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Muito mais do que talento: atletas mostram como ter sucesso no esporte após os 30

Alimentação personalizada, preparo físico adequado, genética e boa noite de sono são fatores decisivos para esportistas como Brady, Nadal, Lebron, Zé Roberto e Carol Gattaz, sinônimos de vitória nas últimas duas décadas

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Foto do author Gonçalo Junior

A carreira de um atleta profissional é cheia de desafios. As adversidades não são poucas, por isso aqueles que prezam por uma carreira longa e de sucesso precisam estar focados ao máximo, fisicamente e mentalmente. O quarterback do Tampa Bay Buccaneers, Tom Brady, e os tenistas Roger Federer e Rafael Nadal são algumas das referências quando o assunto é longevidade no esporte. Além de sustentarem seu ofício por mais de duas décadas, eles estão entre os maiores vencedores em suas respectivas modalidades.

Aos 44 anos, Brady ainda é um dos principais nomes da NFL, a liga de futebol americano dos Estados Unidos, e, no ano passado, comandou os Bucanners, franquia da Flórida, à vitória no Super Bowl LV contra o Kansas City Chiefs, de Patrick Mahomes, conquistando seu sétimo anel na carreira. Mesmo antes de ‘pendurarem a raquete’, Federer, de 40, e Nadal, de 35, já garantiram um lugar entre os maiores do tênis. O espanhol e o suíço venceram 20 títulos de Grand Slam cada e estão empatados no ranking de títulos com o sérvio Novak Djokovic, outra lenda do esporte. 

Aos 44 anos, Tom Brady desistiu da aposentadoria e vai seguir atuando na NFL Foto: Divulgação/CBS Sports

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Além de todo talento e preparação que são requeridos desses fenômenos, a questão genética ocupa uma posição importante no que diz respeito ao grande sucesso que tiveram nas últimas duas décadas. “A gente brinca com uma frase na área esportiva, que para uma pessoa ser campeã, a primeira opção de vida que ela precisa ter não é escolher o técnico ou o tênis, é escolher os pais”, afirma Fernando Torres, Diretor Geral do CEFIT e Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

Obviamente, a alimentação também é um fator importante quando falamos da vida de um atleta de alto rendimento. Cada um dos personagens deste texto possuem hábitos alimentares diferentes, adequados ao seu corpo e seguidos à risca há anos. “Tão importante quanto aliar as recomendações nutricionais de acordo com a fisiologia do exercício, é considerar as necessidades nutricionais individuais, levando em consideração a composição corporal, exames laboratoriais, sinais e sintomas”, afirma Tainá Carvalho, especialista em Nutrição Aplicada ao Exercício Físico pela EEFE/USP. 

Além de considerar o esporte praticado e a posição de cada atleta, Carvalho aponta que preferências alimentares, tolerância à determinados alimentos, crenças pessoais e fatores culturais devem ser levados em conta na criação de uma dieta.

Em parceria com seu treinador pessoal, Alex Guerrero, Tom Brady lançou em 2017 o livro ‘O método TB12’, publicação que promete auxiliar atletas profissionais e amadores a alcançarem o auge da forma física por meio de técnicas de treinamento, nutrição e maleabilidade muscular, um conceito que envolve tornar a pele o mais elástica possível para aumentar a mobilidade corporal.

A dieta, que também é seguida pela esposa de Brady, a modelo brasileira Gisele Bündchen, é majoritariamente formada por vegetais, cerca de 80%. Os 20% restantes ficam para as proteínas. O multi-campeão pelo New England Patriots prioriza alimentos orgânicos e integrais, e evita consumir álcool, glúten, café e laticínios. 

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Tom Brady e seutreinador pessoal, Alex Guerrero. Foto: Divulgação/TB12

Superando limites

A prova de que estar preparado fisicamente faz enorme diferença para o desempenho desses atletas é que, na temporada 2020–21, Brady jogou a temporada da NFL com o ligamento do joelho rompido. A lesão teria acontecido ainda em 2019, quando o quarterback estava no Patriots, e a cirurgia foi realizada logo após o Super Bowl vencido pelo Buccaneers. Infelizmente, a sorte não tem sido a mesma para Nadal e Federer. 

