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Melhor do Brasil volta a dar tacadas em casa após oito anos

Alexandre Rocha disputa o Brasil Classic a partir desta quinta-feira, em São Paulo

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SÃO PAULO - Alexandre Rocha é, acima de tudo, um forte. No País do futebol ele decidiu se dedicar a um esporte popular em muitas nações mas ainda de público interno restrito, o golfe. A partir de hoje os paulistanos terão no Brasil Classic, evento no São Paulo Golf Club, uma rara oportunidade de ver em ação o único brasileiro que disputa eventos do PGA Tour, o principal circuito do esporte. Abaixo o golfista fala ao Estado de diferentes assuntos como voltar a competir em casa, as mudanças no ranking do golfe e, como não poderia deixar de ser, da expectativa de disputar a Olimpíada do Rio.Como é a sensação de voltar a jogar em São Paulo depois de oito anos?A última vez que joguei na minha cidade natal foi em 2005, quando disputei uma etapa do circuito profissional sul-americano, o Tour de Las Americas, hoje transformado no PGA Tour Latinoamerica. Foi no São Fernando Golf Club, em Cotia - o clube onde praticamente nasci - e terminei em segundo lugar. Perdi no playoff para um golfista argentino. A sensação de jogar em casa é muito boa, pois certamente encontrarei muitos amigos e a torcida também será importante.É mais difícil ser um brasileiro competindo no exterior do que, por exemplo, um americano ou europeu? (em termos de apoio financeiro, amigos, influência política nas instituições....)O fato de ser um golfista brasileiro atrapalhou bastante principalmente no início da carreira, pois tive que sair do meu país para tentar ser alguém no golfe. Comecei disputando o Canadian Tour, depois passei a disputar o European Tour, em 2005, e joguei até mesmo o Asian Tour. Hoje não sinto muita diferença pelo fato de ser brasileiro. Os meus patrocinadores (a TaylorMade, a Adidas, a Hugo Boss e o Concorde Group) são todos grupos estrangeiros. E o fato de o golfe voltar para as Olimpíadas em 2016 justamente no Rio tem atraído bastante atenção para mim. O que me chateia é o fato de nenhuma empresa brasileira apoiar o único golfista brasileiro no PGA Tour desde 1982.Sabemos que você decidiu priorizar a Web.com Tour em 2013 para melhorar sua situação em termos de ranking para o PGA Tour do ano que vem. Na sua opinião, não haveria alguma outra fórmula que os dirigentes do golfe pudessem adotar para a classificação dos atletas que não os obrigasse sacrificar competições de nível superior para participar de eventos não tão fortes mas necessários para reunir pontos para o ranking da próxima temporada?Até o ano passado, era possível se classificar para o PGA Tour por meio da classificatória anual, a chamada Q-School. Foi assim que me classifiquei para as temporadas 2011 e 2012, por exemplo. Para este ano, consegui um cartão condicional para o PGA Tour por ter terminado em 131º lugar no ranking do circuito (é algo que os jogadores que ficam entre 126º e o 150º lugares ganham), e mesmo assim tive a chance de disputar a Q-School e tentar melhorar o meu status, o que infelizmente não consegui fazer. Não gostei da mudança, que transformou o Web.com Tour na única porta de entrada para o PGA Tour. Por conta disso, terei de abrir mão de jogar algumas etapas do PGA Tour para me concentrar no Web.com Tour e garantir meu espaço na próxima temporada, pois sei que não haverá outra chance no final do ano, como acontecia antes. Acho que o sistema anterior era bom, pois jogadores do PGA Tour que tivessem um ano ruim poderiam retornar ao circuito sem precisar disputar um ano inteiro do circuito de acesso.Você tem encontrado tempo para pensar na Olimpíada no Rio e em representar o Brasil nos Jogos? O que espera de dirigentes brasileiros e estrangeiros em relação à organização do evento, que volta para o programa olímpico depois de mais de um século ausente?Eu quase parei de jogar golfe em 2009. Eu havia perdido o meu cartão no European Tour e estava bastante desanimado. O anúncio de que o golfe voltaria às Olimpíadas em 2016 e que os Jogos seriam em meu País me deu um ânimo e garra que culminaram com a minha classificação para o PGA Tour, que obtive no final de 2010. Ou seja, participar das Olimpíadas e representar o meu país é a minha meta principal. O golfe brasileiro já está sentindo os efeitos benéficos das Olimpíadas, pois os profissionais têm tido cada vez mais torneios, como o Circuito Brasileiro de Golfe, o CBG Pro Tour, algo que não existia antes. A própria realização de um evento como o Brasil Classic, etapa do Web.com Tour, é prova da desses benefícios. Acredito que o torneio de golfe das Olimpíadas será um campeonato histórico, como nunca houve no esporte. A cada ano, os golfistas disputam quatro torneios de Grand Slam. Já as Olimpíadas serão uma a cada quatro anos, e você estará representando o seu país.Dos golfistas de ponta com os quais tem contato, qual mais lhe impressiona? Por quê?Depende de que aspecto estamos falando... Se estamos falando de qualidade de jogo em si, creio que dos golfistas com quais tenho contato eu diria que Nick Watney é o melhor. Um jogador completo e sólido em todos os fundamentos do esporte. Se estamos falando em esforço ou horas/qualidade de prática, diria que Jason Dufner talvez seja o mais impressionante. Finalmente, se estamos falando em caráter dentro e fora do campo, sem duvida Web Simpson é o melhor.

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