Hugo Souza é um dos melhores potenciais de goleiro que vi no Brasil nos últimos 10 anos. Mas teve muitas infelicidades e cobranças no Flamengo que o levaram à segunda divisão portuguesa. Assumiu a bronca no Corinthians (no meio da temporada passada) saudoso de Cássio, carente até de Carlos Miguel, e em um Corinthians ameaçado no BR-24. Foi essencial para levar aquele Timão longe na Sul-Americana, e na inacreditável recuperação no returno nacional.
Na fase de grupos, no Allianz Parque, Hugo defendeu o pênalti de Estêvão no final do clássico. E, na finalíssima na Neo Química Arena, segurou mais um pênalti que seria decisivo para garantir novo empate. Novo título corintiano. E uma nova vida para uma carreira que parecia perdida como o Corinthians quando Hugo chegou ao Parque São Jorge.

O Corinthians fez o que tinha de fazer no primeiro tempo medíocre. Marcou mais à frente, congelou o tempo, e errou menos do que o nervoso e ao mesmo tempo blasé Palmeiras. Para um jogo com essa rivalidade, essas camisas, os elencos e comissões técnicas que têm, o caríssimo investimento feito pelos dois gigantes, só um belo lance de Memphis para Garro chutar na trave de Weverton foi nada, aos 26 minutos. Mas era o suficiente para o Corinthians que sabia o que fazer para voltar a ser campeão contra um Palmeiras que só tinha o patch de tricampeão estadual da mentalidade mega vencedora dos anos de Abel.
Na segunda etapa, o Verdão se soltou. Mas quase nada produzia. O melhor alviverde em 2025 seguia fazendo falta – o ainda não recuperado Maurício. Paulinho nem estreou. Vítor Roque estava isolado. Facundo pouco fez. O Palmeiras da virada e do amor estava virado e desalmado. Até Félix Torres cometer a sua primeira infantilidade ao cometer um pênalti teletubbie em Vítor Roque.
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O VAR confirmou mais um lance difícil bem apitado por Matheus Candançan. E o jogador com mais gols marcados em partidas decisivas em 110 anos de Palestra não bateu bem o pênalti que mais uma vez Hugo Souza defendeu, aos 28. Veiga perdeu a chance de abrir o placar na única chance palmeirense em 90 minutos em Itaquera. Ou em 118. Porque depois Memphis subiu sobre a bola na linha de fundo como Soteldo em 2023 e conseguiu arrumar uma confusão no único momento em que o Palmeiras reagiu sanguineamente. No único momento em que não precisava.
O Corinthians já estava com um Torres corretamente expulso aos 31. E ainda assim teve a segunda chance no dérbi, quando Yuri Alberto só não fez o gol porque Weverton foi o que é. E o que o Palmeiras de novo não foi.
Como de velho o Corinthians voltou a ser.
Merecidamente campeão. Como Corinthians. Superando o rival. E se superando como Timão.