Bernard Rajzman foi uma referência do país no vôlei, sendo vice-campeão olímpico em 1984, e atualmente é membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). Aos 62 anos, ele está acompanhando de perto o debate sobre a realização dos Jogos Olímpicos em Tóquio por causa do coronavírus. Para o dirigente brasileiro, o evento vai ocorrer de 24 de julho a 9 de agosto, como programado.
Existe preocupação com a realização dos Jogos de Tóquio?
Acho que tem muita fofoca e fake news. Tem muita gente que tem interesse em prejudicar. A gente tem de ser consciente. A situação é grave, mas na China os casos estão diminuindo e estão minimizando o problema. A posição do COI é de manter as datas conforme planejadas. Não tem motivo ainda para dizer que é um surto.
Você vê semelhanças com o que ocorreu no Brasil, antes dos Jogos do Rio, em 2016?
Faltavam alguns meses para a Olimpíada e o zika explodiu. Falaram que não teria Olimpíada, muita gente foi contra, inclusive lá fora, mas foi uma edição fantástica. Não tem ninguém mais preocupado com os atletas do que o Comitê Olímpico Internacional. Sou super otimista e tenho certeza de que a Olimpíada vai ocorrer na data prevista. Os atletas podem continuar treinando.
Como tem sido a discussão no COI?
Super tranquila. A gente é comunicado dos fatos o tempo inteiro. Teve essa reunião do Comitê Executivo, foram todos os membros, além do Comitê Organizador Tóquio-2020, Organização Mundial da Saúde, todo mundo.
A ministra Seiko Hashimoto falou que o COI tem o direito de cancelar os Jogos só se eles não ocorrerem em 2020. Existe essa possibilidade?
Ela está baseada no eventual crescimento da doença. Ela está sendo pessimista, nós somos otimistas. Tenho certeza de que vão encontrar uma solução. A preocupação é válida, mas não do jeito que está sendo feita. Tenho amigo que mora na Itália e diz que morrem pessoas de pneumonia todos dias.
Adiar a competição é uma possibilidade?
Não existe essa possibilidade. O COI está completamente em conformidade com o Comitê Organizador. A Olimpíada vai ser na época certinha. O Japão é talvez o país mais sério que eu conheço. Vão fazer uma Olimpíada espetacular, o povo sério, educado e solícito. Tenho acompanhado de perto isso tudo.
Entre os membros do COI, há dirigentes que defendem uma posição contrária à realização na data programada?
A gente não pode ser contra uma coisa que é boa. Não tem incidência crescente de casos, é desleal criar uma expectativa negativa. Na China está diminuindo, é um sinal de evolução no sentido de encontro da cura. A prevenção está sendo em larga escala e a gente está tratando de saúde, de humanidade. No meu caso, eu vou para o Japão no dia 17 de julho, chego dia 19 e teremos a sessão do COI antes da cerimônia de abertura.
Existe uma apreensão geral principalmente dos atletas, que se esforçam para estar no auge durante a disputa. Como tem sido esse contato com eles?
Todo mundo fica um pouco apreensivo. Mas temos de estimulá-los a treinar e continuar focados. Dia 21 vou para a Arábia Saudita, para os Jogos da Comunidade Árabe, e fui recentemente para a Coreia do Sul, para resolver problemas de relação entre as duas Coreias, do Norte e do Sul, e em Tóquio teremos equipes unificadas em alguns esportes. O mundo não pode parar, ainda mais com um problema que você sabe como acontece. O mundo é muito globalizado e já falaram que países tropicais vão ter impacto muito menor. Então é fundamental que os atletas se preparem. Eles não podem abrir mão, pois depois o vírus é superado e eles não estiveram centrados e focados.
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