No último ano, os dois sofreram com lesões que os impediram de entrar em quadra na frequência que gostariam. Em 2005, o espanhol foi diagnosticado com a síndrome de Müller-Weiss, doença degenerativa que afeta o desenvolvimento dos tecidos do osso Navicular, osso do mediopé. Por vários anos, o 13 vezes vencedor de Roland Garros lidou com as dores, mas como o tênis é um esporte de muito impacto e deslocamento lateral, Nadal anunciou que se retiraria dessa temporada para tratar a lesão. 

Federer, por sua vez, passou por duas cirurgias no joelho em 2020 e, após voltar em março deste ano, desistiu da Olimpíada de Tóquio devido ao mesmo problema. O retorno às quadras do suíço, que já conquistou cinco títulos seguidos de Wimbledon e US Open, só deve acontecer em 2022. Interessante notar que esses tenistas adotam estratégias totalmente diferentes em relação à alimentação. Nadal se limita a ingerir apenas arroz, peixes, verduras e mariscos, comuns na ilha de Maiorca, terra natal do espanhol. As barras energéticas, famosas entre os atletas, foram substituídas por tâmaras, consideradas mais saudáveis e consumidas a cada 40 minutos nas partidas.

Nadal tem dieta mais restrita do que Federer, seu rival nas quadras. Foto: Reprodução/ATP

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Já Federer é mais livre e, como ele mesmo disse há alguns anos, negociou com sua nutricionista para comer guloseimas. No cardápio do suíço, estão crepes e waffles pela manhã, acompanhados de suco natural. A massa é essencial no almoço, muito por conta da energia que gasta. A disposição para acompanhar a rotina também vem das bananas e barrinhas que come, mas o que realmente chama a atenção é a escolha por doces. Federer já afirmou que ‘precisa de seu sorvete, e seu chocolate’ durante o dia. O tenista não vê motivo para abrir mão desses alimentos, e como bom suíço, também adota vários queijos do país entre as refeições.

“Quando a motivação é muito grande, eles (atletas) acabam mantendo uma disciplina muito rigorosa em diversos aspectos, incluindo a alimentação”, diz Carvalho. Embora uma dieta mais natural só traga benefícios, a nutricionista aponta que comer alimentos considerados “proibidos” não prejudica os resultados, desde que se mantenha uma relação saudável e adequada com a comida. 

“Nosso organismo é muito inteligente, e quando episódios de exageros são esporádicos, nosso corpo entende e trabalha mais para metabolizar as calorias extras ingeridas. Além disso, permitir-se comer alimentos como doces e outros mais gordurosos também faz parte de um alimentação saudável. Grandes restrições podem gerar compulsão alimentar, episódios de exagero e culpa”, afirma. 

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Posição favorece Brady

Embora o futebol americano e o tênis sejam ambos altamente desgastantes para seus participantes, Brady leva uma certa ‘vantagem’ sobre Nadal e Federer. Ao contrário dos tenistas, que podem chegar aos cinco quilômetros percorridos pela quadra, o quarterback corre, em média, menos de dois quilômetros por partida. Além disso, o recordista de jardas por passes na NFL (80.560, no momento) faz parte da ‘velha guarda’ de sua posição, em que as corridas fora da área em que recebe o passe são menos comuns se comparado a jovens estrelas da liga, como Lamar Jackson, do Baltimore Ravens, e Patrick Mahomes. 

No entanto, se engana quem pensa que Brady é lento. Sua marca no encontro de prospectos da NFL em 2000 pode indicar o contrário, já que ele completou pouco mais de 36 metros em 5.28 segundos, um tempo vergonhoso se comparado aos 4.13 segundos de Bo Jackson, fenômeno dos anos 90. Mas desde que foi selecionado na 199ª posição do draft, o jogador de 1.93m e 102kg passou por uma transformação física quase milagrosa. 

Em entrevista, Brady disse que percebeu quando completou 25 anos que não duraria muito no futebol americano se não mudasse seus hábitos. A boa forma atual é elogiada até por um medalhista de ouro olímpico nos 110m com barreiras. Roger Kingdom, vencedor das provas em Los Angeles-1984 e Seul-1988, é preparador físico dos Buccaneers e disse que ver Brady correndo é como “ver uma Ferrari na pista”. 

Conhecido pela força mental que demonstra em quadra, Rafael Nadal não venceu 88 títulos no circuito ATP por acaso. O espanhol, chamado de ‘El Toro’, prepara seu corpo com uma rotina de exercícios que envolve força, resistência e agilidade. Atletas que vivem do esporte como Nadal contam com uma equipe especializada e pessoas de confiança, fundamentais para que eles cheguem ao topo da profissão. 

