Para ONG, esportes de competição podem prejudicar crianças

Organização Save the Children afirma que seis milhões de crianças chinesas treinam em condições duríssimas

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Por Efe
Atualização:

A ONG Save the Children apresentou nesta quarta-feira o relatório "Crianças em competição", no qual critica a prática de esportes de competição por atletas cada vez mais jovens.   O estudo mostra que o esporte repercute positivamente no desenvolvimento físico, mental e moral de uma criança, porque além de ser uma diversão, é capaz de disciplinar e dar autoconfiança.   No entanto, a Save the Children diz que o esporte é prejudicial quando deixa de ser uma atividade lúdica e complementar e passa a servir apenas para "satisfazer os desejos dos pais".   Segundo a ONG, 2.600 ginastas menores de 16 anos vão parar anualmente em hospitais do Reino Unido com lesões provocadas por exercícios físicos.   Além disso, cerca de 15% destas atletas correm o risco de sofrer com distúrbios alimentares, como a anorexia, ou problemas de crescimento, como a perda da massa óssea prematura.   O relatório também critica a China, cuja capital será palco dos Jogos Olímpicos deste ano. Para a Save the Children, "o vertiginoso êxito do esporte chinês ocorre junto ao rigoroso programa de treinamento estabelecido" em mais de 11.600 escolas esportivas, nas quais cerca de seis milhões de crianças treinam em condições "duríssimas" e chegam a sofrer maus-tratos de seus treinadores.   Já algumas modalidades colocariam diretamente em perigo a integridade física destes atletas prematuros, como o Muay Thai ou boxe infantil tailandês, um esporte que tem movimentado muito dinheiro e submete crianças a "condições terríveis", segundo a ONG.   Há também o caso das corridas de camelos nos Emirados Árabes Unidos, proibidas em 2005, nas qual se utilizavam milhares de meninos seqüestrados em Bangladesh, Paquistão ou Sudão.   Outro motivo de crítica foi o "recrutamento" de jovens promessas de futebol, a maioria deles da África, que por meio de documentos falsos vão parar na Europa.   Segundo o relatório da ONG, 98% destes jovens vivem em de forma ilegal na Europa, 70% são menores de idade e a maioria acaba nas ruas das grandes cidades, sem possibilidade de retornar a seus países de origem.   Para evitar abusos, a organização aconselha que os menores de sete anos não participem de competições e que até os 13 não se especializem em nenhum esporte.

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