Taylor Swift e NFL: como cantora impacta no aumento do teto salarial das franquias

Em 2024, equipes poderão gastar até R$ 1,26 bilhão com o salário de seus atletas; artista, que namora o tight end Travis Kelce, foi a 13 jogos nesta temporada

PUBLICIDADE

Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

A temporada de 2024/2025 da National Football League (NFL), liga de futebol americano dos Estados Unidos, terá um ‘bônus’ às 32 franquias: o maior teto salarial já registrado em um ano, com aumento de mais de US$ 30 milhões (R$ 148 milhões) em relação à última temporada – que culminou no título do Kansas City Chiefs, em fevereiro, no Super Bowl LVIII. O cálculo desse valor parte do acumulado pela liga ao longo do último ano, com os ganhos financeiros na mídia. Um dos principais, em 2023 e início de 2024, foi o ‘Efeito Taylor Swift’.

PUBLICIDADE

A cantora americana é a segunda mais ouvida mundialmente, de acordo com dados da plataforma Spotify (105,2 milhões de ouvintes mensais), e também é namorada de Travis Kelce, tight end do Kansas City Chiefs, atual campeão da NFL. Desde que passaram a ser vistos publicamente, a artista trouxe consigo um enorme retorno financeiro para a liga. Segundo o Apex Marketing Group, valores equivalentes a US$ 331,5 milhões de dólares (cerca de R$ 1,64 bilhão) para as marcas dos Chiefs e da NFL. Essa estatística não engloba os números obtidos durante e após o Super Bowl.

O cálculo da empresa foi feito a partir de menções ao nome da cantora em mídias impressas e digitais, TV e mídias sociais. A cada partida em que esteve presente (13 ao longo da temporada), Taylor apareceu durante cerca de 25 segundos da transmissão oficial. A NFL também se utilizou da imagem da cantora em seus veículos: após o Super Bowl, publicou um vídeo de melhores momentos da artista no evento, que já conta com mais de 2 milhões de visualizações.

Taylor Swift e Travis Kelce estão juntos desde 2023. Foto: John Locher/ AP

Todos esses ganhos entram em consideração para o teto salarial da liga. Em vigor há três décadas, é calculado a partir de uma parcela dos ganhos obtidos no último ano fiscal, dividido por 32 (número de franquias na liga). Para 2024, cada uma das equipe poderá gastar até US$ 255,4 milhões (R$ 1,26 bilhão) com salários entre seus jogadores, não sendo possível exceder esse valor. Além do maior teto salarial desde que a ferramenta foi instituída em 1994, é o maior crescimento nominal entre duas temporadas – cerca de US$ 30 milhões superior à marca de US$ 224,8 milhões em 2023.

De acordo com a NFL, dois fatores impulsionaram a marca, revelada nesta sexta-feira, 23: a recuperação financeira após a pandemia da Covid-19 (de 2020 para 2021, houve uma queda de US$ 16 milhões no teto) e um “aumento extraordinário” nas receitas de 2024 – em que se enquadra o impacto de Taylor Swift desde que ‘entrou’ no esporte.

“O aumento sem precedentes de 30 milhões de dólares por clube no teto salarial deste ano é o resultado do reembolso integral de todos os valores adiantados pelos clubes e diferidos pelos jogadores durante a pandemia de Covid, bem como de um aumento extraordinário nas receitas de mídia para a temporada de 2024″, afirmou a NFL em comunicado.

Roger Goodell, comissário da liga, conversou com Taylor Swift antes do Super Bowl LVIII, disputado no Allegiant Stadium, em Las Vegas, Nevada. Ao longo da última temporada, a cantora esteve presente em 13 das 21 partidas do Kansas City Chiefs – incluindo a final da liga. Goodell exaltou, em diversas oportunidades, o impacto da artista no esporte.

Publicidade

Taylor Swift trouxe retorno financeiro milionário à NFL. Foto: Ed Zurga/ AP

“Acho ótimo tê-la (Taylor Swift) como parte disso. Isso cria um burburinho, cria outro grupo de jovens fãs, especialmente mulheres jovens, que estão interessadas em ver. ‘Por que ela está indo para este jogo? Por que ela está interessada neste jogo?’”, disse Roger Goodell em entrevista coletiva antes do Super Bowl LVIII, entre Chiefs e San Francisco 49ers. “Ter o ‘Efeito Taylor Swift’ é positivo. Tanto Travis quanto Taylor são jovens maravilhosos e parecem muito felizes. Ela sabe muito sobre entretenimento e é por isso que adora o futebol americano da NFL.”

A primeira vez que Taylor esteve em um jogo dos Chiefs foi em setembro, na vitória da equipe de Travis Kelce sobre o Chicago Bears, por 41 a 10. O site TickPick registrou um aumento de 40% no preço das entradas para o jogo seguinte dos Chiefs, após os rumores de que Taylor Swift compareceria. Os valores subiram de US$ 83 (R$ 414,69 na cotação atual) para US$ 119 (R$ 594,56). A página teve o maior número de ingressos vendidos para um jogo do Chiefs em um único dia.

Os rumores de um relacionamento entre o tight-end dos Chiefs e a cantora pop já circulavam nas redes sociais. Após o jogo contra os Bears, em que Kelce anotou um dos touchdowns da vitória da franquia do Missouri, a venda de camisas do atleta atingiu nível recorde. De acordo com a varejista Fanatics, o uniforme 87 dos Chiefs – número do jogador – disparou em quase 400% após o confronto.

