O Brasil chegou à final do torneio de futebol feminino das Olimpíadas de Paris com uma vitória de muita autoridade sobre a Espanha, atual campeã do mundo. Foi, de longe, o melhor jogo da seleção no torneio, resultado de uma evolução já observada na vitória por 1 a 0 sobre a França, rivais nunca antes vencidas pelas brasileiras.
O adversário do Brasil na final dos Jogos Olímpicos de Paris-2024 serão os Estados Unidos, que bateu a Alemanha por 1 a 0. A decisão acontece no sábado, 10, ao meio-dia.
Diante das espanholas, as comandadas de Arthur Elias elevaram o nível, o que pode ser comprovado pelos dados registrados pela empresa de dados esportivos Opta. Na partida desta terça-feira, a seleção do País criou seis chances claras, mais do que as quatro que havia somado em toda competição até então.
Não à toa, foi a primeira partida em que marcou mais de um gol e venceu por 4 a 2 no Stade Vélodrome, em Marselha, e retorna à decisão pelo ouro após 16 anos. Durante a fase de grupos, o time bateu a Nigéria por 1 a 0 e perder por 2 a 1 e 2 a 0 para Japão e Espanha, respectivamente, antes do triunfo por 1 a 0 sobre as anfitriãs francesas.
O Brasil chegou no mata-mata como azarão depois de fazer uma fase de grupos ruim, contando com a ajuda justamente dos EUA para se classificar como um dos dois melhores terceiros colocados.
Na partida desta terça-feira, a equipe conseguiu se impor taticamente. A efetividade foi a grande arma das brasileiras, que tiveram 36% de média geral de posse de bola. Grande contribuição também veio do setor defensivo, onde Lorena atuou com um verdadeiro “paredão” ao fazer oito defesas na partida. A goleira do Grêmio é um dos grandes destaques da campanha brasileira em Paris.
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O Brasil também mostrou um equilíbrio psicológico maior que o das adversárias, que se deixaram abalar pelo gol contra bizarro aos cinco minutos de jogo. A Espanha já vinha de um jogo dramático contra a Colômbia nas quartas de final, vencido apenas na disputa dos pênaltis após empate por 2 a 2 no tempo normal.
Sofrer um gol tão cedo diante das brasileiras foi um baque para uma equipe que já vinha oscilando bastante. Na imprensa espanhola, a treinadora Montserrat Tomé foi alvo de muitas críticas após a partida, especialmente por causa de suas escolhas na escalação. Deixar a estrela Putellas no banco foi um dos pontos criticados por jornalistas espanhóis, mesmo diante do fato de ela não esta 100% fisicamente.
“Que baile do Brasil!”, afirmou o Marca, que também destacou a marcação individual realizada pelo Brasil contra as atletas espanholas e a linha de pressão alta efetiva e bem organizada. “Cada contra-ataque da Canarinha era um drama para a defesa espanhola, que teve de sangrar para dominar uma área ingovernável”, escreveu o jornalista David Menayo.
O Brasil conseguiu a grande atuação mesmo com sérios desfalques. Além de Marta, suspensa por cartão vermelho, o Brasil foi para o duelo com a Espanha desfalcada da lateral-direita Antônia, com uma fratura na fíbula, e da lateral-esquerda Tamires, com ruptura ligamentar no tornozelo direito.
Variações táticas surpreenderam as rivais
O último gol do Brasil também veio de uma falha das espanholas, mas não foram apenas os erros adversários que definiram o triunfo expressivo. O que se viu em campo foi uma seleção brasileira muito bem organizada e produtiva no meio de campo, com variações táticas que surpreenderam as rivais. Méritos também para a pressão na saída de bola que forçou alguns dos tantos erros da Espanha. A qualidade do contra-ataque foi outro destaque da equipe comandada por Arthur Elias.
Esta é a terceira vez que o Brasil disputa uma final desde que o futebol feminino passou a fazer parte da programação olímpica e a briga pelo ouro terá clima de revanche. Em Atenas-2004, a seleção perdeu a decisão para os EUA, por 2 a 1, sofrendo gol na prorrogação.
Quatro anos depois, em Pequim-2008, as brasileiras venceram todos os seus jogos, mas perderam a partida derradeira, por 1 a 0, novamente pelo time americano. Os EUA ainda venceram o Brasil na final da Copa do Mundo de 2007.
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