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Medina ignora polêmicas, vai à Olimpíada após vitória ‘estilo Brasil’, e surfa como favorito

Tricampeão mundial, paulista de Maresias será um dos seis surfistas que vão representar o País nos Jogos de Paris e vai competir em Teahupoo, onde se sente à vontade

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Foto do author Ricardo Magatti

Gabriel Medina ficou seis meses sem competir em 2022 para dar atenção à sua saúde mental. Em 2023, não foi protagonista de uma jornada de brilho no surfe. Mas em 2024, voltou a sorrir ao vencer o ISA Games, sua primeira competição na temporada, e garantir vaga nos Jogos Olímpicos de Paris.

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O surfista de Maresias, no litoral paulista, corria o risco de ficar fora da Olimpíada, e surfou as ondas de Rastrial, em Porto Rico, em uma competição “longa e desgastante”, como define. Seis dias depois de ganhar o ISA Games, último torneio classificatório para os Jogos, ele diz ter encarado cada bateria como uma final e ainda se lembra de como se sentiu.

“Foi uma mistura de emoções. Fiquei muito feliz por ter alcançado meu objetivo, e também por ter levado alegria e orgulho para as pessoas que torceram por mim”, afirma o tricampeão mundial em entrevista ao Estadão.

Medina precisava que os rivais franceses não ficassem com o vice-campeonato e teve ajuda de Yago Dora e Filipe Toledo na busca pela sua vaga olímpica. O surfista marroquino Ramzi Boukhiam esteve em um grande dia, chegou a liderar a disputa, mas acabou em segundo lugar, o suficiente para colocar o brasileiro em Paris. Quando saiu da água e soube que tudo havia dado certo, chorou.

Gabriel Medina chegará à Olimpíada como um dos favoritos ao ouro Foto: Alejandro Granadillo/AP

“Tenho muita gratidão por como as coisas aconteceram, foi bem emocionante, sofrido, bem estilo Brasil. Foi mesmo um filme com final feliz”, diz Medina, que está em Portugal para competir na etapa de Peniche da WSL, a Liga Mundial de Surfe.

Seu primeiro título mundial - e também de um atleta brasileiro na história - vai completar dez anos no fim deste ano. A vitória de Medina foi o início de uma mudança profunda no surfe. Depois de décadas tentando entrar no alto escalão do esporte, o Brasil se transformou de um azarão para um gigante global.

O Brasil conquistou o título mundial de surfe em 2015, 2018, 2019, 2021, 2022 e 2023, isto é, nenhum surfista de outro país derrotou os brasileiros nos últimos cinco anos. Além disso, nos Jogos de Tóquio, Ítalo Ferreira conquistou a primeira medalha de ouro do surfe na história da Olimpíada entre os homens.

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“Fico muito feliz em ver o tamanho e importância que o surfe conquistou no Brasil. Todas as gerações foram importantes e me sinto honrado em poder ter colaborado para o desenvolvimento do esporte que eu amo”, comenta Medina.

Potência, o surfe brasileiro, ou melhor, a Brazilian Storm (Tempestade Brasileira, em tradução literal), terá três atletas no masculino e três no feminino na Olimpíada. Será a única nação com seis surfistas na praia de Teahupo’o, no Taiti, Polinésia Francesa - o surfe será disputado fora de Paris. Além dele, no masculino, o Brasil será representado por Filipe Toledo, atual campeão mundial, e João Chianca. No feminino, estarão na Polinésia Francesa Tatiana Weston-Webb, Tainá Hinckel e Luana Silva no feminino.

Gabriel Medina garantiu vaga na Olimpíada com o título do ISA Games Foto: Ricardo Arduengo/AFP

Teahupoo é um lugar onde Medina se sente confortável. Ele gosta de encarar as ondas que privilegiam tubos, cheias e altas do local. Em dez anos, o brasileiro ganhou duas vezes - em 2014 e 2018 - a etapa do Taiti do Circuito Mundial. Foi vice em 2015, 2017, 2019 e 2023 e só não chegou à final em 2016, quando terminou em terceiro. A pandemia de covid cancelou a disputa em 2020 e 2021 e em 2022 o brasileiro não competiu.

“Todo mundo sabe que lá é um lugar que eu me sinto muito bem, amo as ondas, amo o povo e amo a natureza daquele lugar”, ressalta o tricampeão mundial. O retrospecto positivo no Taiti e tudo que conquistou não lhe torna favorito, ele pondera.

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“A partir do momento em que se entra em um campeonato tão importante como a Olimpíada, não existe nenhum favorito. Todos os atletas que se classificaram têm plenas condições de conquistar a medalha de ouro. Vou dar meu melhor como sempre, bateria a bateria e lutar pela medalha”.

Em Tóquio, Medina saiu frustrado e sem medalha - o ouro ficou com Ítalo Ferreira. Abatido e com o semblante de poucos amigos, o brasileiro discordou da decisão dos juízes, tanto na semifinal quanto na briga pelo bronze. No passado, ele, Ítalo Ferreira e Filipe Toledo reclamaram publicamente sobre a falta de critério no julgamento e nas notas das ondas durante a etapa nos Estados Unidos. De acordo com os brasileiros, a nacionalidade dos surfistas parecia estar sendo levada em consideração na hora de dar as notas.

Enquanto compete nas etapas da WSL e se prepara para a Olimpíada, ele espera que as avaliações sejam aprimoradas. “Esperamos que seja mais justo e claro nessa temporada. Vamos ver como será ao longo do ano”.

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