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Opinião | É o fim da ‘Neymardependência’ para a seleção dentro de campo, mas não fora dele

Números mostram que seleção brasileira rende menos sem Neymar em campo

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Foto do author Marcel Rizzo

Em 10 de agosto de 2010, um termo foi incluído no dicionário do futebol: a “Neymardependência”. O atacante, ainda no Santos, estreou naquele dia pela seleção brasileira com um gol na vitória de 2 a 0 sobre os Estados Unidos.

A palavra demorou um pouco para ser incorporada em textos, comentários e discussões, mas não muito. Craque único de uma geração, Neymar se tornou a esperança de que o hexacampeonato era questão de quando aconteceria, não se aconteceria.

Neymar beija a bola antes de bater pênalti pela seleção brasileira Foto: Vitor Silva/CBF

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Passados quase 15 anos e três Copas do Mundo, o hexa não chegou. E a Neymardependência ficou para trás. O corte do atacante, por lesão, para os jogos contra Colômbia e Argentina, nesta rodada de março das Eliminatórias, parece ser a resposta definitiva de que não se pode mais depender de Neymar dentro de campo.

E não é algo fácil de assimilar. O aproveitamento da seleção com e sem o jogador de 33 anos é deleite para o seu fã-clube. Desde a estreia, naquele amistoso em Nova Jersey, o Brasil fez 192 jogos. Nos 128 em que ele esteve em campo, o aproveitamento foi de 78%, com 92 vitórias, 24 empates e 12 derrotas.

São 281 gols marcados, uma média de 2,19 por partida. Destes, 79 foram do atacante, quase 30% do total. Em setembro de 2023, Neymar se tornou o maior artilheiro da seleção, segundo a Fifa, ultrapassando Pelé. Um mês depois, ele sofreu a grave lesão no joelho, justamente em uma partida pela seleção, contra o Uruguai, que o afastou por mais de um ano.

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Neymar não esteve em 64 jogos do Brasil desde que estreou, por lesões, suspensões ou algum problema de calendário. E o aproveitamento do time despenca para 63%, com 35 vitórias, 16 empates e 13 derrotas. A média de gols pró cai para 1,8.

Líder no vestiário, coadjuvante em campo

A Neymardependência nunca foi uma tese, como os números comprovam. E explica por que Dorival Júnior, na primeira oportunidade que teve Neymar razoavelmente saudável, o incluiu entre os convocados.

Mas esqueça o Neymar protagonista dentro de campo. Quando ele for convocado novamente, e isso acontecerá, a ideia da comissão técnica é que ele seja um facilitador.

Com base na lista inicial dos 23 nomes relacionados para os jogos de março, o treinador da seleção brasileira vê Neymar como homem de apoio ao trio ofensivo Vini Jr., Rodrygo e Raphinha, os brasileiros que hoje brilham na Europa nos poderosos Real Madrid e Barcelona.

Neymar foi listado como meia no anúncio da convocação, o que não é um mero acaso: sua função será essa, se ficar saudável. Inclusive na Copa do Mundo de 2026.

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Se dentro de campo será somente “mais um”, fora dele ainda pode ser protagonista. O elenco o adora, e Dorival o quer em posição de liderança.

Esqueça qualquer polêmica extracampo, isso não vai interessar à comissão técnica, ou aos seus companheiros, quando chegar a hora de definir os nomes para a Copa, daqui a pouco mais de um ano.

Neymar tem experiência de sobra em fracassos na competição para explicar detalhadamente aos mais novos, como Endrick e Estêvão, a sensação da derrota. A dependência, agora, será outra.

Opinião por Marcel Rizzo

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas foi repórter e editor no Diário Lance, repórter no GE.com, Jornal da Tarde, IG e Itatiaia, colunista na Folha de S. Paulo (Painel FC) e no UOL. Cobriu in loco três Copas, quatro Copas América, Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes e finais de diversos campeonatos.

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