Federer, por exemplo, é acompanhado por Pierre Paganini, seu preparador físico desde 2000. Com o passar dos anos, Paganini precisou se adaptar às demandas do corpo de seu compatriota. Segundo ele, no começo da carreira, o pensamento é no longo prazo, mas conforme a experiência se acumula, o foco se volta apenas para a temporada atual. 

“Quando o atleta é novo, ele tem um organismo que responde muito rápido para a recuperação. Quando fica mais velho, a recuperação se torna mais tardia. Então, aqueles que não se cuidavam tanto no início da carreira não podem fazer a mesma coisa, se quiserem ter uma carreira longa. Todo mundo tem um ‘relóginho’ que uma hora vai se encerrar”, afirma Paulo Santiago, livre-docente em Biomecânica pela USP e professor associado da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP. 

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Ao contrário da maioria dos atletas, Federer não abre mão dos doces quando vai comer. Foto: Joel Marklund/Wimbledon

Importância do repouso

Entre os vários cuidados que um atleta deve ter está o descanso. Seja por meio de recursos terapêuticos usados no pós-treino ou um sono de qualidade, investir na própria recuperação é fundamental para que todas as partes do corpo funcionem plenamente. Santiago lembra do caso de Garrincha, dono de um talento inegável, mas pouco consciente do que precisava ser feito fora de campo. “Garrincha era extremamente habilidoso, tinha até uma dificuldade física, mas seu estilo de vida, o quanto ele se preparava para ser atleta, todos sabem dos problemas com álcool, que ele não dormia bem”, disse.

Quando veem um esportista como Brady, Federer ou Nadal sustentando as boas performances mesmo após “velhos”, pessoas comuns podem encontrar inspiração para se exercitarem e levarem uma vida mais ativa e saudável. “O esporte sempre foi usado como exemplo de estilo de vida. E as pessoas funcionam como espelho”, diz Fernando Torres, Diretor Geral do CEFIT.

Federer e Nadal sofrem com lesões, mas esperam voltar à ativa em 2022. Foto: David W Cerny/Reuters

“Sempre que alguém é campeão, as pessoas vão querer saber como aquele atleta treina, o que ele faz e deixa de fazer. Mas não existe receita de bolo. Existe, na área esportiva, o princípio da individualidade. Eu posso dar o mesmo treino para duas pessoas, e mesmo que elas sejam totalmente semelhantes fisicamente, elas vão responder de maneira diferente”, explica.

É por esse mesmo motivo que o professor Santiago alerta que saber seus próprios limites e entender que um atleta de alto rendimento é exceção, não a regra, é importante para evitar problemas no futuro. 

“Não adianta uma pessoa em idade avançada achar que dá para fazer igual o Federer. Ele se preparou durante toda a carreira e traçou estratégias para continuar jogando nessa idade. Atleta é um ser que vive para o esporte, pessoas comuns fazem atividade física para saúde, questões psíquicas ou de bem-estar e convivência social”, define.

Modelo a ser seguido

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Lebron James, astro do Los Angeles Lakers, da NBA, é mais um atleta constantemente usado como exemplo de longevidade no esporte. Aos 36 anos, o jogador acumula inúmeras conquistas individuais e coletivas na carreira. Além dos quatro títulos na melhor liga de basquete do mundo, James foi eleito o melhor jogador da temporada regular e das finais em quatro oportunidades. 

Fora das quadras, ele se destaca pela capacidade de cuidar do corpo e da mente. Todo ano, o medalhista de ouro nas Olimpíadas de Pequim-2008 e Londres-2012 desembolsa cerca de US$ 1,5 milhão (R$ 8,33 milhões na cotação atual) em tratamentos como a crioterapia, uma câmara de nitrogênio que pode alcançar os -150ºC e serve para recuperar os músculos. 

Lebron James segue como o jogador mais bem pago da NBA pelo oitavo ano consecutivo Foto: Christian Petersen/AFP

Assim como outros grandes atletas, ele também valoriza o período de descanso. No final de 2019, James se juntou ao aplicativo Calm, serviço de meditação que ajuda a combater problemas de concentração e ansiedade, para uma campanha de marketing. O ala dos Lakers já disse que recorre aos ‘barulhos de chuva’ disponíveis no aplicativo e uma temperatura adequada em seu quarto (20°C a 21°C) para garantir de oito a dez horas seguidas de sono.

