Lamine Diack, o ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), que esteve envolvido em vários casos de corrupção no esporte, morreu ontem aos 88 anos. A causa não foi revelada. Entre os escândalos de que o senegalês foi acusado está o da compra de votos para escolha do Rio para sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O caso levou o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, a ser condenado a 30 anos de prisão.
A notícia foi revelada pela imprensa local e depois confirmada pela família de Lamine Diack. A causa da morte não foi revelada. "Sim, o meu pai acaba de ser chamado por Deus, gostaríamos que ele continuasse nos acompanhando, mas ele foi embora", disse seu filho, Papa Massata Diack, à agência senegalesa de notícias. Papa também é acusado de corrupção nos mesmos casos do pai e recorre em liberdade da pena de cinco anos de prisão que recebeu na França.
Na apuração da compra de votos a favor do Rio, Diack foi investigado na Operação Unfair Play, do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. O senegalês teria dividido US$ 2 milhões entre vários dirigentes ligados ao COI (Comitê Olímpico Internacional) em troca de quatro votos para a candidatura carioca. A escolha ocorreu em 2009.
No dia 25 de novembro passado, Nuzman acusado de envolvimento no esquema, foi condenado a 30 anos, 11 meses e oito dias de prisão pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele nega os crimes e recorre em liberdade. O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que já cumpre pena por várias outras condenações, pegou mais dez anos e oito meses de prisão por corrupção passiva no caso da Olimpíada do Rio.
OUTROS ESCÂNDALOS
Presidente da Iaaf – atualmente denominada World Athletics – entre 1999 e 2o15, Lamine Diack teve o nome envolvido em vários outros casos de corrupção. Além da compra de votos para o Rio, ele foi acusado de fazer a mesma manobra a favor de Tóquio-2020. Por isso, em 2020,foi condenado na França, onde vivia, há quatro de prisão por tráfico de influência. Mas não chegou a ser encarcerado. Alegou ter problemas de saúde que colocaria em risco sua vida que estivesse no cárcere e cumpriu a pena em prisão domiciliar. Em maio deste ano, pagou fiança para se livrar da prisão domiciliar erecebeu permissão para deixar a França e voltou para o Senegal.
Outro caso de corrupção com ligação com Diack foi o acobertamento de casos de doping da Rússia em troca de propina – teria embolsado cerca de R$ 15 milhões. Também foi acusado de desviar dinheiro da Iaaf quando presidiu a entidade. Nascido em Dakar em 1933, Diack teve uma vida ligada ao esporte. Não apenas dirigente, como também na função de atleta. Ele praticou diversas modalidades na infância: atletismo, basquete, futebol, tênis e vôlei. O senegalês se tornou, antes da independência do país, campeão nacional (7,63 metros) e campeão universitário (7,72 metros) no salto em distância na França, em 1958 e 1959, respectivamente. Em 1973, Diack foi eleito o primeiro presidente da Confederação Africana de Atletismo e ocupou a presidência do Comité Olímpico do Senegal de 1985 até 2002. Desempenhou as funções de Ministro da Juventude e Desportos do país africano, de Presidente da Câmara de Dakar e ainda se elegeu deputado na Assembleia Nacional do Senegal. Entre 1978 e 1980, foi prefeito de Dacar.
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