A NFL deve desembarcar no Brasil em 2024. Com um mercado crescente no País, o futebol americano quer angariar mais fãs. A previsão é de que um jogo do Miami Dolphins, na primeira semana da temporada regular, aconteça em São Paulo, na Neo Química Arena, a casa do Corinthians, conforme contou o Estadão no mês passado.
A Neo Química Arena venceu a concorrência com os estádios dos rivais do Corinthians: o Allianz Parque, do Palmeiras, e o Morumbi, do São Paulo. Ainda não há detalhes sobre datas exatas do jogo. A informação sobre a escolha da casa corintiana foi dada primeiramente pela Itatiaia, enquanto a ESPN aponta a possível realização da partida em setembro de 2024.
A NFL tem explorado mercados europeus, levando partidas oficiais nos últimos anos para outros países. Em outubro de 2023, foram realizados jogos em Londres. Em novembro, houve duelos em Frankfurt, na Alemanha.
Além do Brasil, a Espanha também é um país analisado pela NFL para expandir sua penetração em 2024. Madri, com dois grandes estádios (Santiago Bernabéu e Metropolitano), está no radar. Uma dúvida que ainda resiste se dá sobre qual dos dois países terá prioridade para receber a liga.
Uma prova de que o Brasil consome o futebol americano é o fato de que a conta da NFL Brasil nas redes sociais foi a primeira entre todas do cenário internacional da liga, fora dos EUA, a alcançar a marca de 1 milhão de seguidores. De acordo com dados do Ibope Recupom, da última pesquisa divulgada em fevereiro de 2023, o Brasil tem 35,4 milhões de fãs de futebol americano. Há dez anos, esse número era de 3 milhões.
“Em suas investidas para aumentar a base de fãs fora do território americano, a NFL têm feito um trabalho de mídias sociais, parcerias de transmissão com canais de televisão como a RedeTV, canal aberto que se somou a ESPN na penúltima edição, eventos de experiência como o tour do troféu e NFL in Brasa e agora, a exemplo do que já faz em outros países como Reino Unido e México, estuda a viabilidade de trazer seu produto ao vivo para o país, sua cartada mais ousada e de valor alto”, analisa Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
“É muito interessante essa possibilidade, pois são milhares de fãs aqui do Brasil que sonham ver de perto, sem ter condição de ir até os Estados Unidos. Nosso país tem várias arenas que conseguem trazer um produto deste nível de entretenimento, e vale lembrar que somos o terceiro maior público consumidor de NFL no mundo; isto foi devidamente mapeado e não é a toa que existe esta possibilidade”, aponta Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.
Do universo do levantamento, que representa 110,5 milhões de internautas brasileiros com 18 anos ou mais, 32% se declararam interessados ou muito interessados pela modalidade. Ainda de acordo com a pesquisa, 51% desse público é do sexo masculino, sendo 61% entre 18 e 39 anos. No último Super Bowl, realizado em fevereiro, a audiência do jogo entre Kansas City Chiefs e Philadelphia Eagles foi de 2,5 milhões de pessoas, uma variação positiva de 19% em relação à final de 2022.
“A expansão da audiência da liga, com o passar do tempo, se converte em mais receitas para ela e, posteriormente, para seus atletas. Vivemos uma era em que se compete pela atenção, tempo e dinheiro dos consumidores. O que vão assistir? Transmitido de onde? A realização do jogo no Brasil não vai atingir ou fidelizar apenas os que estarão no estádio, mas já com semanas de antecedência vai ‘viralizar’ em redes sociais e ocupar espaço no noticiário esportivo, fazendo com que a liga seja comentada e que busquem informações sobre ela como nunca foi feito”, analisa Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento americana comandada pelo rapper Jay-Z.
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