Brasil foca em detalhes de logística da equipe na China a um mês dos Jogos de Inverno

Delegação brasileira deverá contar com até 14 atletas e o número de oficiais (técnicos, auxiliares, fisioterapeutas, médicos e staff) deverá ficar entre 22 e 26 profissionais

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Por Redação

Falta apenas um mês para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, na China. O Brasil deverá contar de 10 a 14 atletas e o número de oficiais (técnicos, auxiliares, fisioterapeutas, médicos e staff) deverá ficar entre 22 e 26 profissionais, dependendo do número de classificados. A delegação se dividirá entre as zonas de Yanqing, que receberá os atletas das modalidades de esqui alpino, bobsled e skeleton, e de Zhangjiakou, que receberá os competidores do esqui cross country, esqui estilo livre e snowboard.

O deslocamento entre as duas zonas de competição é de cerca de 1 hora e 40 minutos, sendo que Zhangjiakou fica a 2 horas e 40 minutos de Pequim. As Vilas Olímpicas serão abertas no próximo dia 27. Para estar tudo pronto até lá, a primeira equipe do Comitê Olímpico do Brasil (COB) deverá chegar à China no próximo dia 24, com os primeiros atletas desembarcando na capital chinesa cinco dias depois.

Brasil foca em detalhes de logística da equipe na China a um mês dos Jogos de Inverno Foto: Iain McGregor / AFP

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"O maior desafio logístico é o tempo curto entre a definição oficial dos classificados, que só sai no dia 17, e o início da competição. Apesar de já estarmos acostumados com esse tipo de prazo, Pequim tem a peculiaridade de ser realizado em um contexto pandêmico, com muitas restrições de deslocamento. Apenas 17 companhias aéreas estão habilitadas a oferecer voos para Pequim no período dos Jogos, saindo de apenas quatro aeroportos até o momento. Então, é um verdadeiro quebra-cabeça que o COB está montando para oferecer a melhor estrutura possível aos atletas e oficiais”, disse Anders Pettersson, chefe da delegação.

Os protocolos em Pequim-2022 serão ainda mais rígidos do que foram em Tóquio-2020. Isso porque o Comitê Organizador dos Jogos decidiu adotar o conceito do "close loop" (ou circuito fechado, em uma tradução livre). Ou seja, só pode ter contato com os atletas quem estiver dentro da bolha. Todos os credenciados precisarão partir de aeroportos e em voos previamente informados. Até o momento, são apenas quatro hubs liberados (Paris, Tóquio, Hong Kong e Cingapura), sendo que nenhum nas Américas, e a entrada na China é obrigatoriamente por Pequim. É preciso ter dois testes RT-PCR negativos com no mínimo 24 horas entre eles e no máximo 96 horas antes do voo direto. Um dos testes negativos deverá ser em até 72 horas da última perna para a China e em um laboratório credenciado pelos chineses.

Para entrar na bolha, quem estiver completamente vacinado não precisa fazer quarentena. Não será obrigatório, mas as autoridades chinesas estão incentivando a dose de reforço. Quem não estiver, precisará ficar em isolamento 21 dias antes de entrar na bolha. Só poderão ser frequentados locais oficiais de Jogos, usando apenas o transporte oficial, que terá espaços exclusivos (como vagões específicos) para os credenciados para Pequim-2022 mesmo nos trens públicos. Não será permitido nenhum contato com pessoas fora da bolha. Por isso, além de cumprir todas as exigências do Comitê Organizador, o COB irá fazer outros testes, inclusive uma avaliação cardiológica, em todos os integrantes da delegação.

“Em Tóquio, tínhamos medidas de distanciamento e um monitoramento muito forte por parte do COB, mas alguma flexibilização das regras de isolamento por parte do Comitê Organizador durante o período dos Jogos, como a permissão de uso de transporte público pela imprensa e trabalhadores voluntários. Em Pequim, não haverá isso e será mais fácil monitorar os contatos próximos porque teremos certeza de que todos estarão dentro da bolha, adotando exatamente as mesmas medidas”, disse Felipe Hardt, chefe-médico do COB na Missão, que terá a companhia de Leonardo Hirao. Eles se dividirão entre as duas zonas com atletas do Brasil na China.

