O Rei pé-quente desta vez não teve sorte em sua casa

O maior jogador da história foi embora da Vila antes do final do clássico

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Por SANTOS
Atualização:

Pelé cancelou uma viagem de negócios para o México, agendado havia meses, para ir ontem à Vila Belmiro e assistir, de seu camarote, ao primeiro jogo da decisão do Paulista. Tradicionalmente, o maior craque da história do futebol é um pé-quente para o Santos. "Fiquei quase 18 anos sem perder aqui e agora fazia três anos que o time não perdia quando eu vinha", contou o Rei. Mas ontem a sorte não estava do lado santista. "Não deu para ver, mas parece que o Fábio Costa escorregou no primeiro gol", comentou Pelé, ao referir-se ao primeiro momento de dificuldade de sua equipe, na cobrança de falta de Chicão. "É complicado. Quando um time que vem jogando pelo empate faz dois (gols), joga mais tranquilo. Futebol é isso, o Santos estava bem, mas foram duas bolas no gol, e eles fizeram." O Rei ainda lamentou que a sorte também tenha abandonado o artilheiro Kléber Pereira. "Desperdiçamos várias chances de gol", afirmou, ainda no intervalo. "Quando temos um grande goleador como o Kléber Pereira, esperamos que vá colocar a bola na rede. Ele não costuma perder essas chances. Mas não deu certo, fazer o quê?", lamentou, conformado. TORCEDOR SOFRE Faltou espaço para tanta gente. Os 18 mil ingressos vendidos para o primeiro jogo da final pareciam pouca coisa - o borderô oficial apontou 17.259 pagantes. Mas o Urbano Caldeira estava completamente cheio. Centenas de torcedores acabaram ficando do lado de fora do estádio. Sem contar que dezenas de profissionais de imprensa - muito mais do que a capacidade da Vila suporta - se amontoaram do jeito que puderam para trabalhar. Havia até emissoras do Rio Grande do Sul, onde o torneio estadual já acabou, transmitindo o confronto alvinegro. Antes do clássico, os cambistas vendiam ingressos no entorno do estádio por R$ 150, preços ainda mais exorbitantes do que os oficiais (R$ 80 a arquibancada), três dias antes. Quem teve menos trabalho foram os associados do Santos, que ainda conseguiam comprar bilhetes por R$ 40 até ontem. Mas na hora do confronto já não dava mais para encontrar entradas. Ao contrário da tradição de jogos no estádio, os corintianos entraram antes - e saíram depois - para evitar confusões. Foram vendidos 1.259 ingressos para a torcida do Corinthians e 450 policiais trabalharam na segurança da partida, 100 a mais do que no duelo contra o Palmeiras, pela semifinal do Paulista, duas semanas atrás. Não foram registrados problemas graves, apenas as costumeiras provocações e algumas brigas. O zagueiro Domingos, suspenso pela expulsão em confusão com Diego Souza no jogo do Palestra Itália, também esteve na Vila. Dentinho, suspenso, e os jogadores corintianos que não ficaram no banco assistiram à partida de um camarote reservado aos dirigentes. Até o sistema de alto-falantes da Vila parecia contra o time da casa. Quando as "cheerleaders" do Santos entraram em campo, no intervalo, para fazer sua apresentação, foi ao ar refrão da torcida corintiana: "Aqui tem um bando de loucos..." A torcida visitante fez a festa, enquanto os donos da casa se olhavam surpresos.

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