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O mundo da bola e o futebol pelo mundo

Opinião | Não necessita prática e nem experiência

Na seleção brasileira, a crise não é só de técnica (que ainda temos bons de bola); é de técnico (que se contam nos dedos, e escorrem entre eles)

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Foto do author Mauro Beting
Por Mauro Beting

Não sou Donald Trump ou Roberto Justus para sair demitindo como em “O Aprendiz” - e olha o que acontece com a humanidade depois desses reality shows... Dói abrir mão de treinador tão boa pessoa como Dorival. Das mais sérias e competentes. Pelo que é. Pelo tio Dudu que, preciso dizer, foi ídolo que virou pai pra mim e para muitos que tiveram a felicidade de conviver com seu Olegário, uma das seis estátuas palmeirenses.

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Mas não rolou. Como não foi com o interino-efetivo Fernando Diniz, de ideia de jogo única. Como não podia com o interino-interino Ramon Menezes que tudo pode na CBF (de perder horroroso no Sub-20 e ainda ser campeão do mesmo torneio). Como não rolaria igualmente na seleção atual com o Guardiola de 2011, o Klopp de 2019, o Felipão de 2002, o Luxemburgo de 1996, o Telê de 1981, o Zagallo de 1970, o Mister M de 1999, o Mandrake de 1934.

A crise não é só de técnica (que ainda temos bons de bola). É de técnico (que se contam nos dedos, e escorrem entre eles).

Jorge Jesus já sobrevoa a CBF, e cava a vaga desde 2021, mas é improvável que repita o espetacular Flamengo de 2019 Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Abel Ferreira só se interessaria por Portugal, e já não tem saco para as cornetas exacerbadas no Palmeiras. Jorge Jesus já sobrevoa a CBF, e cava a vaga desde 2021, mas é improvável que repita o espetacular Flamengo de 2019 (e com Neymar que não o quer pintado de verde e amarelo). José Mourinho não me parece o ideal. André Jardine eu respeito muito. Roger Machado, também. Rogério Ceni e Renato Portaluppi são bons nomes. Mas teriam respaldo, tempo?

Sem pensar, como se fosse mesmo o Ednaldo, tenho um cara que nasceu para comandar. Sabe muito. Tem ótimo diálogo e trânsito. Conhecimento e reconhecimento europeu. Boas ideias, vai ao jogo com engenho e ousadia. Tem mais títulos que derrotas em carreira curtíssima, mas já campeã: Filipe Luis! É inexperiente? Mais rodado do que Falcão que não aguentou um ano, em 1990. Mais potencial do que Dunga, que foi melhor do que a encomenda, de 2006 a 2010.

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Nada contra treinador estrangeiro. Um deles nos ajudou a ganhar o mundo pela primeira vez - Béla Guttmann, pelo que ensinou Feola, no São Paulo. Tanto faz o passaporte de quem nos dirige. Desde que não nos desgoverne. Ou organize minimamente a bagaça e a bagunça.

Europeu pode até morar no berço. A base nossa está quase toda por lá. Ele pode escalar profissionais brasileiros capazes para acompanhar nosso futebol. Tem como esperar por Ancelotti para depois do Super Mundial. Se não der, Filipe Luís é meu nome factível. Corrijo: minha aposta.

Ancelotti seria o ideal.

Opinião por Mauro Beting

Comentarista do SBT, TNT Sports, Jovem Pan e Efootball. Escritor e documentarista. Curador do Museu Pelé e do Museu da Seleção Brasileira.

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