A polêmica derrota para o mexicano Oscar Valdez no último dia 10, em Tucson, na Califórnia, após 12 assaltos, na disputa do título dos superpenas do Conselho Mundial de Boxe, não abalou a confiança, o entusiasmo e o otimismo de Robson Conceição. Em entrevista ao Estadão, o medalha de ouro na Olimpíada do Rio-2016 afirmou que espera ter uma revanche, mas, que, independentemente disso, já se coloca entre os melhores do momento e pronto para enfrentar qualquer desafio internacional.
"A visibilidade foi muito grande, o mundo todo viu que venci a luta. Isso me coloca entre os melhores do mundo. Daqui para frente sei que estou pronto para enfrentar grandes desafios", afirmou o boxeador baiano, de 32 anos, que soma 16 vitórias (oito nocautes) e apenas uma derrota.
Você viu de novo a luta? Quantos rounds você venceu diante de Valdez?
Eu não revejo minhas lutas. Eu tenho total consciência do que fiz durante o combate. Eu fui bem nos cinco primeiros rounds. Acho que perdi o sexto, o nono - quando o juiz me tirou injustamente um ponto, sendo que nem foi um golpe irregular - e talvez o último.
Valdez é apontado como um pegador, dono de golpes fortes. Em que momento você sentiu a força do adversário?
Para falar a verdade, ele não me acertou forte em nenhum momento. Pelo menos, eu não senti. Até me surpreendi com isso, pois não senti em momento nenhum seus golpes. Mas eu não fui para cima dele para trocar golpes e isso não favoreceu o estilo de luta dele. Outro ponto importante é que fiz um treinamento de sparring com lutadores bem mais pesados do que eu, então estava preparado para suportar os ataques.
Você sofreu alguma lesão?
Lógico que após 12 rounds de luta intensa é normal sofrer lesões, mas nada grave. Ele (Valdez) disse que eu corri dele no ringue, mas é só olhar como ele terminou a luta para saber que isso não é verdade. Alguns analistas disseram que cansei no fim luta, mas o meu ritmo permaneceu o mesmo.
Você, em alguns momentos, baixou a guarda e andou de lado, esta forma de atuar pode ter feito com que os jurados dessem a vitória em alguns rounds para o Valdez?
Pode ter sido um motivo. A torcida também influenciou muito na decisão dos jurados.
A luta de sexta-feira teve alguma semelhança com o duelo de 2009, quando você venceu Valdez no Pan-Americano?
Teve sim. A nossa tática foi a mesma. A única diferença é que daquela vez nós só lutamos três assaltos. Mais uma vez não fui para cima dele como ele queria. O boxe é a nobre arte. É preciso lutar com inteligência, estratégia e não trocar apenas golpes.
O Conselho Mundial de Boxe prometeu rever a luta, mas caso não haja uma revanche, mesmo assim você acredita que já está em outro nível no boxe internacional?
Com certeza, a visibilidade foi muito grande, o mundo todo viu que venci a luta. Recebi mais de cinco mil mensagens, muitas do México, de fãs do Valdez que me apontaram como vencedor da luta. Isso me coloca entre os melhores do mundo. Daqui para frente sei que estou pronto para enfrentar grandes desafios.
O Brasil teve recentemente Patrick Teixeira como campeão mundial e Esquiva Falcão pode disputar o cinturão dos médios em breve. Você é o melhor boxeador brasileiro da atualidade?
Não. Todos nós somos os melhores boxeadores. Treinamos, nos dedicamos e buscamos ser melhores a cada treino. Não existe um melhor.
Qual conselho você daria para Esquiva Falcão, caso ele tenha a chance de disputar o título mundial?
Mais dedicação, mais foco e deixar um pouco a internet de lado. Eu sei que as redes sociais estão aí, são importantes, todo mundo quer saber do nosso dia a dia, mas é preciso total concentração para atingir nossos objetivos. Não há como vencer sem uma dedicação total.
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