A eleição para presidente da CBF, a entidade que cuida da seleção mais vezes campeã do mundo (mas há 22 anos sem um título...) foi marcada oito dias antes do “pleito”... Ou da aclamação, como queiram.
Ronaldo, que tentou ser candidato, nem conversar com as capitanias hereditárias, opa, 27 federações estaduais conseguiu. O Fenômeno, maior responsável pelo penta, tirou o time de campo e não jogou.

Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da mais organizada e mais forte federação estadual, a Paulista, queria ser presidente. Também não teve como. Com as demais federações atreladas a uma, digamos, ajuda de custo mensal da CBF, ficou a bater palmas e continência ao reeleito Ednaldo Rodrigues. Reinaldo virou um dos oito vices! Oito!!!
Presidente aclamado para um mandato que começa só daqui 12 meses (?!). E vai até março de 2030 - a três meses do Mundial daquele ano... Ótima ideia! Tão boa quanto marcar a aclamação, opa, eleição de hoje na véspera de um Argentina x Brasil, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias para a Copa...
Mas o melhor de tudo, insisto, é realmente o espírito democrático de mais um cartola libertário. Dos mesmos atores que clamam por liberdade sonhando com ditadura. Dos mesmos autores que se dizem perseguidos pela “ditadura” todos os dias nas redes sociais, e nos comícios micados de micos e milicos. Ednaldo disse que até golpe sofreu. Você já ouviu histórias assim, de revoluções, contragolpes...
Mas qual democracia tem 100% dos votos de 27 federações estaduais e de 40 clubes de A e de B?
Nem na Venezuela que cai de tão Maduro um líder é assim aclamado. Para no dia seguinte ser reclamado pelos mesmos eleitores por verbas, verbos, cotas, apitos, preconceitos, tabelas, datas, ligas, desligas, bolas, boladas, seleção, exclusão.
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Nestes quase quatro anos, Ednaldo tem seus méritos - e não só pela administração dele. Uso as palavras dele no discurso que bate bola com a prática: “Fomos pioneiros na liderança global do combate ao racismo, implementando medidas como a parceria com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, a reforma do RGC com sanções esportivas e a campanha #ComRacismoNãoTemJogo, vencedora do prêmio Fifa The Best. Também nos tornamos referência global em inclusão, apoiando iniciativas como a Seleção de Futsal Down, Futsal Nanismo e as Olimpíadas Especiais”.
“Batemos recordes sucessivos de faturamento e superávit, reinvestindo mais de 70% no desenvolvimento e fomento do futebol brasileiro. O maior investimento da história! Intensificamos os esforços para implementar o Fundo de Legado da Copa do Mundo, construindo Centros de Desenvolvimento do Futebol em estados que não sediaram jogos e melhorando a infraestrutura dos estádios em todo o país. Aprimoramos os torneios existentes e criamos novos, como o Campeonato Sub-15 masculino com 32 clubes, campeonato brasileiro masculino sub-20 da série B com 20 clubes, Copa do Nordeste masculino sub-20 com 24 clubes e Copa do Brasil feminina com 64 clubes. Garantindo oportunidades para jovens talentos de todas as regiões do Brasil”.
Fatos. Quase todos.
Mas o maior: o futebol brasileiro só se une para bater palmas para que as coisas mudem para que os coisos continuem os mesmos.