No Brasil, o fenômeno é semelhante. Estima-se que a presença de Taylor no Brasil, com sua série de shows, movimentou de 300 a 400 milhões de reais na economia do país, incluindo o turismo. Somente nos Estados Unidos, sua turnê teria movimentado mais de 4 bilhões de dólares.

“As audiências históricas do evento no Brasil mostram que o número de reais interessados, tanto pelo esporte quanto pelo seu jogo final da temporada é muito menor do que esse, mas o relevante é que ambos os números crescem, e a taxas cada vez maiores, alavancados por elementos externos às equipes, como é hoje Taylor Swift”, analisa Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana comandada pelo cantor Jay-Z.

Taylor Swift não é a única responsável

A “marca histórica” do teto salarial não foi obtida, apenas, pela chegada de Taylor Swift à liga. Além dela, os contratos de patrocínios e transmissões da NFL foi o que mais somaram montantes e impactaram diretamente no aumento do teto salarial e das receitas.

Ao longo da próxima década, por exemplo, a Amazon comprou os direitos de transmissão da NFL no Thursday Night Football, partidas às quintas-feiras em cada rodada, por US$ 1 bilhão (R$ 4,96 bilhões) ao ano. O mesmo acontece com o YouTube, que garantiu por sete anos e por US$ 14 bilhões (R$ 70 bilhões) pacote de transmissão de jogos aos domingos nos EUA.

Publicidade

Recorde de audiência no Super Bowl

O jogo mais longo do Super Bowl (a grande final da NFL) também foi considerado o programa mais assistido da história da televisão dos Estados Unidos. De acordo com Nielsen e Adobe Analytics, a vitória do Kansas City Chiefs por 25 a 22 a 0s3 do fim da prorrogação sobre o San Francisco 49ers na noite de domingo, dia 11, em Las Vegas, teve uma média de 123,4 milhões de telespectadores em plataformas de televisão e streaming. A partida ainda contou com a performance de Usher no show de intervalo.

Isso quebrou a marca do ano passado de 115,1 milhões na vitória de Kansas City na última jogada sobre o Philadelphia Eagles e representa um aumento de 7%. O evento só perde no país para o pouso do homem na Lua em 1969, na missão Apolo 11, cuja audiência na TV foi estimada em 125 milhões de pessoas. Mas ainda está muito atrás de uma final de Copa do Mundo, como na edição do Catar, em 2022, entre França, de Mbappé, e Argentina, de Messi, que teve 1,5 bilhão de televisores ligados no mundo.

NFL no Brasil

Em setembro deste ano, o Brasil e a Neo Química Arena irão receber uma partida de futebol americano. O País venceu a concorrência com Espanha para sediar um jogo já em setembro do próximo ano – o país europeu não foi descartado dos planos da liga a partir de 2025. É a primeira vez que um país do hemisfério sul recebe uma partida da liga. A partida terá o Philadelphia Eagles como mandante e ocorrerá na primeira semana da temporada regular.

Membros da NFL fizeram visitas ao Allianz Parque (Palmeiras), Morumbi (São Paulo) e Neo Química Arena (Corinthians) ao longo deste ano para entender se os estádios de futebol se encaixavam nas necessidades da liga para sediar o evento. O Rio também se apresentou como uma eventual sede, mas perdeu força na disputa com São Paulo. A proximidade do estádio com a estação de metrô Corinthians-Itaquera, além da infraestrutura do local, fez com que a liga escolhesse o local. Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, esteve presente em Dallas, Texas, para o anúncio oficial.

NFL escolhe Neo Química Arena e Brasil irá receber partida da temporada regular na próxima temporada. Foto: Divulgação/ NFL

“Tenho certeza de que a NFL acertou por escolher a cidade de São Paulo. Somos o terceiro maior país em fãs do futebol americano e temos 38 milhões de fãs. Após esse jogo, devemos passar o México e se tornar a segunda nação com o maior número de fãs de futebol americano”, disse Nunes, em entrevista coletiva durante o anúncio. “Temos um público que irá lotar o estádio para se tornar um grande sucesso.” Há dois anos a NFL já estudava e cogitava São Paulo para receber a partida. A prefeitura garantiu os investimentos necessários para trazer o jogo para o País.

“Levar a NFL para novos continentes, países e cidades ao redor do mundo é um elemento importante do nosso plano para seguir crescendo o esporte globalmente”, disse Roger Goodell, Comissário da NFL. “O Brasil se estabeleceu como um mercado-chave para a NFL, e estamos animados para jogar no país pela primeira vez.”

“A NFL tem tido um crescimento bem constante no mercado brasileiro. Lá no início eram dois jogos transmitidos pela ESPN, hoje chegam a transmitir 8 jogos por semana. Além disso o fato de uma emissora aberta - RedeTV! - apostando nas transmissões ratifica essa popularização. Para a NFL ter seu produto sendo consumido cada vez mais em um mercardo estartégico como o brasileiro é importante demais. A importância de nosso mercado para a liga norteamericana fica evidente com a confirmação do primeiro jogo em solo brasileiro”, reforça Bruno Romeiro, sponsorship manager da agência de marketing esportivo Absolut Sport, empresa que acompanhou e participou dessa expansão ao longo dos anos, sendo por três anos a agência oficial da NFL para levar estrangeiros para o Super Bowl.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.