macaquices’ ao dançar nas comemorações

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Atualização:

O atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid, vítima de declarações racistas do empresário Pedro Bravo em uma TV da Espanha, recebeu o apoio da CBF nesta sexta-feira. Em nota, Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade que comanda o futebol brasileiro, manifestou a sua solidariedade ao atleta revelado pelo Flamengo.

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“Nenhum ser humano merece ser vítima de xingamentos racistas. Minha solidariedade ao Vinícius Junior. A CBF repudia sempre qualquer manifestação neste sentido. É lamentável ainda ouvirmos declarações deste tipo no século 21″, disse o presidente da CBF.

Em sua fala, Pedro Bravo disse que Vini Jr. não deveria “fazer macaquice” e comemorar os seus gols dançando. A fala repercutiu mal, fazendo com que fãs do jogador levantassem a hashtag #BailaViniJr nas redes sociais, nesta sexta-feira, em apoio ao atleta. Em sua conta oficial no Twitter, a entidade máxima do futebol brasileiro se manifestou escrevendo “Vai ter dança, drible, mas, acima de tudo, respeito”. O próprio Vinícius respondeu à publicação, dizendo “e que venha muito mais bailes!”

Vini Jr. em ação pelo Real Madrid. Jogador foi alvo de ataque racista ao criticarem suas comemorações com dança.  Foto: JAVIER SORIANO / AFP

Para Ednaldo Rodrigues, não há preço que pague o que passa uma pessoa vítima de racismo e os crimes merecem punição, dentro e fora de campo. Eleito em março, ele é o primeiro negro a comandar a CBF. Desde então, a entidade realiza uma série de ações de combate ao preconceito.

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No mês passado, durante a realização do Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, na sede da entidade, - e que contou com a presença do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez -, Rodrigues foi taxativo e defendeu fortemente a punição, com perda de pontos, para atos de racismo em campo, além da perda financeira para os clubes, entre outras formas de sanção, incluindo penas na área criminal. O seminário contou com discurso do presidente da Fifa, Gianni Infantino, e a presença do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Nesta semana, em reunião virtual que mais uma vez teve a participação do presidente da Conmebol e de presidentes de outras confederações, Rodrigues enfatizou a importância de combate ao racismo. Presidentes de 16 clubes do continente, sendo seis do Brasil, participaram também do evento.

“Não existe mais licença paga para o racismo. Não basta pagar uma multa vultosa e, com isso, considerar que houve combate ao racismo. Nada justifica atos como esses. Sou a favor da aplicação de multas financeiras em montantes significativos, da perda de pontos, mas é preciso deixar claro que nada disso terá efeito concreto de forma isolada. É necessário também que se responda criminalmente”, completou Rodrigues.

Quem também marcou posição sobre esse episódio foi Pelé. O Rei do Futebol condenou as falas racistas de Pedro Bravo e ressaltou que as pessoas negras precisam continuar lutando pelos seus direitos.

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“Não permitiremos que isso nos impeça de continuar sorrindo. E nós continuaremos combatendo o racismo todos os dias desta forma: lutando pelo nosso direito de sermos felizes e respeitados”, disse Pelé em postagem no Instagram.

Em um programa da TV da Espanha, o empresário Pedro Bravo disse que Vinícius Júnior precisa respeitar os companheiros. “Se quer dançar que vá para o sambódromo e deixe de fazer macaquice”, afirmou o agente em referência às ao fato de o atacante merengue festejar seus gols com dancinhas.

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