Como é preciso competir com equipes mistas, dos 200 participantes da EMA, Expedição Mata Atlântica, cerca de 50 são mulheres. São elas que ditam o ritmo da prova e têm papel fundamental no resultado. "A equipe anda bem quando a mulher anda bem", diz Bárbara Oliveira Bonfim, de19 anos, da equipe Oskalunga. Para Marina Verdini, de 26 anos, da equipe Lontra Radical, as mulheres não se interessam por corridas de aventura por preconceito. "Não se acham capazes de ficar no mato, sem tomar banho todos os dias." Fabiana Mello, de 26 anos, do grupoitatiaia.com, arrumou as malas quatro horas antes do vôo para Santarém. A atleta que correria ao lado dos tenentes Robson Góes e Valdir Pavão e do capitão Walmir Correa Leite, do Corpo de Bombeiros, desistiu na última hora. "Mulher se abala menos psicologicamente, mas tem de esquecer o medo, o mato, o bicho, a unha..." Ariane Malohlava, de 36 anos, acha que o gosto pela aventura tem de estar no sangue. "Meu avô era desbravador e meu pai escalava a Serra do Mar sem equipamento de segurança." Define-se como "durona e resistente", mas, às vezes, chora na trilha. Para ela, corrida de aventura é um "estilo de vida". "Mulher é mais cuidadosa; homem, mais vagabundo. O problema do homem é a mãe, que sempre mima muito." A Atenah é a única equipe brasileira com maioria feminina. O segredo de Karina Bacha, Eleonora Audrá, Sílvia Guimarães e Joseph Escobar é a amizade. "As mulheres são mais determinadas, dosam o ritmo e quase sempre terminam as provas mais inteiras que os homens", diz Eleonora. "O problema é a força física. Carregar o barco, por exemplo, é coisa de homem, mas temos de fazer."
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