Vinicius Junior deu mais um show na terça-feira. Fez dois gols, deu uma assistência e sofreu a falta que resultou em outro gol no massacre por 5 a 2 do Real Madrid sobre o Liverpool, em Anfield. Aliás, a virada só foi possível porque, quando os Reds venciam por 2 a 0 e os merengues estavam nas cordas, Vini tirou um golaço da cartola e se posicionou no único lugar em que Alisson não poderia ter mirado seu chutão pra frente.
O espetáculo na Inglaterra só reforçou que Vini Jr. é o protagonista do Real Madrid. É o artilheiro do clube na Liga dos Campeões (6 gols) e na temporada europeia (15 gols). É o líder de assistências da equipe (8). Na terça, ainda se tornou o maior goleador do pesado duelo entre Real e Liverpool, que já decidiram três vezes a Liga dos Campeões. Vini fez 6 contra os Reds, incluindo o da final de nove meses atrás, em Paris, vencida pelos espanhóis.
Os números se tornam mais mágicos diante das dificuldades enfrentadas por Vinicius Junior. Ninguém sofre mais faltas do que ele nas sete principais ligas europeias. São 20 a mais do que Neymar, o segundo no ranking. Para além dos pontapés, Vini tem de superar os nojentos ataques racistas que se repetem a cada rodada na Espanha, ainda com reação leniente demais das autoridades espanholas.
Vini Jr saiu do Brasil com 18 anos. Isso, por si, já o obrigaria a amadurecer rapidamente. Os pontapés e os insultos aceleraram ainda mais o processo. Ele encara a todos de cabeça erguida, marcadores e racistas. Com dribles de efeito, gols espetaculares, frases firmes e o baile contagiante a cada gol. Sem rolar pelo gramado como se tivesse levado um tiro, sem hashtags vazias nem entrar em polêmicas desnecessárias dentro e fora de campo, sem arrastar ‘parças’ por onde anda.
Hoje, Vini Jr é o maior jogador do maior clube do mundo. É o grande nome de mais um início de ciclo da maior seleção de futebol de todos os tempos. Aos 22 anos, Vini Jr já é o adulto que Neymar, aos 31, ainda não conseguiu ser. E talvez nunca consiga.
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