O.J. Simpson: lenda da NFL, ator em Hollywood e acusado de matar ex-mulher; veja quem foi

Ex-jogador de futebol americano morreu aos 76 anos, vítima de câncer, nos Estados Unidos

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Foto do author Leonardo Catto
Atualização:

O.J. Simpson foi um dos maiores jogadores na história de futebol americano. A vida do astro, morto nesta quarta-feira, dia 10, aos 76 anos, vítima de câncer, teve, contudo, outros enredos, como o julgamento pelo assassinato da ex-mulher Nicole Brown e a condenação a 33 anos de prisão por assalto à mão armada e sequestro.

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Orenthal James Simpson nasceu em San Francisco, na Califórnia. Segundo ele contou em uma entrevista ao programa Tonight Show, da emissora norte-americana NBC, o apelido de O.J. veio desde que era bebê e ele “descobriu” que se chamava “Orenthal” apenas no terceiro ano da escola, quando foi para uma nova professora leu seu nome.

Após passagens pelos níveis high school (equivalente ao Ensino Médio nos Estados Unidos) e universitário, O.J. foi draftado pelos Buffalo Bills em 1969, com grandes expectativas, frustradas nos primeiros anos. A consolidação se deu a partir de 1973, quando o running back quebrou recordes de jardas e foi eleito o melhor jogador da NFL. Nesta temporada, ele anotou mais de 2 mil jardas corridas, e os Bills tiveram o recorde de vitórias.

O.J. começou a carreira no Buffalo Bills, quebrou recordes e chegou a ser eleito MVP da NFL. Foto: Aquivo/AP

Antes de a temporada de 1978 começar, os Bills o trocaram com o San Francisco 49ers por uma vantagem nas escolhas do draft. Era a volta de O.J. à Califórnia. Foram duas temporadas na equipe até anunciar a aposentadoria em 1979. Na época, ele parou como o segundo jogador que mais conquistou jardas na NFL e jogou seis edições do Pro Bowl, partida que reúne as principais estrelas da liga. O.J. entrou para o Hall da Fama do futebol americano, com uma série de recordes quebrados.

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Vida no cinema começou ainda antes do futebol americano

Quando ainda jogava ao nível universitário, pela Universidade do Sul da Califórnia, o running back teve as primeiras experiências em atuação. Produtores o chamaram para atuar na série Medical Center, da emissora CBS, enquanto ele negociava o contrato com os Bills. Há relatos de que, para barganhar um salário mais alto, O.J. ameaçou desistir do futebol e dedicar-se à atuação.

Durante a carreira como atleta, Simpson apareceu em algumas produções. Um ano após ter sido MVP da NFL, ele percebeu que a vida no cinema e na televisão lhe agradava. “Eu não levava a sério até que eu estava em Oroville, na Califórnia, fazendo um filme chamado ‘Klansman’. Elizabeth Taylor estava lá, e nós estávamos conversando sobre comida e a conversa chegou a ‘chili’. E ela falou que o melhor chili do mundo era do Chasen’s. Todos concordaram. Alguém fez uma ligação e, em uma hora e meia, tínhamos um jatinho privado trazendo chilli do Chasen’s para Oroville. E eu disse: ‘eu gosto dessa vida’”, contou em entrevista ao Tonight Show, em 1979.

Além da atuação, Simpson foi comentarista da NBC em jogos da NFL nas noites de segunda-feira, o chamado Monday Night Football. O ex-jogador também participou de edições do programa de comédia Saturday Night Live. O maior sucesso foi a participação no filme Corra que a Polícia Vem Aí!, lançado em 1988, no qual ele interpreta um detetive.

Simpson jogou duas temporadas na NFL pelo San Francisco 49ers. Foto: Charles Kelly/AP

Acusado por homicídio, O.J. foi absolvido, mas ‘revelou’ participação no crime

Simpson foi casado com Nicole Brown entre 1985 e 1992, mas a relação já havia começado em 1978, quando O.J. ainda atuava no futebol americano. Na época do divórcio, Nicole tinha prestado queixas de violência doméstica contra o ex-marido. Dois anos depois, ele se tornou o principal suspeito do assassinato de Nicole e um amigo, Ron Goldman.

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O.J. chegou a desaparecer e foi considerado fugitivo. Ele protagonizou uma perseguição policial por 96 quilômetros, o que dividiu a atenção da televisão norte-americana, porque aconteceu ao mesmo tempo em que a abertura da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos e o quinto jogo das finais da NBA, entre New York Knicks e Houston Rockets. Após a busca, O.J. se entregou.

Simpson dirigiu um Ford Bronco por 96 quilômetros fugindo da polícia no dia da abertura da Copa do Mundo de 1994. Foto: Joseph R. Villarin/AP

O julgamento durou 11 meses, com grande mobilização midiática e da opinião pública. O.J. foi considerado inocente. Tanto o júri quanto o veredito levantaram debates sobre a questão racial nos Estados Unidos. Em 2007, ele lançou o livro If I Did It (Se eu tivesse feito, em português), no qual o texto narra como Simpson planejaria os assassinatos de Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman. A escrita não foi feita por ele, que teria recebido US$ 600 mil por entrevistas que basearam a obra.

Em 1997, um júri civil definiu uma indenização de US$ 33 milhões às famílias das vítimas a ser paga por O.J. A ação o considerou culpado por agressão aos dois e pela morte de Goldman. A família de Nicole não entrou com acusação pelo homicídio da mulher. Não se tem registro sobre o pagamento ter sido feito. O caso foi amplamente retratado em séries e filmes ficcionais

Outro crime levou O.J. à cadeia por nove anos

Após 13 anos dos homicídios pelos quais foi acusado, O.J. passou novamente por um julgamento. Desta vez, ele respondia por um assalto a hóspedes de um hotel-cassino em Las Vegas, em 2007. Foi no mesmo ano que o Estado da Califórnia o acusou de dever US$ 1,44 milhão em impostos.

Foram roubados itens esportivos das vítimas, que eram colecionadores. Simpson alegou que os objetos eram seus e teriam sido roubados dele anteriormente. Ele foi preso, mas pagou uma fiança de US$ 125 mil, a qual foi revogada por Simspon ter tido contato com outro réu do caso, o que havia sido proibido. Uma nova fiança foi arbitrada em US$ 250 mil, paga por O.J.

O.J. teve liberdade condicional concedida em 2017, após prisão por assalto e sequestro. Foto: Jason Bean/AP

Em 2008, porém, o tribunal o condenou a 33 anos de prisão por sequestro e assalto à mão armada. Em julho de 2017, ele teve liberdade condicional por bom comportamento. Depois, em outubro, após ter cumprido nove anos de cárcere, O.J. foi solto. Na época, a procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, escreveu uma carta para o Departamento de Correções do Estado, criticando a soltura. “Os habitantes da Flórida estão bem cientes dos antecedentes do Sr. Simpson, de seu desrespeito desenfreado pela vida dos outros e de sua atitude escarnecedora em relação aos atos hediondos pelos quais ele foi considerado civilmente responsável. Nosso estado não deveria se tornar um clube de campo para este criminoso condenado”, escreveu.

A informação da morte de O.J. Simpson foi confirmada pela família do ex-jogador de futebol americano nas redes sociais. “No dia 10 de abril, o nosso pai, Orenthal James Simpson, sucumbiu à sua batalha contra o câncer. Ele estava cercado por seus filhos e netos. Durante este período de transição, a família dele pede que você respeite seus desejos de privacidade e graça”, disse a postagem.

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