“Além disso, a questão da obrigatoriedade da vacina e o incentivo forte à dose adicional para todos os integrantes, dá um pouco mais de segurança. No caso da delegação brasileira, o nosso objetivo é que todos os integrantes da delegação tenham a vacinação completa. Estamos realizando reuniões periódicas com os chefes de equipe e contamos com apoio das médicas Beatriz Perondi e Ho Ye Lin, que atuaram em Tóquio, quando não tivemos nenhum caso de covid-19 na delegação”, completou Hardt.

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PANORAMA DOS ATLETAS BRASILEIROS

Nos desportos no gelo, o Brasil tem as vagas no skeleton feminino, com Nicole Silveira, e bobsled masculino, nas provas de 4-man e 2-man, bem garantidas e chances muito boas no monobob feminino, com Marina Tuono.

Nicole alcançou a nona colocação na quinta etapa da Copa do Mundo em Altenberg (Alemanha), sendo a melhor atleta não europeia nesta etapa. Foi a melhor colocação de um brasileiro na história das Copas do Mundo. Na sexta etapa, em Sigulda (Letônia), ficou em 24.º. Essa semana, ela disputa a sétima etapa em Winterberg e fecha suas competições com a oitava etapa em St. Moritz. Após, irá retornar para Calgary (Canadá) para finalizar a preparação.

No bobsled, os brasileiros finalizaram as competições de 2-man, 4-man e monobob da North American Cup (NAC) em Lake Placid (Estados Unidos) em dezembro, conquistando importantes resultados para pontuação no Ranking Olímpico. Agora, Marina participa da sétima etapa da Copa do Mundo em Winterberg e fecha suas competições com a oitava etapa em St. Moritz. O masculino também irá participar dessa etapa, nos dias 15 e 16. Todos ficam treinando na Europa, antes de viajar para China.

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Nos desportos na neve, são quatro vagas garantidas até o momento. Três delas no esqui cross country, duas no feminino e uma no masculino. Entre os homens, Manex Silva e Steve Hiestand atingiram resultados que os colocam como prioridades na participação. No feminino, Bruna Moura, Eduarda Ribera e Jaqueline Mourão estão na lista de prioridades de participação. Mirlene Picin ainda pode conquistar o critério B no Sprint e entrar na disputa direta com as três atletas.

No esqui alpino, Michel Macedo, principal candidato à vaga na modalidade no masculino, venceu a prova de Slalom em Proctor Ski Area, nos Estados Unidos, no último final de semana. No feminino, Isabella Springer precisa de cinco provas abaixo de 160 pontos FIS - fez uma no último dia 22. Precisa de outras quatro até o próximo dia 16.

No esqui estilo livre, Sabrina Cass, que disputa a prova de Moguls, está na zona de classificação para Pequim-2022 e compete em Tremblant (Canadá) nesta sexta-feira. Cinco dias depois, busca os últimos pontos no ranking em Deer Valley (Estados Unidos) e fecha a temporada de competições antes dos Jogos Olímpicos em Chiesa in Valmalenco (Itália).

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Já no masculino, os irmãos Dominic e Sebastian Bowler buscam a vaga na prova de halfpipe. Eles competiram na Copa do Mundo em Calgary, no Canadá, no último final de semana. Sebastian teve o melhor desempenho com o 24.º lugar e 37.50 pontos FIS. A próxima etapa será em Mammoth Mountain, nos Estados Unidos, neste final de semana. Eles também competirão no Slopestyle, em que Dominic já tem mais de 50 pontos FIS, mas precisa obter um Top 30.

No snowboard, a única chance agora é com Augustinho Teixeira, no halfpipe, que disputa ainda duas provas: em Mammoth Mountain (Estados Unidos), nesta quinta-feira, e em Laax (Suíça), no próximo dia 13. O atleta de apenas 16 anos já alcançou o Top 30, um dos requisitos para a vaga olímpica de 2022.

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