Ana Moser devolve descortesia de Lula e sai do ministério sem agradecer presidente

Ex-atleta é tirada do cargo para dar lugar ao deputado André Fufuca depois de oito meses de gestão

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Foto do author Bruno Accorsi
Atualização:

Após lamentar a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em tirá-la do cargo de ministra dos Esportes, na quarta-feira, Ana Moser voltou a se manifestar sobre o assunto nesta quinta, com uma publicação no X, rede social antes conhecida como Twitter. No breve texto, a ex-jogadora de vôlei de 55 anos reforçou sua frustração por ter ficado tão pouco tempo no cargo e disse que continuará lutando pela valorização do esporte no País.

“Para mim, o potencial social, educacional e comunitário do esporte ainda está para ser reconhecido e valorizado, especialmente pelos gestores públicos. Por isso a luta continua. Agradeço aos que estiveram comigo percorrendo este caminho curto e árduo”, escreveu a medalhista olímpica, que, desde que se aposentou das quadras, se dedica ao ativismo social voltado ao esporte.

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Antes de atuar como ministra, Ana Moser foi líder da ONG Atletas pelo Brasil, ao lado do ex-jogador de futebol Raí, e teve experiências ligadas à política, como integrar o Conselho Nacional do Esporte, e de dirigir o Centro Olímpico do Parque do Ibirapuera, parte da estrutura da Secretaria de Esportes de São Paulo. “Construí minha vida inteira para chegar aqui. Como mulher, lutei para conquistar espaços e no Ministério do Esporte, trabalhei para transformar a realidade do esporte brasileiro”.

A agora ex-ministra perdeu seu cargo por causa de um acordo costurado por Lula junto ao Centrão. O presidente concretizou uma reforma ministerial que envolveu a demissão de Ana Moser e a entrega da pasta para André Fufuca (PP-MA), em um momento no qual o ministério tem a expectativa de receber uma grande injeção financeira com o avanço da regulamentação das apostas esportivas.

Ana Moser foi nomeada ministra dos Esportes desde o começo do mandato do presidente Lula, mas foi tirada do cargo devido a acordos políticos. 

O remanejamento foi lamentado por atletas e ex-atletas, que já vinham se manifestando antes da oficialização da demissão de Ana Moser para tentar impedir o movimento, caso de Raí e Hortência, que encabeçaram o movimento “Ana Moser Fica” com uma hashtag nas redes. Depois do anúncio de que ela estava fora do governo, novas manifestações foram realizadas.

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A ex-nadadora Joanna Maranhão, presidente do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil, disse que “não será a eleitora que irá aplaudir os erros do governo” e defendeu Ana Moser como “a pessoa certa para propor uma política pública de esporte de Estado, e não de um governo”. Já Carol Solberg, jogadora de vôlei de praia, disse entender que “o esporte foi mais uma vez usado como moeda de troca” e afirmou que o argumento da governabilidade “não pode justificar tudo”.

Lula já ignorou Ana Moser durante mandato

Apoiadora do presidente Lula desde a campanha eleitoral, Ana Moser acabou ignorada pelo governo no anúncio da reforma ministerial. Ela foi demitida nesta quarta-feira do Ministério do Esporte para o governo dar assento ao deputado federal André Fufuca (PP-MA), do Centrão, correligionário do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Aliados da ministra demissionária ficaram revoltados com a postura do governo, que não citou Ana Moser na nota oficial que confirmou a reforma ministerial. “Não agradeceram pelo trabalho. Lamentável. A ministra não merecia”, comentou à Coluna uma das pessoas mais próximas da ministra demissionária.

Em julho, ao confirmar a substituição de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou em nota que a então ministra havia feito um “excelente trabalho pela recuperação do Turismo no Brasil”. Dizia ainda que o presidente agradecera pela “disposição dela de permanecer contribuindo com o governo no Congresso”. O mesmo tratamento não foi dispensado a Ana Moser.

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