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Jordan Chiles atribui perda de medalha na ginástica em Paris a racismo: ‘Não consegui ser ouvida’

Ginasta americana, que havia sido bronze no solo feminino, perdeu a posição na Corte Arbitral do Esporte (CAS)

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Por Estadão Conteúdo
Atualização:

Um mês após perder a medalha de bronze na final do solo dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 por determinação da Corte Arbitral do Esporte (CAS), a norte-americana Jordan Chiles quebrou o silêncio e deu uma declaração bastante polêmica sobre a decisão, garantindo que foi um ato racista. Na visão da ginasta, tudo ocorreu por causa “da cor de sua pele”.

O CAS alegou na época que os 0.100 acrescentados à nota de Chiles após um recurso da delegação dos Estados Unidos foi irregular. O Tribunal afirmou que o pedido foi feito depois do prazo estabelecido de um minuto e que a medalha fosse repassada para a romena Ana Barbosu. As delegações trocaram recursos pelo terceiro lugar olímpica. A romena teve uma cerimônia após os Jogos.

Na ocasião da determinação pela devolução, a ginasta apenas postou alguns corações partidos com a decisão e resolveu abandonar as redes sociais. Após alguns dias, apenas postou fotos. Convidada para falar no Forbes Power Women’s Summit, nesta quarta-feira, 11, em Nova York, ela não poupou críticas à decisão.

Jordan Chiles chegou a ficar com o bronze no solo feminino, mas perdeu a medalha após decisão do CAS. Foto: Francisco Seco/AP

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“A maior coisa que foi tirada de mim foi o reconhecimento de quem eu era. Não apenas meu esporte, mas a pessoa que eu sou. Para mim, tudo o que aconteceu não tem a ver com a medalha, mas sim com a cor da minha pele”, afirmou, sem conseguir segurar as lágrimas, Chiles, na Cúpula das Mulheres. Em Paris-2024, o pódio foi todo negro, com Rebeca Andrade em primeira, a compatriota Simone Biles em segundo e ele na terceira colocação, o que gerou uma icônica foto das americanas reverenciando a brasileira.

Chiles ainda reclamou que acabou no “escuro”, sem respaldo de ninguém. Ela já havia se decepcionado em 2018, quando “perdeu o amor pelo esporte” ao acusar um treinador de abuso emocional e verbal e não ser ouvida. E mostrou que o sentimento atual é parecido. “Me sinto como se tudo tivesse sido retirado novamente. Em 2018 perdi o amor pelo esporte e o perdi novamente. Senti que fiquei realmente no escuro, que tiraram algo de mim tentando colocar o nome ginástica na frente”.

A ginasta participou recentemente do desfile do Nova York Fashion Week. Foto: John Lamparski/AFP

A norte-americana imaginava que a situação atual seria diferente e não imaginava ter de relembrar o calvário de 2018. “Eu não conseguia usar minha voz nem ser ouvida. Isso é uma coisa que sinto agora, que não consegui ser ouvida. Mas fiz história e sempre continuarei fazendo com a razão. Segui as regras, minha treinadora seguiu as regras”, continuou Chiles.

Classificação da final do solo feminino da ginástica artística em Paris-2024

  1. Rebeca Andrade (Brasil) - 14.166 pontos
  2. Simone Biles (EUA) - 14.133
  3. Ana Barbosu (Romênia) - 13.700
  4. Sabrina Maneca-Voinea (Romênia) - 13.700
  5. Jordan Chiles (EUA) - 13.666
  6. Alice D’Amato (Itália) - 13.600
  7. Rina Kishi (Japão) - 13.166
  8. Yshuan Ou (China) - 13.000

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Ela reforça que Cecile Landi não atrasou quatro segundos para enviar o recurso que resultou na mudança de sua pontuação para ficar em terceiro lugar, o que a USA Gymnastics também garante ter provas de ter sido a tempo. Apesar de ter perdido a medalha de bronze, Chiles viu que continua no coração da torcida ao receber muito carinho em Nova York.

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