Brasil se despede de Zagallo; velório acontece na sede da CBF, no Rio, neste domingo

Tetracampeão mundial com a seleção, Velho Lobo consagrou a ‘amarelinha’ e deixou enorme legado no futebol

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Foto do author Marcos Antomil

Fãs, amigos e familiares prestam suas últimas homenagens a Mário Jorge Lobo Zagallo neste domingo, no Rio. O corpo do Velho Lobo, ícone do futebol brasileiro e único quatro vezes campeão mundial, será velado na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Barra da Tijuca. A cerimônia, aberta ao público, começa às 9h30.

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O sepultamento de Zagallo está previsto para acontecer também neste domingo, às 16h, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul da capital fluminense. O local fica cerca de 22 quilômetros distante da sede da CBF.

Zagallo morreu, aos 92 anos, no fim da noite de sexta-feira, vítima de falência múltipla dos órgãos, causada pela progressão de comorbidades. Ele enfrentava problemas de saúde nos últimos anos e teve de ficar hospitalizado algumas vezes. O histórico técnico e jogador ingressou no Hospital Barra D’Or no dia 26 de dezembro e permaneceu internado até a data de sua morte.

Zagallo comanda treinamento da seleção brasileira durante a Copa de 1998. Foto: Paulo Pinto/ AE

O uso da sede da CBF para a despedida a Zagallo foi um pedido da família do Velho Lobo. Com a camisa da seleção brasileira, ele ganhou quatro Copas do Mundo. Duas como jogador, em 1958 (Suécia) e 1962 (Chile), uma como treinador, em 1970 (México) e a última como auxiliar de Carlos Alberto Parreira no Mundial de 1994, disputado nos EUA.

Com a seleção brasileira, Zagallo construiu uma relação ímpar. A história da “amarelinha”, como ele mesmo batizou, e a sua se entrelaçam. O “Velho Lobo” foi um dos maiores responsáveis por elevar o futebol do País e torná-lo o mais conhecido e exaltado mundo afora. Zagallo também passou por clubes, foi formado no América-RJ e alcançou o auge no Flamengo e no Botafogo. Treinou equipes do Brasil e do Oriente Médio, mas foi da seleção que Zagallo se tornou sinônimo.

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Zagallo foi “Formiguinha” em uma legião de heróis da bola e, mais tarde, líder de uma constelação. Com a camisa 7, compartilhou espaço em campo com Gilmar, Djalma Santos, Orlando, Bellini, Nilton Santos, Didi, Zito, Garrincha, Vavá e Pelé, em 1958.

Em 1970, “esculpiu o jogo bonito” como mencionou o francês Le Figaro. Coube a ele encaixar craques que dividiam posição e derramavam talento. Na final contra a Itália, escalou Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo, Gérson, Jairzinho e Rivellino; Pelé e Tostão. Com a seleção, Zagallo não viveu apenas glórias. Perdeu as Copas de 1974, 1998 e 2006, mas das vitórias construiu um legado sem igual.

Zagallo tinha um estilo peculiar e defendia da forma que podia a honra da seleção brasileira e de seu trabalho. “Vocês vão ter de me engolir” foi uma das frases mais marcantes. “Aí, sim, fomos surpreendidos novamente”, outra. O Velho Lobo era uma fábrica de manchetes. Com o número 13 construiu uma superstição por causa do dia de Santo Antônio, de quem sua mulher, Alcina, que morreu em 2012, era devota.

Personalidades e veículos de comunicação de todas as partes deixaram mensagens saudando Zagallo no dia seguinte à sua morte. Ronaldo Fenômeno exaltou a sorte por ter o Velho Lobo como treinador. Parreira reverenciou seu “melhor amigo”. Felipão lamentou: “Perdemos o nosso professor”. “Nosso herói”, disse Marta, enquanto Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos o chamaram de “mestre”. Até mesmo Romário, com quem não mantinha uma relação de amizade, reverenciou o ícone: “Zagallo tem a mesma importância do Pelé.”

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