Única mulher brasileira classificada na ginástica artística para os Jogos de Tóquio até o momento, Flavia Saraiva precisou se virar para manter o ritmo no período mais duro da pandemia, treinando dentro de casa, e agora torce para que suas companheiras consigam a vaga olímpica no Campeonato Pan-americano da modalidade, que será disputado no Rio entre 4 a 6 de junho. Com o passaporte carimbado, ela vem se dedicando a uma nova série no solo e espera poder encantar os juízes com sua apresentação no Japão.
Como foi para você esse período mais restritivo de pandemia?
Eu não vou mentir, sofri muito porque sou hiperativa e gosto de me movimentar. Então ficar o dia todo dentro de casa foi complicado e tive de aprender a conviver comigo. Mas acho que consegui sobreviver. Moro com meu irmão, minha mãe e meu pai e eles também tiveram de se adaptar à minha rotina. Muitas vezes ajudavam a arrastar os móveis para cá e para lá, me filmavam nos movimentos. Todo mundo participou.
Você ficou conhecido pelos ótimos resultados aos 15 anos, mas agora já está com 21. Como foram essas mudanças para você?
É engraçado falar isso. Acho que a principal mudança foi a experiência que adquiri nesse período. Participei de três Campeonato Mundiais, uma Olimpíada e diversas outras competições, mas ainda me vejo como a Flavinha da ginástica. É o meu jeitinho, gosto de ser alegre, para cima. Mas agora com 21 anos.
O que você espera dos Jogos de Tóquio
Vou em busca de uma final no individual geral e acho que quanto mais finais de aparelhos eu pegar, melhor. O que vier é lucro.
Espera ter a companhia de outras ginastas brasileiras em Tóquio?
Estou torcendo muito para que isso possa acontecer. O Pan, que pode dar a classificação, já está chegando e estamos treinando muito. Fazemos quase quatro horas de atividade pela manhã, mais duas ou três horas à tarde, em uma bolha com todos os atletas. Então quanto mais meninas puderem agregar na equipe olímpica será incrível. Somos amigas e eu vejo o quanto elas treinam e merecem.
Você está sempre nas redes sociais com a Rebeca Andrade e o Arthur Nory. Como tem sido esse convívio no treinamento com a seleção?
Eu convivo com eles todos os dias. Eu e a Rebeca somos melhores amigas, já até moramos juntas. Às vezes até brigam com a gente porque rimos muito nos treinos. Já o Nory eu encontro em estágios da seleção, gravamos vídeos para o Tik Tok, fazemos fotos, é um convívio de amigos.
Atualmente os atletas estão muito presentes nas redes sociais. É um passatempo seu?
Eu gosto bastante das redes sociais, posto algumas coisas, e também consigo ver o que ocorre com outros atletas e pessoas de outros países.
Por falar nisso, a Simone Biles acabou de fazer um movimento em um salto, o Yurchenko duplo carpado, até então inédito entre as mulheres. Ela é um fenômeno?
Sim, ela é incrível, é um talento que ninguém nunca tinha visto na vida. Cada coisa que a Simone Biles faz eu fico de boca aberta. E é importante mostrar que as mulheres conseguem fazer coisas surpreendentes. Sou super fã dela.
Se as últimas edições olímpicas foram de Michael Phelps e Usain Bolt, dois homens, os Jogos de Tóquio têm tudo para ter mulheres como protagonistas, como Simone Biles e Katie Ledecky. Como você vê isso?
Acho legal. As mulheres estão chegando para buscar o seu espaço com muito talento. É gratificante ver isso.
Em Tóquio você vai apresentar sua nova série no solo?
Sim, eu estou super animada, não vejo a hora de chegar a competição, pois treinamos cinco anos para esta Olimpíada. O desgaste mental foi muito grande e quero chegar bem. Quero surpreender na apresentação, mas vou manter segredo sobre os elementos. Só quem já viu nos treinos sabe como será (risos).
Como é seu processo de criação para as apresentações?
Eu converso muito com o nosso coreógrafo e para essa série no solo juntamos quatro músicas brasileiras, que ainda não mostrei para ninguém. Vou mostrar uma nova Flavia!
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