Quanto à alimentação, o jogador parece variar muito seus hábitos. Mas, no geral, é possível dizer que sua dieta é baseada em proteínas, frutas e vegetais. Os carboidratos não são prioridade, exceto em momentos que precisa de energia, como antes de um jogo. Em 2014, após conquistar o segundo anel com o Miami Heat e se casar com sua mulher, Savannah, James teria relaxado e ganhado alguns quilos. 

A solução para voltar à boa forma foi adotar uma dieta restrita apenas a carne vermelha, peixe, vegetais e frutas por exatos 67 dias. Quando não está em uma missão especial para perder peso, James come ocasionalmente cookies de chocolate e bebe uma taça de vinho no jantar. Os famosos tacos também não ficam de fora da lista do astro, que conta com chefes pessoais trabalhando em sua cozinha. 

Mudança de mentalidade

Aos 47 anos, Zé Roberto pode dizer que teve uma carreira extremamente vencedora. A trajetória de sucesso que construiu na Alemanha, seleção brasileira e Palmeiras, onde pendurou as chuteiras aos 43, só não é mais lembrada do que a forma física privilegiada. Porém, quando se transferiu para a Europa em 1997, a situação era diferente. Na única temporada que passou no Real Madrid, ele percebeu que deveria cuidar melhor de seu corpo. “Joguei em um dos maiores clubes do mundo com jogadores que já tinham essa mentalidade, e isso me despertou em todos os sentidos. Porque quando eu saí do Brasil, saí um jogador de futebol e quando eu cheguei lá, me transformei em um atleta”, disse.

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Depois de entender que o corpo era seu instrumento de trabalho, Zé Roberto viu que alguns companheiros de Real Madrid eram exemplos claros de profissionalismo. “Minha cabeça era comer McDonald’s, tomar Coca-Cola, churrasco quase todos os dias. Quando eu chego lá, eu vejo que o cardápio no CT era totalmente diferente. Eu via o Fernando Hierro, com 30 e poucos anos, voando nos treinos, nos jogos. Eu olhava para o Fernando Redondo, titular da seleção argentina. Eu preciso ter essas referências, eu preciso mudar minha mente se eu quiser performar”, relembra o ex-jogador.

Atualmente mentor de alta performance, ele explicou a diferença entre a preparação no Brasil e na Europa, pelo menos na época que jogava. Enquanto, por aqui, os companheiros preferiam usar as férias para beber e ‘ficar na curtição’, o preparador do Bayern de Munique, clube no qual atuou por seis anos, já passava um plano de treinamento antes mesmo da pré-temporada.

Toda essa dedicação fez com que Zé Roberto fosse destaque mesmo após completar 40 anos e ganhasse o apelido carinhoso de 'Vovô Garoto'. “Para mim, foi até uma carreira surpreendente, porque no fim, fui o melhor da minha posição, ganhando Bola de Prata, Campeonato Paulista, Brasileiro, sendo capitão”, disse.

Como já mencionado, a genética influencia diretamente no sucesso dos grandes atletas. Com Zé Roberto, não foi diferente. “Meu pai foi lutador de boxe, ainda que amador. Me lembro de quando pequeno, minha mãe guardava várias matérias de jornal do meu pai lutando, ele colecionou algumas medalhas”, relembra. O esporte segue correndo na veia da família, já que seu sobrinho, Lucas, é atleta de MMA e está invicto na modalidade. 

​A carreira começa aos 40

Comida caseira, yoga, pilates, oito horas de sono e treinos personalizados fazem parte da receita das jogadoras de vôlei que se mantêm em alto nível mesmo depois dos 40 anos de idade. As centrais Carol Gattaz, de 40 anos, do Minas Tênis Clube, Walewska, que defende o Dentil Praia Clube aos 42 anos, e Valeskinha, que completou 45 anos e atua pelo Curitiba Vôlei, afirmam que a longevidade é resultado dos cuidados que tomaram ao longo da carreira. As três disputam os torneios estaduais e se preparam para a Superliga, que começa no final do mês.

