Luciele Velluto Entender o funcionamento da bolsa de valores e decidir entre as melhores opções de investimento no mercado financeiro pode ser uma tarefa mais fácil do que parece. Jogos online, simuladores, a compra de uma camiseta ou até tomar cerveja estão entre as possibilidades para os iniciantes começarem a se familiarizar com esse universo.De forma divertida é possível conhecer o mercado de ações e ter uma base para realmente se fazer aplicações em renda variável. "A ideia é sentir o clima, como se estivesse dentro da bolsa. Quando sair dessa condição de experiência vai poder encontrar um ambiente parecido na hora de investir", explica José Alberto Netto Filho, professor de Educação Financeira da BM&FBovespa. Uma dessas ferramentas é o SimulAção, simulador que reproduz o funcionamento a bolsa de valores em que o usuário cadastrado usa o programa para se conectar com o pregão. O simulador é igual ao sistema de negociação eletrônico oferecido pelas corretoras aos investidores reais - o home broker. Com ele é possível comprar e vender papéis cotados na BM&FBovespa com apenas 15 minutos de atraso do que se passa no pregão real. O SimulAção é gratuito e tem 92 mil usuários inscritos, dos quais 6% deles se tornaram investidores reais em renda variável. "Com esse tipo de instrumento o interessado pode descobrir quando é o momento de comprar, vender, como diversificar a carteira de ações e criar a cultura de bolsa para se tornar um investidor", diz o pesquisador do Instituto Assaf, de análises e pesquisas econômicas, Fabiano Guasti Lima. Para quem gosta de redes sociais, o Facebook oferece o Dosh, um jogo sobre mercado financeiro cujo objetivo é negociar papéis de uma empresa específica na bolsa. O participante ainda pode interagir com outros investidores. O Dosh apresenta ainda um campo para apostas sobre qual será a pontuação da BM&F Bovespa no próximo pregão. Os amantes de futebol também contam com um jogo que mistura o tema com a bolsa de valores. No jogo online gratuito Futbroker, o usuário pode aplicar em ações de jogadores e técnicos de diversos times nacionais e operar assim em uma espécie de bolsa do futebol. Mas esse tipo de experiência vai além. Há sites de compra online e até um bar que funciona em um esquema semelhante ao mercado financeiro onde o preço de seus produtos são negociados. O site de venda de camisetas I Love Trade, da empresa de cursos de análise técnica para investidores Leandro & Stormer, vende camisetas temáticas para amantes da bolsa de valores. Os preços dos produtos acompanham a demanda: quanto mais vendida, mais o preço da camiseta sobe, como um ativo na bolsa. E para quem prefere aprender sobre o mercado no happy hour, a opção em São Paulo é o Wall Street Bar, onde o sistema de cotação de preços é destinado às bebidas. No local, o consumidor pode ver na tela qual o preço do produto, se está em alta ou baixa e fazer o pedido pelo monitor, que fica na mesa. "É bem parecido com o mecanismo da bolsa. É diversão garantida para quem gosta, para quem quer conhecer e se entreter", afirma Artur Renato Araújo da Silva, de 31 anos, analista de sistemas, investidor e frequentador do bar. Na mesma mesa, a professora de inglês Ecleia Fernandes Araújo da Silva, 34 anos, achou, num primeiro momento, os números do telão confusos, mas ao mesmo tempo desafiadores. "Me senti dentro da bolsa. E quando de se olha os preços, o seu objetivo é sempre levar vantagem", diz a professora. Mas a companheira de happy hour, a profissional de marketing Fabiana Neves, 35 anos, não se sente tão confortável com as oscilações de preços: "Correr riscos não é para mim". Para os especialistas, o importante para quem quer partir para esse tipo de investimento é procurar adquirir experiência e não ficar apenas no virtual. "Tem que fazer anotações do que deu certo e errado, buscar informações e até cursos para se aprimorar. E entrar no mercado real com calma", aconselha Lima, Instituto Assaf.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.