No outro domingo, antes de Palmeiras 0 x 1 Corinthians, uma pessoa me abordou com a camisa do Palmeiras: “eu vou ao Allianz Parque hoje só para torcer pela nossa derrota. Se a gente perder, eu só não vou para a Paulista antes porque isso não é coisa de Palmeiras, cantar gol e vitória antes; a gente canta e conta com a derrota, para que o time da virada, o time do amoooor, consiga virar o jogo!”. Quando acabou a primeira partida decisiva do Paulistão de 2025, ele me mandou pelo Instagram a DM com espírito de DR: “eu não te falei, não te falei!!! Avanti, porco! Seremos!”
Parecia que era o Palmeiras de 1974 contra o Corinthians (favorito só para imprensa): parecia o Palmeiras do Dia da Paixão, em 1993. Derrotas que o Corinthians só pode devolver, se um dia deixar o Palmeiras sair da fila de 20 anos, como o Palmeiras deixou o Corinthians mais três em 1974; derrota e goleada que o Corinthians só pode devolver, se um dia sair de 16 anos de fila numa goleada contra o maior rival, como foi em 1993. Isso é muito Palmeiras, isso é totalmente futebol.

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Pela bola, o atual tricampeão estadual, vice-campeão brasileiro (e antes bicampeão nacional), tem mais time, elenco, trabalho e treinador que o Corinthians, mas a campanha alvinegra, desde o ano passado, tem sido melhor, de recuperação de estima, de recuperação de bola, de recuperação de ídolos - e ainda precisa de recuperação financeira para não dizer, em alguns casos pontuais, até mesmo judicial.
O Timão conseguiu resultado histórico na ida e de uma maneira histórica: um lance de perigo, um gol; o Palmeiras não jogou bem, mas jogou melhor que o Corinthians, como já havia jogado na fase de grupos, com um jogador a mais, desde os 16 do segundo tempo, no Allianz Parque. Agora o Palmeiras precisa vencer o Corinthians na Neo Química Arena por um placar magro, mas que pode ser suficiente. Um placar slim, para usar um termo mais na moda, leva a disputa equilibrada aos pênaltis - essa decisão que não tem levado o Palmeiras a quase lugar nenhum.
Na história e na estatística do futebol, o único momento em que o fator casa não está tanto a favor do mandante é na disputa de pênaltis. Foi assim que o Corinthians venceu o Palmeiras em 2018, no seu bicampeonato no Allianz Parque. A questão alviverde é que o Palmeiras não tem conseguido bater bem os pênaltis e nem os defender. E do lado corintiano o Hugo Souza já tem uma média melhor do que a do gigante Cássio (goleiro corintiano em 2018). Nos pênaltis, dá para dizer que o Corinthians é até favorito. Mas, em 90 minutos, o Palmeiras tem condições planas de igualar o resultado, e quem sabe até ampliá-lo.
O que era favoritismo antes de a bola rolar no Allianz Parque para o tricampeão estadual se dissolveu com a grande vitória de Yuri Alberto no jogo de ida. Agora o que parecia verde está negro. Um pouco mais para o Corinthians num clássico que desde 1917 iguala os desiguais. O Palmeiras ainda é melhor, ainda domina o cartel decisivo. Mas o Corinthians, na matemática e no regulamento, tem uma vantagem que pode ser definitiva.
Palpite para não ficar tão no Muro Beting: pênaltis em Itaquera.
Depois? Só torcida.