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Olimpíadas 2024: entenda a polêmica no boxe com vitória de atleta reprovada em teste de gênero

Presença da argelina Imane Khelif em Paris gerou revolta do governo italiano antes do início dos Jogos

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Atualização:

A luta entre a italiana Angela Carini e a argelina Imane Khelif, válida pela primeira rodada da categoria até 66kg do boxe feminino nas Olimpíadas de Paris, durou apenas 45 segundos.

Carini foi atingida por um golpe no rosto logo no início e se dirigiu ao corner para arrumar o capacete, mas abandonou a luta na sequência. A italiana revelou um problema anterior no nariz e descartou que a sua decisão tenha relação com a polêmica envolvendo a adversária.

Angela Carini abandonou a luta contra a argelina Imane Khelif Foto: John Locher/AP

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”Eu entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria ganhar. Recebi duas injeções no nariz e não estava conseguindo respirar. Isso me fez muito mal”, disse Carini.

Assim que o árbitro decretou a vitória de Imane Khelif, Angela Carini se recusou a cumprimentar a adversária e, ainda no ringue, não segurou as lágrimas.

A luta esteve envolvida em uma polêmica antes mesmo de ser iniciada. Isso porque Imane Khelif foi autorizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a participar dos Jogos Olímpicos mesmo depois de ter sido reprovada em testes de gênero.

No Mundial de Boxe do ano passado, realizado na Índia, Imane Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting - que também vai disputar as Olimpíadas - foram desclassificadas pela Associação Internacional de Boxe (IBA) após a realização de testes de DNA. O presidente da entidade, Igor Kremlev, disse que “elas tinham cromossomos XY”.

A IBA foi banida de organizar o torneio de boxe olímpico desde 2019 por falhas recorrentes em integridade e transparência na governança da associação, acusada de manipulação de resultados e corrupção. A modalidade correu o risco de deixar o programa, mas o COI fez uma força-tarefa para tomar frente da organização do boxe nos Jogos.

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A regras de elegibilidade do COI são consideradas menos rígidas do que as da IBA. Por isso, ambas atletas estão aptas a competir em Paris.

”Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra minha adversária. Eu tinha uma tarefa e tentei executá-la. Tudo o que aconteceu antes do jogo não teve absolutamente nenhuma influência”, garantiu Carini.

O governo italiano, através da Ministra da Família, Eugenia Roccella, classificou como “muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino”. No entanto, não há nenhuma comprovação de que as duas atletas em questão sejam trans.

”É muito preocupante saber que duas pessoas transgênero foram admitidas nas competições de boxe feminino, homens que se identificam como mulheres e que, em competições recentes, foram excluídas. É surpreendente que não existam critérios certos, rigorosos e uniformes, e que precisamente nos Jogos Olímpicos, que simbolizam a lealdade, possam haver suspeitas de uma competição desigual e até potencialmente arriscada”, afirmou Roccella.

A estreia da taiwanesa Lin Yu-ting na categoria até 57kg será nesta sexta-feira, 2, contra Sitora Turdibekova, do Usbequistão.

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