O tempo é inexorável. E com Mike Tyson não foi diferente. Seu instinto ‘matador’ permanece o mesmo, mas suas pernas e braços não respondem aos comandos do cérebro.
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O silêncio na AT&T Arena, em Arlington, após o anúncio da vitória de Jake Paul demonstrou a frustração de 80 mil pessoas que tinham a certeza de que veriam o Mike Tyson de 1988, o “Rei do Boxe”, em ação. Como se o mais jovem campeão mundial dos pesos pesados ainda estivesse na ativa.
Não é o momento de se criticar a postura de Tyson, que perdeu para um ‘youtuber’. Seria uma vergonha se ele estivesse em ação sem ter a carreira interrompida.
Tyson não subia no ringue há 19 anos. Neste período, chegou a pesar 160 quilos, pensou em se suicidar por causa morte da filha Exodus, de quatro anos, usou várias drogas e perdeu uma fortuna.
Depois, graças à mulher, Lakiha “Kiki” Spicer, Tyson se renovou, passou a participar de programas de TV, foi apresentador, ator, empresário e hoje tem uma vida equilibrada ao lado também dos filhos.
Depois de tudo isso, Tyson aceitou o desafio de voltar a lutar, deixando de lado problemas de saúde e limitações físicas, comuns aos ‘sessentões’.
Que pessoa teria coragem para se expor desta forma? Tyson sempre assumiu todos os seus erros e não foram poucos dentro e fora do ringue. Perdeu e não deu desculpas.
‘Mas ele envergonhou o boxe’, dirão os mais exaltados. Bobagem. Tyson foi o assunto das redes sociais na semana. O boxe foi falado no mundo todo, o tempo todo. O evento em Dallas foi sensacional, o maior do esporte no ano.
O boxe, que poderia ter sido o maior perdedor em caso de ‘marmelada’, sai como Rocky Balboa saiu em sua última luta. Vencedor em todos os sentidos. O tempo é inexorável para qualquer ser, mas não para o boxe.
Mike Tyson perdeu? E daí? Vai explicar para a minha cabeça que estamos em 2024 e meus amigos de infância não vão me ligar para irmos pra a rua repercutir o resultado até de madrugada como fizemos em 1990 na derrota para James Buster Douglas. Valeu, Tyson! Os amantes da nobre arte te louvam.
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