Campeã olímpica em Pequim-2008 e medalhista de prata da Copa do Mundo, em 2003, Valeskinha afirma que manteve os bons hábitos ao longo da carreira. Aos 45 anos, a central já anunciou que vai se despedir no fim da temporada.

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Carol Gattaz disputou sua primeira Olimpíada em Tóquio, aos 40 anos. Foto: Wander Roberto / Inovafoto / CBV

“Os hábitos são os mesmos de quando eu era mais nova. Eu estou colhendo agora o que plantei naquela época. Tive profissionais competentes ao longo da estrada. Cada um me ensinou algumas coisas. E isso trago até hoje”, diz a jogadora.

O planejamento de longo prazo foi a mesma estratégia utilizada por Walewska para chegar bem aos 42 anos. A jogadora do Dentil Praia Clube afirma que a longevidade de um atleta de alto rendimento é uma construção de tempo e dedicação. “Desde muito nova tentei entender o que seria necessário para me tornar uma grande atleta. Fui entendendo como meu corpo reagia aos estímulos. E criei uma conduta que sigo até hoje”, afirma a atleta, que destaca a importância da alimentação. “Minha alimentação é super saudável e produzida em casa, Fazemos tudo muito caseiro e natural”, completa.

Walewska, de 42 anos, atua peloDentil Praia Clube. Foto: Divulgação/Dentil Praia Clube

Medalhista olímpica mais velha entre as mulheres na história do esporte brasileiro com a prata nos Jogos de Tóquio, Carol Gattaz afirma que seu desempenho físico e técnico vem melhorando com o passar dos anos. “É uma rotina de esportista mesmo. Venho melhorando a alimentação. Coloquei um 'plus' na ioga e os alongamentos. Além das oito horas de sono, procuro descansar à tarde. A recuperação é importante”, diz a pentacampeã do Grand Prix e bicampeã da Copa dos Campeões.

Para o bem-estar emocional, as estratégias também são parecidas. Carol e Walewska revelam a prática da ioga. Valeskinha vive um desafio duplo do ponto de vista psicológico. A central está atuando como gestora do clube, que está com dificuldades para conseguir patrocinadores, e como jogadora. “Quando começarem os jogos, eu serei jogadora. Não dá para dividir. A gente tem de ser 100% uma coisa ou outra. Entrará outra pessoa nessa função”, diz a atleta medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

As três são unânimes ao afirmar que o acompanhamento individualizado dos clubes têm sido fundamental para chegarem tão longe. Alexandre Marinho, preparador físico do Minas Tênis Clube, diz que os conceitos de Eficiência e Individualização ganharam espaço nos últimos anos. Com isso, os planos de treinamento para determinado atleta são traçados antes mesmo de a temporada começar.

Membro da comissão técnica nas últimas seis temporadas, ele afirma que o monitoramento é tão detalhado que os movimentos podem indicar como Carol está se sentindo no treino ou jogo. “Monitoramos esforço e recuperação, sono, bem-estar, força e potência, dor, composição corporal, parâmetros de saltos, além de análise de cada gesto no treinamento. Cada salto e aterrissagem já me dão sinais motores de como ela está naquela sessão”, diz o especialista.

Gattaz é a medalhista olímpica mais velha da história dos Jogos. Foto: Wander Roberto / Inovafoto / CBV

Os preparadores reconhecem que os treinos são ajustados para cada faixa etária, principalmente acima dos 40 anos. “Normalmente o volume do treinamento técnico é reduzido, dando mais espaço para o treinamento físico. Exercícios preventivos, mobilidade, flexibilidade, muito treino de força , além dos métodos de recuperação passam a ocupar um tempo maior na rotina deste atleta”, diz Alexandre.

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Renato Fonseca, preparador físico do Dentil Praia Clube, acha importante a integração entre áreas da preparação física, área médica e comissão técnica para controlar cargas de treino das atletas. “A integração das áreas de treinamento, a dedicação e o entendimento dos processos por parte dos atletas, também em relação à importância da recuperação e dos seus hábitos, fazem com que ele consiga ter uma carreira mais saudável e mais longa”, opina.

Para Walewska, a preocupação preventiva em relação às lesões tem dado certo. "Quanto antes os atletas identificarem os cuidados necessários, maior será a chance de terem vida longa e sem grandes lesões . A prevenção é o remédio mais poderoso dos atletas, mas ela requer paciência e dedicação”, recomenda.