Imane Khelif, boxeadora vítima de ataques de gênero nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, garantiu neste sábado, 3, a primeira medalha da Argélia nos Jogos ao superar Anna Luca Hamori, da Hungria, nas quartas de final da categoria até 66 kg. Ela venceu por decisão unânime dos juízes. Agora, buscará uma vaga na final nesta terça-feira, 6, contra a tailandesa Janjaem Suwannapheng.
“É uma questão de dignidade e honra para todas as mulheres”, disse a boxeadora de 25 anos às câmeras da beIN Sports após a luta. “Todo o povo árabe me conhece há anos. Durante anos eu lutei boxe em competições internacionais, eles (a federação internacional) foram desonestos comigo. Mas eu tenho Deus.”
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Ao contrário de sua polêmica primeira luta, em que sua rival se retirou abruptamente e se recusou a cumprimentá-la, Khelif deu um breve abraço em Hamori antes de comemorar a vitória, sem conter as lágrimas, sob os aplausos de uma multidão de argelinos nas arquibancadas. Hamori recebeu algumas vaias ao entrar no ringue da Arena Norte de Paris após declarar que considerava injusto ter que enfrentar Khelif.
O presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, parabenizou a atleta: “Parabéns pela classificação, Imane Khelif. Você honrou a Argélia, as mulheres argelinas e o boxe argelino”, escreveu o chefe de Estado no X. Tebboune também desejou sorte a ela na luta pelas medalhas, especificando: “Estaremos com você, sejam quais forem os resultados”.
Relembre o caso
A participação de Khelif provocou uma grande agitação política e midiática. Ela centro no centro de uma polêmica depois que foram reprovadas em um teste de elegibilidade de gênero para o Mundial feminino de boxe disputado no ano passado.
A desclassificação de Khelif foi decidida pela Associação Internacional de Boxe (IBA), que o COI retirou da organização do torneio olímpico de Paris por falta de transparência. A polêmica explodiu na quinta-feira, quando a italiana Angela Carini, primeira adversária de Kheklif, abandonou a luta aos prantos após apenas 46 segundos de combate, no qual recebeu vários golpes fortes no rosto.
As imagens da luta rapidamente se espalharam nas redes sociais com figuras do esporte, como Martina Navratilova, e políticos, desde a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, até o ex-presidente americano Donald Trump criticando a autorização do COI para a participação de Khelif.
A boxeadora italiana Angela Carini pediu desculpas à lutadora argelina Imane Khelif após a repercussão da luta. “Toda essa controvérsia me deixa triste”, afirmou Carini ao jornal italiano Gazzetta dello Sport. “Eu também sinto muito pela minha oponente. Se o COI diz que ela pode lutar, eu respeito a decisão”.
A Associação Internacional de Boxe (IBA) anunciou que vai premiar a italiana como se ela tivesse conquistado a medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris. Apesar de ter abandonado a luta contra a argelina depois de apenas 45 segundos, Angela Carini vai receber 50 mil dólares (R$ 286,5 mil) de premiação da IBA. O presidente da entidade, Igor Kremlev, comunicou a decisão.
A italiana afirmou que abandonar a luta foi uma decisão madura que visava proteger sua integridade física, mas que ela se arrepende de não apertar a mão da oponente. “Não foi algo que eu queria ter feito”, afirmou a boxeadora. “Na realidade, gostaria de me desculpar com ela e com todos os outros. Eu fiquei com raiva porque minha Olimpíada foi para o saco”. / com informações da AFP
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