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| Seleção à deriva: quarto técnico no ciclo escancara falta de planejamento da CBF

Equipe nacional já contou desde a Copa do Catar com Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior, demitido nesta sexta-feira

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Foto do author Marcel Rizzo

Um cenário que aconteceu pela última vez entre 1982, na Espanha, e 1986, no México. Carlos Alberto Parreira, Edu Coimbra, o irmão de Zico, Evaristo de Macedo e Telê Santana comandaram o Brasil. Era a ressaca depois que uma das equipes que encantou o mundo, o timaço de 82, perdeu da Itália. O técnico na Espanha também foi Telê.

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, estava convencido de que o desempenho ruim do time o obrigaria a demitir Dorival Júnior. Só que antes dos jogos contra Colômbia e Argentina, pelas Eliminatórias, o plano era mantê-lo até julho.

Dorival Júnior não resistiu à goleada aplicada pela Argentina e foi demitido da seleção. Foto: Mauro Pimentel/AFP

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Isso daria tempo para o Mundial de Clubes acabar, quando o mercado de treinadores poderá oferecer opções interessantes, como o preferido desde sempre do presidente da CBF, o italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid.

A ideia ruiu com a derrota de 4 a 1 para a Argentina, na terça-feira. Levar uma surra do maior rival tornou insustentável a manutenção de Dorival.

A demissão, sem um substituto engatilhado, carimbou a falha de planejamento para a seleção após a Copa do Catar. Tite saiu com a eliminação nas quartas de final para a Croácia. Ednaldo foi convencido que o momento era de um estrangeiro e Carlo Ancelotti foi o escolhido. O problema foi que a CBF não combinou nem com o italiano, que conversou, mas nunca assinou, nem com o Real Madrid.

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Ramon Menezes foi o primeiro interino, perdeu dois jogos, ganhou um, e a direção da CBF entendeu que era preciso um interino premium, mais experiente e com a simpatia da opinião pública. O escolhido foi Fernando Diniz, nome do momento em 2023 com o Fluminense. O clube topou cedê-lo, desde que ele trabalhasse para os dois. Não deu certo.

Quando Ednaldo entendeu que não teria Ancelotti, e precisaria de um técnico efetivo, Diniz foi descartado e o escolhido foi Dorival.

O presidente está em uma situação complicada. Se ele quiser esperar o fim do Mundial para entender se nomes como Ancelotti, Filipe Luís, e até mesmo Pep Guardiola, poderão negociar, um interino terá de ser chamado para os jogos contra Equador, fora, e Paraguai, em casa, em junho.

O imediatismo faz a CBF se aproximar de Jorge Jesus. O português que fez o Flamengo jogar um futebol classe A em 2019 disse a amigos estar disposto a assumir já, abrindo mão do Mundial de Clubes pelo Al-Hilal. Não há certeza se isso será possível.

A pouco mais de um ano para a Copa, a seleção brasileira está à deriva.

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Opinião por Marcel Rizzo

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas foi repórter e editor no Diário Lance, repórter no GE.com, Jornal da Tarde, IG e Itatiaia, colunista na Folha de S. Paulo (Painel FC) e no UOL. Cobriu in loco três Copas, quatro Copas América, Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes e finais de diversos campeonatos.

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